No dia 5 de janeiro de 2016, o jornal Diário Oficial publicou uma matéria sobre a Aquaponia com informações dos pesquisadores da APTA, Fábio Sussel e Fernando Salles.
Nematoides são responsaveis por perdas de até 30% dos canaviais
Diário Oficial - Aquaponia
1. Diário Oficial Poder Executivo - Seção Iterça-feira, 5 de janeiro de 2016 São Paulo, 126 (1) – III
unidade da Agência Paulista de
Tecnologia dos Agronegócios
(APTA) de Pirassununga realiza
pesquisas com peixes e camarões
de água doce. Um dos estudos é a
aquaponia, que junta criação de
lambaris-de-cauda-amarela com
o plantio de verduras, utilizan-
do a mesma água em circulação
permanente. O estudo foi ini-
ciado há dois anos em parce-
ria com os pesquisadores e zoo-
tecnistas Fábio Sussel, da APTA
de Pirassununga, e seu colega
Fernando Salles, da APTA de
Ribeirão Preto.
meira é apenas plantação de hortaliças em
água, em vez de terra. No entanto, com o
tempo os nutrientes introduzidos na água
para alimentar as plantas deixam o siste-
ma saturado e o produtor tem de descartar
o líquido e trocá-lo. No entanto, o que é
jogado fora tem poder poluidor no meio
ambiente, o que torna a hidroponia menos
sustentável. “A aquaponia é o método mais
correto de misturar proteínas vegetais (ver-
duras) com animais (peixes) e o mais sus-
tentável do mundo, porque a água não
precisa ser trocada. A perda ocorre apenas
por evaporação e transpiração das plantas.
Sustentável – No primeiro tan-
que, os lambaris se alimentam de ração.
No fundo, uma bomba suga a água “suja”,
com excrementos e outras substâncias que
saem das brânquias dos peixes, material
com alta porcentagem de nitrogênio. Tudo
é bombeado para um segundo tanque
onde estão as alfaces. Por cima do meio
aquoso, existem umas pedrinhas redon-
das de argila onde vivem bactérias benéfi-
cas que transformam o material dos lam-
baris em nutrientes para os pés de alfa-
ce. Depois, a água é novamente enviada
ao primeiro tanque onde estão os peixes,
fechando o ciclo – e assim sucessivamen-
te se mantém o processo com o mesmo
líquido.
O zootecnista explica que as hortaliças
às vezes precisam de 13 tipos de nutrien-
tes, à base principalmente de nitrogênio,
potássio e fósforo. “E o material recolhi-
do dos peixes, após processamento das
bactérias, contém aproximadamente dez
desses nutrientes. Se a gente perceber que
as plantas estão carentes de algum outro
alimento, então introduzimos o que falta”,
conta Sussel.
Ele ressalta que a criação de lambaris
é indicada para restaurantes e bares que os
servem como canapés. Há locais que ven-
dem esses peixes para isca viva na pesca de
dourados. Por ser pequeno e leve, cerca de
10 gramas cada um, o lambari não é comer-
cializado por quilo, mas em bandejas com
20 unidades, que custam cerca de R$ 10.
Sussel faz questão de explicar que a
aquaponia, embora seja a mais susten-
tável das técnicas de produção, é apenas
mais uma forma de conseguir alimentos
Hortaliças e peixes juntos na
mesma água: isso é a aquaponia
para consumo humano e não a salvação
do mundo. A técnica pode conviver com
outras, como hidroponia, produção orgâ-
nica e a convencional, com agroquími-
cos. “Quanto mais metodologias de produ-
zir alimentos forem criadas, melhor para
todos”, sustenta. De prático, cita Sussel,
existe um produtor de aquaponia em Mogi-
-Guaçu, mas com criação de tilápias, e uma
associação de Holambra que está interes-
sada em usar a técnica com lambaris a
partir deste ano.
O pesquisador mora com sua mulher
Sinthya Araújo na propriedade da APTA
de Pirassununga, na beira do Rio Mogi-
-Guaçu. Na janela de sua cozinha, ele
montou um pequeno sistema de aqua-
ponia, com pés de alface e temperos e
outro tipo de lambari, o cor-de-rosa.
Quando sua mulher precisa de manje-
ricão ou hortelã é só esticar o braço e
pegá-los fresquinhos.
Reizinho – Sussel trabalha com
lambaris há sete anos. É estudioso de
novas formas de nutrição e de reprodu-
ção induzida em épocas diferentes daque-
las que ocorrem na natureza. “Este peixi-
nho se reproduz no verão, mas já consegui
também no inverno. Aliás, esta espécie
tão popular no Brasil foi tema de meu
doutorado. Eu o chamo de reizinho dos
rios, enquanto o dourado é o rei”. Ele
trabalha também com camarão-gigan-
te-de-água-doce-da-malásia. Na produ-
ção comercial, esse crustáceo é vendi-
do diretamente a restaurantes, difícil de
encontrar em supermercados. Há tam-
bém em Pirassununga pesquisa com
doenças em tilápias.
Existe ainda no local um tanque com
lambari-rosa, uma espécie desconhecida
que um amigo lhe deu. “Ainda não desco-
bri se é peixe oriundo de mutação ou de
reprodução normal. Por isso não posso
introduzi-lo na natureza, somente criá-lo
nos tanques”, explica.
Otávio Nunes
Imprensa Oficial – Conteúdo Editorial
Agência Paulista
de Tecnologia dos
Agronegócios desenvolve
essa técnica (mais
sustentável até
que a hidroponia)
em Pirassununga
A
Embora recente no Brasil, a
aquaponia é praticada na Europa
há muitos anos. Sussel montou em
Pirassununga tanques com lam-
baris e alfaces, perto da Cachoeira
de Emas, parte mais caudalosa
do Rio Mogi-Guaçu e ponto turís-
tico da cidade. “Aqui é o maior
berçário de peixes de água doce
do Estado de São Paulo”, asse-
gura. Atualmente, a pescaria nos
rios paulistas está proibida até
fevereiro, por causa da piracema,
reprodução de lambaris, pintados,
dourados, piaus, mandis e outras
espécies dos rios brasileiros.
Os tanques do pesquisador
servem para aulas práticas a quem
se interessar pela técnica (produ-
tores, estudantes, outros pesquisa-
dores e demais interessados). Além
dos espaços de aquaponia, no local
há outros tanques maiores para
criação permanente dos lambaris,
tilápias e outras espécies, como
o camarão-gigante-de-água-doce-
-da-malásia.
Sussel explica a diferença entre
hidroponia e aquaponia. A pri-
SERVIÇO
APTA de Pirassununga
Av. Virgílio Baggio, 85
Distrito de Cachoeira de Emas
Telefone (19) 3565-1200
FOTOS:PAULOCESARDASILVA
Aquaponia: Verduras + ...
... lambaris-de-cauda-amarela
Fábio Sussel: “Aqui é o maior berçário de peixes de água doce do Estado de São Paulo” No local, há ainda um tanque (apenas para criação), do lambari-rosa, “espécie desconhecida”
Sinthya – Temperos na janela da cozinha
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terça-feira, 5 de janeiro de 2016 às 02:05:52.