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O Instituto Agronômico de
Campinas completou 131
anos de fundação, em 27 de ju-
nho de 2018. Com história que
remente ao Império, o IAC, as-
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nológica (NIT), em 2016, confi-
gurou importante avanço na
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cional de inovação, publicada
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nho de 2018, além da forma-
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Exemplos internacionais
nos instigam a trilhar novos ca-
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tuições públicas. A eles tam-
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“ÉÉÉÉÉ em cinco oito foi Pelé,
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ro a Ser Tricampeão; ÔÔÔÔ
noventa e quatro Romáriôôô;
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BRASIL OLÉ OLÉ OLÉÉÉÉ”.
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tos sobre tal propriedade.
Na verdade, essa informa-
ção ainda é controvertida, pois
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tros que compôs (cerca de
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dizem que tal senhor chegou a
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madamente doze mil reais do
ECAD (escritório responsável
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ção dos direitos autorais das
músicas aos seus autores). E,
também, há quem diga que o
sr. Nelson nunca teria percebi-
do nenhum rendimento de
seu hino, pois não o haveria re-
gistrado. Essa última afirma-
ção definitivamente não proce-
de e explico o motivo.
Bom, ao contrário de mar-
cas e patentes (propriedade in-
dustrial), o direito autoral é
uma propriedade intelectual
que a lei não obriga o seu regis-
tro, embora tal atitude confira
maior segurança para aqueles
que desejam ter uma relação
comercial em que o objeto des-
ta seja o seu direito autoral ou
mesmo somente maior segu-
rança nesse mundo on-line do
copia, cola e compartilha, sem
se dar os devidos créditos. As-
sim, o hino “Sou Brasileiro...”
não precisaria ser registrado,
mesmo. Bastasse o sr. Nelson
comprovar a sua autoria, para
reclamar qualquer pagamento
a ele devido. O que não fez,
aparentemente.
Aliás, em 2014, a família Bia-
soli encarava o hino como “do-
mínio público” (o que por lei,
apenas ocorreria após 70 anos
da morte do sr. Nelson Biaso-
li), por acreditar fazer parte da
cultura brasileira – e não pode-
mos dizer o contrário de um
canto entoado por sessenta e
nove anos. O que, inclusive, co-
mo já mencionei, com certeza
foi um dos segredos para tal hi-
no durar tanto.
Agora, resta saber: Quem
foi o autor ou autores do atual
hino? Quais serão as provas
dessa autoria? Será que há a
pretensão de registro ou de ga-
nhos econômicos em cima do
novo grito? Quanto tempo ele
vingará?
Opinião
O futebol está se transfor-
mando em gigantesca pas-
sarela para exibição de
uma coleção de tatuagens,
cortes de cabelo, piercings
em orelhas e pescoços, na
esteira da expansão de
uma estética esportiva que
embala os competidores,
motivando torcedores a en-
deusar seus ídolos não ape-
nas pela qualidade técni-
ca, mas pela maneira co-
mo se apresentam.
O dandismo, maneira
afetada de uma pessoa se
comportar, se vestir e usar
adereços, exercício tradi-
cionalmente restrito ao
campo político estende,
portanto, seus domínios
aos campos de futebol. O
poeta Baudelaire dizia que
o dândi provoca “o prazer
de espantar”. Nesses tem-
pos de espetacularização
dos atos cotidianos, pode-
se acrescentar: o “prazer
de encantar”, ou, no caso
do futebol, oferecer algo
mais que uma performan-
ce esportiva.
Na política, o dandismo
teve grandes cultores, co-
mo Luis XIV, que passeava
nos jardins de Versailles
em um cavalo branco co-
berto de diamantes, ele to-
do vestido de púrpura. Na-
poleão mais parecia um pa-
vão engalanado quando se
coroou para receber a ben-
ção do papa em Notre-Da-
me. Hitler, treinado em au-
las de declamação para agi-
tar as massas, usando a
cruz gamada para propa-
gar o nazismo, aparecia
nos comícios organizados
por Goebbels depois de fa-
zer a massa esperar por
ele horas a fio. A audiência
cansada tomava um gran-
de susto quando aviões
roncando desciam em ra-
santes, criando o clima pa-
ra receber o personagem e
seu séquito.
