Data da postagem: 14 Novembro 2007
A APTA (Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios) realizou ontem, 13, o seminário Bioenergia - Viva melhor com ela. Pesquisadores de várias unidades de pesquisas da APTA e de outras instituições ligadas ao setor debateram aspectos relacionados à produção de matéria-prima, mercado, sustentabilidade e necessidade de pesquisa científica para sustentar o segmento de bioenergia. O evento, realizado em Campinas, é o primeiro de uma série que envolverá os programas estratégicos da Agência.
Segundo o coordenador da APTA, João Paulo Feijão Teixeira, a intenção do encontro é viabilizar o debate e a construção de uma consciência da prioridade da pesquisa tecnológica no ramo de agronegócios. Estamos construindo um modelo participativo, onde todos têm a chance de opinar, pois existem várias formas de se encarar a bioenergia, diz.
No evento, Feijão falou sobre a bionergia no contexto de pesquisa e desenvolvimento da APTA, relacionando atualidade e potencialidade. Considerando os seis institutos de pesquisa e os 15 pólos ligados à APTA, tem-se uma ampla produção de estudos ligados à bioenergia. A coordenação da Agência tem direcionado esforços no sentido de agrupar os estudos a fim de priorizar um amplo programa de bioenergia, ao invés de vários pequenos projetos distribuídos nas unidades.
O pesquisador da APTA, Denizart Bolonhezi, palestrou sobre o potencial das culturas oleaginosas para biodiesel no Estado. Considerando as variedades desenvolvidas e as técnicas de manejo estudadas, Bolonhesi apontou aspectos favoráveis e desfavoráveis da produção de soja, mamona, girassol e amendoim para a produção do combustível verde. Não tem oleaginosa anual que bata o amendoim em óleo, mas na ponta do lápis fica difícil produzir biodiesel de amendoim, disse, referindo-se aos custos de produção, embora a cultura tenha até 50% de óleo. Segundo Bolonhesi, o amendoim deverá ser usado como aditivo para melhorar a qualidade de outros óleos.
O pesquisador destacou também a necessidade de considerar aspectos da sustentabilidade da cultura uso de água, nitrogênio e agroquímicos. O caminho é a adoção de sistemas conservacionistas de manejo. Nesse sentido, Bolonhesi apontou resultados de pesquisas que mostraram redução de custo de produção de 32% para a soja e 20% para o amendoim.
O pesquisador da APTA enfatizou também a necessidade de comunicação entre os integrantes do setor produtivo. Na opinião dele, as cooperativas devem ser exercer o papel de integrar produtores de cana-de-açúcar e de grãos, já que poucos canavicultores conhecem a produção de grãos. O negócio é energia e não apenas álcool, diz. Bolonhesi considera as opções de reforma de canaviais e de pastagens como forma de ampliar o agronegócio de energia. Os números justificam a sugestão: as pastagens cobrem 50% da área agrícola do Estado de São Paulo. Já nos quase quatro milhões de hectares de cana, apenas 278. 201 hectares são usados em reforma de canavial.
Cana-de-açúcar
O pesquisador do Instituto Agronômico (IAC-APTA), Marcos Guimarães Landell, falou sobre os ganhos obtidos na canavicultura via pesquisa científica. Exemplo desse avanço está no número de cortes da planta. Há 80 anos a cana dava dois cortes, hoje há variedades que viabilizam sete cortes. Essa característica evita o desgaste do solo ocorrido a cada novo plantio. Segundo o pesquisador, em 1975, a cana rendia 65 ton/ha, 60 litros de álcool e permitia 3 cortes. Dados de 2005 revelam que esses números saltaram para 90 ton/ha, 89 litros de álcool e 6 cortes. Esses e outros ganhos ainda vieram acompanhados de redução de 21% na área plantada. A integração do setor produtivo favorece a adoção de tecnologias, que leva à evolução do segmento, diz o pesquisador.
De acordo com Marcos Landell, o sistema de pagamento pelo teor de sacarose, que veio em 1983, teve grande influência na preocupação pela qualidade da matéria-prima. Daí a importância dos programas de melhoramento genético e o investimento nessa área da pesquisa. O IAC-APTA lançará quatro variedades de cana-de-açúcar, em dezembro próximo. O investimento é o sonho do pesquisador, devemos usar os bons aspectos da cana para incrementar as atividades de outras culturas energéticas, sugere Landell.
A redução de impactos ambientais é outro aspecto relevante na canavicultura. O Programa Cana IAC tem estudos na área de impacto do uso de resíduos, coordenado pela pesquisadora Raffaela Rosseto, do Pólo APTA Centro Sul.
O zoneamento de culturas bionergéticas no Estado de São Paulo foi abordado pelo pesquisador Orivaldo Brunini, que tem estudos sobre os riscos climáticos da cana, mamona, girassol e amendoim. O estudo visa identificar áreas adequadas para a expansão de canaviais e para a adaptação de outras matérias-primas para a bionergia, considerando solo, clima e manejo. A utilização do óleo de girassol como combustível em motor foi tratada pelo pesquisador José Valdemar Gonzalez Maziero, também do IAC.
Assessoria de Imprensa APTA
Carla Gomes (MTb 28156)
Deborah Chiari estagiária