O Instituto de Zootecnia pesquisa a melhoria genética de três raças de ovinos - Santa Inês, Morada Nova e Dorper - para atender o crescente mercado de carne de ovelha em São Paulo. As raças brasileiras são rústicas e resistentes, enquanto a pesquisa busca aumentar seu ganho de peso. O instituto também estuda a fertilidade das fêmeas para aumentar a produção.
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Ovinos - IZ Diário Oficial 09/12/2015
1. Diário Oficial Poder Executivo - Seção IIII – São Paulo, 125 (228) quarta-feira, 9 de dezembro de 2015
Instituto de Zootecnia pesquisa
melhoria genética de ovinos
Raças selecionadas pela
unidade da instituição
de Nova Odessa foram
Santa Inês, Morada Nova e
Dorper; objetivo é atender
mercado crescente de
apreciadores dessa carne
rebanho nacional de ovinos (carnei-
ros) foi estimado no ano passado
em 17,60 milhões de cabeças, supe-
rior à marca de 2013 (17,30 milhões)
e à de 2012 (16,79 milhões), de acor-
do com números do Instituto Brasi-
leirodeGeografiaeEstatística(IBGE).
Esse número já chegou a quase 18
milhões em 1980, mas a crise da lã
nos anos 1990, com o excesso de
produção mundial e o surgimento da
fibra sintética, fez o rebanho nacio-
nal encolher, principalmente no Rio
Grande do Sul.
No Norte e Nordeste, o carnei-
ro sempre fez parte do cardápio das
pessoas, hábito que tem se espalhado
pelo País ano após ano. Para atender
a esse crescente mercado, a melhoria
das raças tem sido a alternativa.
O Instituto de Zootecnia (IZ) de
Nova Odessa, região de Campinas,
pesquisa a melhoria genética por
reprodução, cruzamentos ou nutri-
ção em três raças de ovinos: Santa
Inês, Morada Nova e Dorper. As duas
primeiras são do Nordeste e a outra,
sul-africana.
Resistentes – O veterinário
e pesquisador Ricardo Lopes Dias
da Costa informa que as raças nacio-
nais, embora não especializadas para
carne, têm muito a evoluir em ganho
de peso e a contribuir para a expan-
são do mercado desse tipo de carne
no Estado de São Paulo. “Durante
muitos anos, a ovinocultura foi de
subsistência, mas hoje há produtores
que se dedicam a rebanhos enormes
em todo o Brasil”, diz Costa.
As duas raças brasileiras são
rústicas e resistentes às doenças,
informa Costa. A Morada Nova,
ancestral da Santa Inês, há alguns
anos esteve perto da extinção, fato
que também estimulou o instituto
a trabalhar com a espécie. No entanto, os
estudos com a Santa Inês estão mais adian-
tados. “A fêmea é hoje a mais usada no País
como matriz para reprodutores de outras
raças”, pondera Costa.
Ele explica que geralmente o cordeiro
(filhote desmamado) está apto para o abate
por volta de 90 dias, pesando entre 15 qui-
los e 20 quilos, dependendo da região e das
raças. A Santa Inês, entretanto, pode pesar
menos no momento do abate. “Essa é uma
de nossas linhas de pesquisa, conseguir
maior ganho de peso para aumentar o lucro
do produtor e abastecer o crescente merca-
do do Estado de São Paulo.” Esta raça não
tem lã nem chifres e dá cria a cada ano,
geralmente com dois filhotes.
Fertilidade – Outra área de estudos
no IZ é a fertilidade das fêmeas. “Estamos
tentando chegar a três partos a cada dois
anos, com intervalos de oito meses”, diz o
pesquisador. O método de inseminação arti-
ficial em ovelhas não é muito indicado, por-
que o aparelho reprodutor às vezes impede a
chegada do sêmen ao ovário.
“Por isso, o método convencional é
muito utilizado em razão da quantidade de
esperma do macho, volume muito maior
que o da inseminação artificial”, expli-
ca. A pesquisa é chamada de Sistemas
Acelerados de Parição, que buscam identifi-
car com maior rapidez a prenhez da fêmea.
Para manter um bom plantel é neces-
sário o manejo eficiente dos animais em
campo aberto (pastos), com capins de qua-
lidade, como o tífton e o aruana.
Missão – Às vezes, os carneiros são
mantidos em criação intensiva em locais
fechados, comendo rações e produtos de
silagem (cana e outros grãos picados). Além
de ovinos, o IZ também pesquisa aves, suí-
nos e gado leiteiro em Nova Odessa e gado
de corte em Sertãozinho. “Nossa missão é
a melhoria genética de animais e plantas”,
professa Costa.
Na primeira semana deste mês, o IZ rea-
lizou sua segunda venda de ovinos do ano. A
primeira ocorreu em março. Costa conta que
separou109animaisdastrêsraçasestudadas,
e vendeu 91; e os demais serão negociados no
restante do mês. O plantel ficou pequeno,
porém, por pouco tempo. Ele assegura que
tem 20 fêmeas prenhes para parir em janeiro
e fevereiro e repovoar seus pastos e recintos
fechados. Antes da venda, o IZ mantinha 350
carneiros e ovelhas.
Outra linha de pesquisa de Costa é
a utilização de material descartado da
produção de noz-macadâmia. “Queremos
observar o ganho nutricional e de peso
com um tipo novo de alimentação”, diz.
Em um recinto automatizado, os cochos
de comida e bebedouros possuem sen-
sores que detectam o peso de cada ani-
mal, quantas vezes ele bebeu e comeu e a
quantidade de alimento ingerido.
Saudável – A carne dos ovinos tem
sabor diferente da carne do boi. Há quem
diga que ela é levemente adocicada. Em
geral, pode ser mais macia que a bovina,
mas depende do tempo de abate. Sabe-se,
porém, que a gordura do ovino pode se
acentuar mais se a carne esfriar rapidamen-
te, o que deixa a boca da pessoa pastosa,
enquanto come. “E os ácidos graxos presen-
tes são mais saudáveis que os da carne bovi-
na”, assegura o veterinário. A parte mais
apreciada do cordeiro é o lombo (costas),
também chamado de carré.
Para diferençar ovinos de caprinos
(cabras e cabritos), o pesquisador dá uma
dica. Embora a maioria das diferenças seja de
difícil visualização (comportamentais, inter-
nas, genéticas), a mais evidente é a cauda
para baixo nos carneiros e para cima nos
cabritos e cabras. Chifres e lã podem aparecer
em ambos os rebanhos, com predomínio em
um ou outro. O ovino é chamado de cordeiro
(filhote), borrego (intermediário) e carneiro
ou ovelha, quando adulto. Outras raças de
ovinos criados no Brasil para carne e lã são
texel (holandês), ile de france (francês),
sufolk (inglês) e merino (australiano).
Otávio Nunes
Imprensa Oficial – Conteúdo Editorial
O FOTOS:FERNANDESDIASPEREIRA
Carneiros da raça
Morada Nova mantidos
em criação intensiva
Além de brasileira, a raça Santa Inês é rústica e resistente a doenças, diz Costa
O IZ em Nova Odessa trabalha melhoria genética também da raça sul-africana Dorper
Mestiços Santa Inês com Dorper usado em pesquisa de nutrição com resíduos de noz-macadâmia
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quarta-feira, 9 de dezembro de 2015 às 01:50:51.