Entre nós, a arte da re-
presentação também tem
sido bastante cultivada. Jâ-
nio Quadros dava ênfase à
semântica usando como
bengala uma estética esca-
tológica: olhos esbugalha-
dos, cabelos despentea-
dos, barba por fazer, a ima-
gem do desleixo pessoal
com a caspa caindo sobre
um paletó roto. Tirava san-
duíches de mortadela e ba-
nanas dos bolsos, momen-
to em que pontificava com
sua retórica cheia de pró-
clises e mesóclises: “Políti-
co brasileiro não se dá ao
respeito. Eu, não, desde as
6 horas da manhã estou ca-
minhando pela Vila Maria
e não comi nada. Então,
com licença.” Devorava os
acepipes sob aplausos da
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A atração dos políticos
por holofotes comanda
atos canhestros. O Estado-
Espetáculo emerge com
força exibindo heróis, sal-
vadores da Pátria, pais dos
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gens sociais empobrecidas
e, incrível, até seres que se
postam ao lado direito do
Senhor. O marechal Idi
Amin, de Uganda, dizia
conversar com Deus em so-
nhos. Um dia, um jornalis-
ta quis saber com que fre-
quência ocorria o papo. O
sagaz ditador sem titu-
bear: “sempre que necessá-
rio”. Nicolás Maduro não
disse que foi abençoado
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vez, encarnado em um “ca-
narinho pequenino” que
apareceu cantando?
Em muitas ocasiões, os
limites da liturgia do cargo
costumam ser rompidos. E
os atores, participando da
encenação que tem mais a
ver com estripulia circense
e comédia farsesca, inven-
tam firulas para iludir as
massas.
Voltando aos campos de
futebol, vemos a Seleção
Canarinho desfilando com
sua coleção de signos. Fixe-
mos os olhos em Neymar,
que mais parece um calei-
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ga cerca de 40 símbolos
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âncora, diamante, cruz
com asas, o 4 em número
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sol, enfim, uma vasta cole-
ção que tenta expressar for-
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bilidade, perfeição, inde-
pendência, história de vi-
da, relação com o divino
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em parte organizado pelo
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pasmos de dor, ao cair nas
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sitar nosso planetinha
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O fato é que na socieda-
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Espetáculo imprime o tom
dos discursos, maltratan-
do a identidade da políti-
ca, dos esportes e da cultu-
ra.
Os hinos da Seleção
Os dândis do
futebol
DIREITO AUTORAL
Editor: Rui Motta rui@rac.com.br Correio do Leitor leitor@rac.com.br
torquato
Pesquisa agropecuária avança
ORLANDO MELO DE
CASTRO
■ ■ Orlando Melo de Castro é coordenador
da APTA, da Secretaria de Agricultura e
Abastecimento do Estado de São Paulo, e
presidente do Conselho Nacional das
Entidades Estaduais de Pesquisa
Agropecuária (Consepa)
CLARA TOLEDO
CORRÊA
claratoledo@toledocorrea.com.br
charge
■ ■ Gaudêncio Torquato, jornalista, é
professor titular da USP, consultor político
e de comunicação Twitter@gaudtorquato
IAC 131 ANOS
■ ■ Clara Toledo Corrêa é advogada da
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Henrique Meirelles, pré-candidato do MDB à Presidência, reforçando a estratégia de colar seu nome às boas notícias da
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Campinas, segunda-feira, 2 de julho de 2018

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Águas de Março de 2019 & previsões para abril a junho de 2019
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Nematoides são responsaveis por perdas de até 30% dos canaviais
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Transformação do futebol em passarela para exibição de estéticas e dandismos

