Por Fernando Evans, G1 Campinas e Região

Pesquisadoras do ITAL criam recheios mais saudáveis para bombons de chocolate

Pesquisadoras do ITAL criam recheios mais saudáveis para bombons de chocolate

Dois trabalhos desenvolvidos no Instituto de Tecnologia de Alimentos (ITAL), de Campinas (SP), mostram que é possível unir ingredientes naturais a alimentos industrializados e oferecer produtos mais saudáveis ao consumidor. Pensando no aproveitamento de resíduos e em uma forma de ampliar o uso de uma fruta tipicamente brasileira, pesquisadoras criaram farinha de casca de manga e flocos de jabuticaba, novos insumos que se transformaram em recheios de bombons de chocolate aproveitando o clima de Páscoa.

"Os produtos existem, estão no mercado, e a ideia é melhorá-los em termos de nutrientes. As novas tendências de consumo visam produtos mais naturais, com ingredientes nutritivos. As frutas têm fibras e vitaminas, e inseri-las torna-os mais saudáveis", defende Silvia Pimentel Marconi Germer, pesquisadora do Fruthotec na área de alimentos desidratados.

Farinha da casca de manga virou recheio para bombons — Foto: Fernando Evans/G1

Casca de manga

Pesquisadora-colaboradora do Fruthotec, Cristhiane Caroline Ferrari conta que começou a trabalhar com a casca de manga em 2015, e a farinha resultante do trabalho é uma forma de aproveitar o grande volume de resíduos orgânicos descartados no meio ambiente, após processamento da polpa da fruta. A variedade utilizada no trabalho é a Palmer.

"A casca da manga é rica em fibras, rica em diversos compostos antioxidantes, compostos fenólicos, muito maior que a polpa de fruta. Além de evitar o impacto ambiental, aproveitamos um material que pode ser matéria-prima para outros produtos", explica Cristhiane.

Bombom com recheio de casca de manga desenvolvido no ITAL, em Campinas (SP) — Foto: Fernando Evans/G1

Como forma de aplicação da farinha, a pesquisadora, em parceria com outro departamento do ITAL, o Cereal Chocotec, desenvolveu um recheio para bombons. Ela conta que um teste realizado com 90 voluntários apresentou boa aceitação para o produto, que possui cor e aroma de manga, além da cor característica, sem necessidade de corantes artificiais.

"Fizemos estudos e em seis meses houve manutenção de cor, dos compostos fenólicos e apenas uma pequena perda da vitamina C. Além do bombom, pode ser aplicado em outros produtos que procuram o apelo mais saudável, até em bebida, já que é solúvel", completa a pesquisadora.

Cristhiane Caroline Ferrari e Larissa Peixoto Nunes, pesquisadoras do ITAL, em Campinas (SP) — Foto: Fernando Evans/G1

Jabuticaba

Tipicamente brasileira, de safra curta e pouca durabilidade fora do pé, a jabuticaba foi tema da tese de mestrado da pesquisadora Larissa Peixoto Nunes. Após realizar trabalho de secagem da polpa e da casca, conseguiu produzir flocos da fruta, mantendo os principais compostos fenólicos e antioxidantes.

"A safra vai de agosto a novembro, sendo principalmente em setembro, e fora do pé dura três dias. Com a secagem pode durar até anos", explica Larissa.

Larissa Peixoto Nunes utilizou polpa e casca da fruta para produzir os flocos de jabuticaba — Foto: Fernando Evans/G1

Em teste realizado no Cereal Chocotec, os flocos também viraram recheios de bombons. Assim como a farinha da casca de manga, o produto dispensa o uso de corantes. Ele, aliás, pode ser uma alternativa para a indústria alimentícia na substituição de aditivos químicos.

"Aplicamos em bombons, mas pode ser aplicado em bebidas, pode ser usado como corante natural. É uma forma de agregar valor a uma fruta mais de pomar, que não é desenvolvida industrialmente", completa a pesquisadora.

Flocos de jabuticaba viraram recheio de bombons de chocolate — Foto: Fernando Evans/G1

"A jabuticaba hoje é aproveitada regionalmente, mas como é muito rica, esse trabalho poder oferecê-la em outros mercados, desperta o interesse em outros países. É uma superfruta. Estando o produto seco, pode ser exportado", conclui Silvia Germer.

Assim como os bombons, novos produtos a partir da casca da manga e dos flocos de jabuticaba seguem em desenvolvimento no ITAL, que faz parte da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo.

Produtos foram desenvolvidos em parceria do Fruthotec com o Cereal Chocotec, do ITAL, em Campinas (SP) — Foto: Fernando Evans/G1

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