Por Igor Savenhago, G1 Ribeirão e Franca


Agrishow 2018 tem robô cortador de grama que trabalha de maneira autônoma

Agrishow 2018 tem robô cortador de grama que trabalha de maneira autônoma

O equipamento parece um carrinho de controle remoto. A diferença é que ele opera sozinho. A interferência humana é apenas para instalar o sistema, fazer a manutenção, definir a área em que ele atuar a qual a hora de parar. O resto é com ele.

Segundo a empresa fabricante, o Automower é um robô para facilitar o dia a dia de trabalhos domésticos. É um cortador de grama que trabalha 24 horas por dia, sete dias na semana. “A grama fica cortada para sempre”, afirma Bruno Lisbão, engenheiro de produto da Husqvarna. Eles só param ao comando do dono, que pode ser com um clique num aplicativo para celular.

Exposto na Agrishow, em Ribeirão Preto (SP), o aparelho funciona a bateria. Mas até o carregamento é “autônomo”. Quando o robô “sente” que a carga está acabando, ele encosta na base e só sai quando o nível volta ao máximo.

O robô autônomo deve chegar ao mercado custando de R$ 5 mil a R$ 9 mil Agrishow 2018 — Foto: Érico Andrade/G1

Disponível em três tamanhos, a um custo que varia entre R$ 5 mil e R$ 9 mil, o carrinho-robô foi desenvolvido pela empresa sueca Husqvarna. A tecnologia, que existe desde 1995, acaba de chegar ao Brasil e será lançada no segundo semestre, mas já está sendo demonstrada na Agrishow, entre outras que facilitam o dia a dia de pessoas que não estão ligadas, necessariamente, ao campo. Uma mostra que a feira não é feita apenas de grandes máquinas.

Com vida útil de aproximadamente oito anos, o robô tem uma lâmina giratória na base, que corta a grama ao menor sinal de crescimento. Basta definir a área de operação e cercá-la com um tipo de fio desenvolvido especialmente para o equipamento. O fio, que fica escondido na grama, define os limites do trabalho.

Robô tem painel para definir área que terá a grama cortada Agrishow — Foto: Érico Andrade/G1

O robô não passa dos pontos estabelecidos. Caso haja obstáculos no caminho, basta contorná-los para que ele desvie. E, caso sejam encontrados empecilhos menores, com pedras, a lâmina recolhe para evitar danos. O cortador inteligente está preparado para operar em áreas de 600 metros quadrados até 3,2 mil, dependendo do tamanho.

O agrônomo José Eduardo Vetorazzo, que mora num condomínio em São José do Rio Preto (SP), ficou curioso e parou no estande para observar as demonstrações. “Lá onde moro tem muita área de grama e parece uma alternativa interessante”. Ficou de aguardar o lançamento oficial para avaliar a possibilidade de compra.

Mini-horta sem terra e dentro de casa

A possibilidade de ter, ao alcance das mãos, um equipamento de alta tecnologia para trabalhos no quintal da residência ou até dentro dela seduz visitantes da Agrishow. Quem passa pelo estande da Secretaria da Agricultura do Estado de São Paulo conhece um sistema simples que, em breve, poderá ser colocado na mesa da cozinha, na pia ou ao lado do fogão para produzir ervas aromáticas ou plantas medicinais. Uma mini-horta que não precisa de terra.

Hortaliças são plantadas em tubetes e ficam com as raízes suspensas dentro de uma caixa plástica; o led faz papel de luz solar Agrishow 2018 — Foto: Érico Andrade/G1

As hortaliças são plantadas em tubetes e ficam com as raízes suspensas no ar dentro de uma caixa plástica. Um sistema de nebulização joga, de baixo para cima, uma névoa de água com uma solução nutritiva. Um sistema de iluminação de led, na parte superior, faz o papel da luz solar. São microlâmpadas de três cores – azuis, vermelhas e brancas.

Segundo Thiago Factor, pesquisador do Instituto Agronômico do Estado de São Paulo (IAC), essa mistura de cores não está ali à toa. A pesquisa que resultou no desenvolvimento do sistema testou a melhor combinação possível entre elas.

A proposta de um equipamento baseado na aeroponia, um dos conceitos que sustentam a hidroponia no Brasil, surgiu a partir de uma pesquisa de doutorado de Alex Humberto Calori, que envolve o IAC, a Agência Paulista de Tecnologia de Agronegócios (APTA) e a startup Agropônica.

O led faz as vezes de luz solar, dando a possibilidade de se ter uma mini-horta em qualquer lugar Agrishow 2018 — Foto: Érico Andrade/G1

O sistema, que recebeu um financiamento de R$ 160 mil do Programa Pesquisa Inovativa em Pequenas Empresas (PIPE) da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), está em fase de patente e deverá estar disponível no mercado em pouco mais de um ano.

Ainda segundo Factor, o modelo definitivo será ainda menor que o exposto na Agrishow e com um design que irá permitir usá-lo até como objeto de decoração.

Batata-semente

O conceito da horta aérea caseira tem, de acordo com o pesquisador, ainda outra funcionalidade: contribuir para a produção de batatas-semente no Brasil, os minitubérculos que dão origem à batata. Neste caso, não mais dentro de casa, mas em áreas externas, por causa da necessidade de espaço.

Hoje, o Brasil importa boa parte dessa matéria-prima. No ano passado, foram nove mil toneladas, de países como Chile, Holanda e Alemanha.

A ideia, que já vem sendo usada por quatro empresas do país em escala comercial, promete, até mesmo, aumentar o rendimento. Factor explica que, pelo sistema convencional, é possível extrair de sete a dez batatinhas de cada planta. Já com a aeroponia, o número pode chegar a 50. “Como a venda é feita por unidade, isso pode aumentar muito a rentabilidade do agricultor”.

Batatas-semente produzidas com ajuda da aeroponia Agrishow 2018 — Foto: Divulgação/APTA

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