  • 1. O Instituto Agronômico de Campinas completou 131 anos de fundação, em 27 de ju- nho de 2018. Com história que remente ao Império, o IAC, as- sim como os outros cinco Insti- tutos e 11 Polos regionais de pesquisa ligados à Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA), vive um novo momento, de incentivo a inovação e a parceria com ou- tras instituições de ciência e tecnologia e da iniciativa priva- da. Neste aniversário, o IAC co- memora a concessão de duas patentes exclusivas e uma em co-titularidade com a Uni- camp. São os primeiros frutos desta nova fase da pesquisa paulista. Ao sotaque antes caipira do agro vêm sendo acrescentados termos como drones, startups, agronegócio just in time, agroindústria 4.0, blockchains, IoT, yottabytes, big data. Com alguns toques na tela de smar- tphones e tablets, é possível ter respostas para aquilo que há poucas décadas dependia da crença ou da experiência dos agricultores. A agricultura digital já entrega facilidades que se transformam em efi- ciência na mão dos produto- res. Apesar de certas dificulda- des históricas, os Institutos li- gados à APTA vivem um mo- mento de modernização, de maior eficiência. Em março de 2018, a Agência lançou Balan- ço Social 2016/2017 que mos- tra os impactos econômicos, sociais e ambientais de 48 tec- nologias desenvolvidas por suas unidades, entre elas o IAC, e adotadas pelo setor pro- dutivo. O Balanço mostra que a cada R$ 1,00 investido, a Agência retornou R$ 12,20 pa- ra a sociedade, taxa equipara- da ao retorno do investimento no setor agrícola americano. Os Institutos mostram de for- ma contundente sua capacida- de de inovar e trazer soluções para o setor. Para que essa capacidade se expanda é importante discu- tir questões chaves, como a di- versificação das fontes de orça- mento. É preciso maior intera- ção entre o público e o priva- do, fato que está se iniciando em São Paulo, com as novas le- gislações estaduais e federais que fomentam a inovação e a parceria com empresas. Na APTA, a implantação dos Núcleos de Inovação Tec- nológica (NIT), em 2016, confi- gurou importante avanço na estruturação da política institu- cional de inovação, publicada no Diário Oficial em 16 de ju- nho de 2018, além da forma- ção e capacitação de recursos humanos voltados para o trata- mento das questões relaciona- das ao complexo estágio de CT&I do agronegócio. A estruturação dos NIT e a publicação do Decreto nº 82.817, em 2017, trazem novas perspectivas de inserção so- cial, protagonismo científico e tecnológico institucional, além de sustentabilidade e au- tonomia orçamentária. A meta é que a participação privada no orçamento da APTA salte de 23,4%, em 2017, para 25% até o final de 2018. Entre 2010 e 2013, correspondia a 14% do orçamento. Este modelo deve ser implantado com as funda- ções de apoio à pesquisa e as organizações sociais como par- ceiras e intervenientes ativas no sistema de pesquisa, inclu- sive com a possibilidade de contratação de pessoal. Exemplos internacionais nos instigam a trilhar novos ca- minhos para a continuidade do protagonismo das institui- ções públicas nas transforma- ções do setor produtivo. Uma legislação específica para im- plantação dos Fundos Patrimo- niais, que permite a criação de fundos nas universidades e ins- tituições de pesquisa com doa- ções de particulares, como ocorre nos Estados Unidos e Europa, seria uma forma de agregar recursos a estas insti- tuições públicas. A eles tam- bém devem ser inseridas recei- tas advindas da venda do patri- mônio físico construído há mais de um século para dar su- porte às atividades de pesqui- sa, mas que hoje, muitas ve- zes, não cumprem esta finali- dade. Há também os Check-off Programs, uma fonte alternati- va de financiamento, como também acontece nos Estados Unidos, em que um pequeno valor da comercialização do produto agrícola é destinado ao investimento em pesquisa e desenvolvimento, aprimora- mento da capacidade produti- va, de comunicação e marke- ting doméstico e internacio- nal. Para isso, o setor privado precisa ter participação ativa na gestão dos recursos, que de- vem estar fora da burocracia do Estado. É necessária ação específica das diferentes ca- deias produtivas e não uma ta- xação de governo. Não basta, porém, termos fontes seguras e perenes de re- cursos para a pesquisa e inova- ção, sem avançar para um no- vo formato de atuação. É ne- cessário que se programe um sistema em rede de pesquisa, em que as instituições façam uma avaliação interna de suas expertises e competências pa- ra o desenvolvimento de proje- tos em conjunto, evitando a duplicidade de trabalhos e in- fraestrutura. A sofisticação da ciência e dos equipamentos necessários, o custo para a rea- lização das atividades e os de- safios que temos pela frente nos coloca