Agro: A indústria-riqueza do Brasil

Por Vivian Souza, g1


Da ciência à lavoura: o agro é feito pelas pessoas do campo

Da ciência à lavoura: o agro é feito pelas pessoas do campo

Feijão, arroz, café, carne, todos os alimentos que chegam à mesa passaram antes pelas mãos dos trabalhadores do campo, sejam eles agricultores, pecuaristas, membros de associações ou comunidades tradicionais. Além disso, cientistas de todo o Brasil colaboram para melhorar a produção nacional. O Brasil possui mais de 8 milhões de pessoas atuando no campo.

O g1, há 2 anos, vem contando as histórias dessas pessoas na série Gente do Campo. Confira no vídeo acima e a seguir:

  • Da Guerra à ciência
  • Revolução das freiras
  • Sucesso veio com insistência
  • Pouco estudo, mas muito café
  • Extrativismo e ameaças de morte

Raio X do trabalho no campo — Foto: Arte / g1

Entre os trabalhadores do campo, cerca de 60% lidam com a agricultura, 28,4% com a pecuária, 4,3% com a pesca e 4,2% com a floresta. A maior parte (44,4%) trabalha por conta própria e 50% não conseguiram completar os estudos, tendo o ensino fundamental incompleto.

Da Guerra à ciência

Johanna Döbereiner — Foto: Divulgação/Emprapa

Johanna Döbereiner é uma das cientistas que ajudou o Brasil a se tornar um dos maiores produtores do agro. Nascida em 1924 na antiga Tchecoslováquia (hoje República Tcheca e Eslováquia), imigrou para o Brasil em 1950, fugindo da instabilidade e das perdas deixadas pelo fim da Segunda Guerra Mundial na Europa.

Aqui, ela descobriu que plantas podem gerar seu próprio adubo interagindo com Bactérias Fixadoras de Nitrogênio. Apesar de esses seres terem sido descobertos em 1901 por Martinus Beijerinck, foi ela que mostrou como usar as bactérias a serviço da agricultura, já que nem todas têm capacidade de transferir o nitrogênio para as plantas.

Revolução das freiras

Integrantes da Coopercuc no dia da eleição de Denise Cardoso, em 2016 — Foto: Arquivo pessoal/Denise Cardoso

Na Bahia, a Cooperativa Agropecuária Familiar de Canudos, Uauá e Curaçá (Coopercuc), é composta em cerca de 70% por mulheres e se tornou uma referência na produção orgânica de frutas nativas da Caatinga, como o maracujá e o umbu, que é o carro-chefe da casa.

A união das mulheres trabalhadoras começou graças as 3 freiras: Monique Fortier, Martha D'aoust e Jaqueline Aubly, que chegaram ao município de Uauá em 1986, como parte do movimento das Comunidades Eclesiais de Base (CEBs). Elas começaram a incentivar as mulheres do município a terem a sua própria renda e a participarem das decisões de suas comunidades, em uma época em que não havia presença feminina nas associações rurais e nos movimentos sociais.

Sucesso veio com insistência

Celito Breda na lavoura de feijão carioca em Barreiras, no oeste da Bahia — Foto: Arquivo pessoal

O produtor de feijão, Celito Breda, mostra que com pesquisa e insistências dá para ampliar a sua plantação. Ele chegou no oeste da Bahia em 1980, quando o estado, juntamente do Maranhão, Tocantins e Piauí, começou a formar uma nova fronteira agrícola no país, que ganhou força a partir dos anos 2000: o Matopiba (junção das siglas).

Apesar de ser um pioneiro, ele não teve sucesso de cara: tentou plantar melancia, repolho, vender pamonha, mas nada dava certo. Apenas o feijão irrigado prosperou. Ainda assim, ele enfrentou problemas com safras, tendo que vender a propriedade para pagar dívidas. Só depois de 2017, a atividade agrícola realmente começou a compensar o agricultor.

Pouco estudo, mas muito café

Dona Ivone mexendo em grãos de café no Instituto Agronômico de Campinas (IAC). — Foto: Sergio Parreiras Pereira

Ivone Baziolli estudou apenas até a 4° série, mas, graças a ela, existem as variedades Mundo Novo e Catuaí de café arábica. Dos seus 88 anos, 65 ela dedicou ao café. Desde os 16 anos ela atuou no Instituto Agronômico de Campinas (IAC), com os principais geneticistas do café no Brasil, como Carlos Arnaldo Krug e Alcides Carvalho. Enquanto eles lideravam a equipe de pesquisadores, dona Ivone ficava à frente dos trabalhos de campo.

Respeitada por todas as gerações de pesquisadores que passaram pelo IAC, dona Ivone participa de encontros da Aliança Internacional das Mulheres do Café (IWCA), organização que tem o objetivo de fortalecer as mulheres que trabalham no setor, através de treinamentos e troca de conhecimentos. E tem uma bolsa de estudos internacional em seu nome: a Dona Ivone Scholarship (Bolsa de estudos Dona Ivone), lançada em março do ano passado e que vai apoiar o estudo de universitários e profissionais que atuam no setor cafeeiro

Extrativismo e ameaças de morte

Dione extrativista — Foto: Arquivo pessoal

Dione Torquato é uma das mais de 5 milhões de pessoas que formam as comunidades tradicionais extrativistas no Brasil. Elas fazem as coletas de frutos, como o açaí e a castanha, pescam e utilizam da agricultura familiar de subsistência, inclusive a caça artesanal, para completar a renda.

Além de extrativista, Dione é uma liderança da região da Floresta Nacional de Tefé, no Amazonas e secretário geral do Conselho Nacional das Populações Extrativistas, o CNS. Ele enfrenta constantes ameaças de morte, que são enviadas por garimpeiros, madeireiros e pecuaristas. O extrativista acredita que as motivações para isso são as denúncias que faz apontando irregularidades na região, como de desmatamento.

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Vídeos: Agro: A indústria-riqueza do Brasil

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