a necessidade de trabalhar em equipes multidis- ciplinares e multi-institucio- nais. Mas tudo isso não será tare- fa fácil, pois implica em rom- per com valores antigos de or- ganizações submetidas exclusi- vamente ao regramento da ad- ministração pública e romper com valores de cultura institu- cional e de caráter ideológico. O entendimento dessas mu- danças permitirá estimular o protagonismo das instituições públicas de pesquisa no agro- negócio e colocar o País em ní- veis de competitividade exigi- dos pelas novas formas de ge- ração de ciência e de tecnolo- gia, com benefícios para a so- ciedade como um todo. Em 2014, alguns torcedores se mostravam descontentes com o hino de guerra da torcida bra- sileira, até redes nacionais de televisão chegaram a divulgar em programas populares de fi- nal de semana a busca por um novo hino. “Eu Sou Brasileiro Com Muito Orgulho, Com Mui- to Amor” foi criado em 1949, por Nelson Biasoli, para uma disputa de olimpíadas estudan- tis. O autor nunca imaginou que seu hino vingaria tantos anos! Mas, parece que esse hi- no teve seu fim nessa Copa de 2018, já que muitos brasileiros estão entoado o seguinte grito: “ÉÉÉÉÉ em cinco oito foi Pelé, em meia dois foi o Mané, em sete zero o Esquadrão, Primei- ro a Ser Tricampeão; ÔÔÔÔ noventa e quatro Romáriôôô; dois mil e dois Fenomenôôô, primeiro tetracampeão, único penta é Brasilzão!!! OOOOO BRASIL OLÉ OLÉ OLÉÉÉÉ”. Se tal grito terá a mesma vi- da longeva que teve o seu su- cessor, não sabemos. É fato que ele está ecoando em diver- sos cantos e até em aberturas de programas de televisão. Mas, a pergunta que não quer calar é - de quem será a auto- ria desse hino? Sim! Pode pare- cer bobagem, mas recaem di- reitos autorais sobre a criação desse novo hino. O mesmo ocorreu com o hino anterior, que acredito que somente teve a repercussão que teve, pois seu autor não reclamou direi- tos sobre tal propriedade. Na verdade, essa informa- ção ainda é controvertida, pois há quem afirme que Nelson Biasoli nunca ganhou um tos- tão por seu hino e tantos ou- tros que compôs (cerca de 500). Da mesma forma outros dizem que tal senhor chegou a receber dos últimos oito anos (até 2014) a quantia de aproxi- madamente doze mil reais do ECAD (escritório responsável pela arrecadação e distribui- ção dos direitos autorais das músicas aos seus autores). E, também, há quem diga que o sr. Nelson nunca teria percebi- do nenhum rendimento de seu hino, pois não o haveria re- gistrado. Essa última afirma- ção definitivamente não proce- de e explico o motivo. Bom, ao contrário de mar- cas e patentes (propriedade in- dustrial), o direito autoral é uma propriedade intelectual que a lei não obriga o seu regis- tro, embora tal atitude confira maior segurança para aqueles que desejam ter uma relação comercial em que o objeto des- ta seja o seu direito autoral ou mesmo somente maior segu- rança nesse mundo on-line do copia, cola e compartilha, sem se dar os devidos créditos. As- sim, o hino “Sou Brasileiro...” não precisaria ser registrado, mesmo. Bastasse o sr. Nelson comprovar a sua autoria, para reclamar qualquer pagamento a ele devido. O que não fez, aparentemente. Aliás, em 2014, a família Bia- soli encarava o hino como “do- mínio público” (o que por lei, apenas ocorreria após 70 anos da morte do sr. Nelson Biaso- li), por acreditar fazer parte da cultura brasileira – e não pode- mos dizer o contrário de um canto entoado por sessenta e nove anos. O que, inclusive, co- mo já mencionei, com certeza foi um dos segredos para tal hi- no durar tanto. Agora, resta saber: Quem foi o autor ou autores do atual hino? Quais serão as provas dessa autoria? Será que há a pretensão de registro ou de ga- nhos econômicos em cima do novo grito? Quanto tempo ele vingará? Opinião O futebol está se transfor- mando em gigantesca pas- sarela para exibição de uma coleção de tatuagens, cortes de cabelo, piercings em orelhas e pescoços, na esteira da expansão de uma estética esportiva que embala os competidores, motivando torcedores a en- deusar seus ídolos não ape- nas pela qualidade técni- ca, mas pela maneira co- mo se apresentam. O dandismo, maneira afetada de uma pessoa se comportar, se vestir e usar adereços, exercício tradi- cionalmente restrito ao campo político estende, portanto, seus domínios aos campos de futebol. O poeta Baudelaire dizia que o dândi provoca “o prazer de espantar”. Nesses tem- pos de espetacularização dos atos cotidianos, pode- se acrescentar: o “prazer de encantar”, ou, no caso do futebol, oferecer algo mais que uma performan- ce esportiva. Na política, o dandismo teve grandes cultores, co- mo Luis XIV, que passeava nos jardins de Versailles em um cavalo branco co- berto de diamantes, ele to- do vestido de púrpura. Na- poleão mais parecia um pa- vão engalanado quando se coroou para receber a ben- ção do papa em Notre-Da- me. Hitler, treinado em au- las de declamação para agi- tar as massas, usando a cruz gamada para propa- gar o nazismo, aparecia nos comícios organizados por Goebbels depois de fa- zer a massa esperar por ele horas a fio. A audiência cansada tomava um gran- de susto quando aviões roncando desciam em ra- santes, criando o clima pa- ra receber o personagem e seu séquito. Entre nós, a arte da re- presentação também tem sido bastante cultivada. Jâ- nio Quadros dava ênfase à semântica usando como bengala uma estética esca- tológica: olhos esbugalha- dos, cabelos despentea- dos, barba por fazer, a ima- gem do desleixo pessoal com a caspa caindo sobre um paletó roto. Tirava san- duíches de mortadela e ba- nanas dos bolsos, momen- to em que pontificava com sua retórica cheia de pró- clises e mesóclises: “Políti- co brasileiro não se dá ao respeito. Eu, não, desde as 6 horas da manhã estou ca- minhando pela Vila Maria e não comi nada. Então, com licença.” Devorava os acepipes sob aplausos da multidão. A atração dos políticos por holofotes comanda atos canhestros. O Estado- Espetáculo emerge com força exibindo heróis, sal- vadores da Pátria, pais dos pobres, redentores de mar- gens sociais empobrecidas e, incrível, até seres que se postam ao lado direito do Senhor. O marechal Idi Amin, de Uganda, dizia conversar com Deus em so- nhos. Um dia, um jornalis- ta quis saber com que fre- quência ocorria o papo. O sagaz ditador sem titu- bear: “sempre que necessá- rio”. Nicolás Maduro não disse que foi abençoado pelo falecido Hugo Chá- vez, encarnado em um “ca- narinho pequenino” que apareceu cantando? Em muitas ocasiões, os limites da liturgia do cargo costumam ser rompidos. E os atores, participando da encenação que tem mais a ver com estripulia circense e comédia farsesca, inven- tam firulas para iludir as massas. Voltando aos campos de futebol, vemos a Seleção Canarinho desfilando com sua coleção de signos. Fixe- mos os olhos em Neymar, que mais parece um calei- doscópio humano. Carre- ga cerca de 40 símbolos em seu corpo, entre os quais tatuagens de tigre, âncora, diamante, cruz com asas, o 4 em número romano, coroas, clave de sol, enfim, uma vasta cole- ção que tenta expressar for- ça, alegria, coragem, esta- bilidade, perfeição, inde- pendência, história de vi- da, relação com o divino etc. Esse aparato estético, em parte organizado pelo hairstylist Nariko, ainda se completa com esgares e es- pasmos de dor, ao cair nas faltas cometidas por adver- sários (parte das quedas é pura representação do dân- di), Neymar deve desper- tar curiosidade até dos ex- tra-terrestres que, segun- do ufólogos, costumam vi- sitar nosso planetinha azul. O fato é que na socieda- de pós-industrial o Estado- Espetáculo imprime o tom dos discursos, maltratan- do a identidade da políti- ca, dos esportes e da cultu- ra. Os hinos da Seleção Os dândis do futebol DIREITO AUTORAL Editor: Rui Motta rui@rac.com.br Correio do Leitor leitor@rac.com.br torquato Pesquisa agropecuária avança ORLANDO MELO DE CASTRO ■ ■ Orlando Melo de Castro é coordenador da APTA, da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, e presidente do Conselho Nacional das Entidades Estaduais de Pesquisa Agropecuária (Consepa) CLARA TOLEDO CORRÊA claratoledo@toledocorrea.com.br charge ■ ■ Gaudêncio Torquato, jornalista, é professor titular da USP, consultor político e de comunicação Twitter@gaudtorquato IAC 131 ANOS ■ ■ Clara Toledo Corrêa é advogada da Toledo Corrêa Marcas e Patentes “Tiramos o Brasil dessa recessão e (o País) voltou a crescer” Henrique Meirelles, pré-candidato do MDB à Presidência, reforçando a estratégia de colar seu nome às boas notícias da economia, tanto no governo Temer quanto no de Lula opiniao@rac.com.br A2 CORREIO POPULARA2 Campinas, segunda-feira, 2 de julho de 2018