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APTA apresenta sistema inédito de cultivo hidropônico com produção intensiva de peixes na Agrishow

A necessidade de economizar água, tanto no campo como na cidade está na ordem do dia. Pesquisadores da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA) iniciaram projeto de pesquisa inédito para o desenvolvimento do Sistema Aquapônico, nas condições do Estado de São Paulo. No sistema, são cultivadas hortaliças de forma hidropônica, em conjunto com a criação intensiva de peixes. O resultado é a economia de dez a 20 vezes no consumo de água. Na Agrishow 2014, que será realizada de 28 de abril a 2 de maio, em Ribeirão Preto, interior paulista, pesquisadores da APTA, da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, vão apresentar ao público um protótipo do sistema, com o cultivo de alface e rúcula, em conjunto com tilápia e lambari.
O sistema que está sendo introduzido pela APTA no Estado de São Paulo agrupa todas as vantagens da produção intensiva de peixes com a hidroponia, em que as plantas não têm contato com o solo, são cultivadas em água e/ou substrato, dentro de estufas. Neste ambiente, há diminuição na ocorrência de pragas e doenças e proteção de intempéries climáticas e ataque de aves. Os resultados são plantas com melhor qualidade e redução de 70% a 80% no uso de agrotóxicos. Em alguns casos, o controle químico é totalmente dispensado.
Soma-se a isso, a redução do tempo de cultivo das hortaliças, facilitação de mão de obra e reaproveitamento dos nutrientes presentes na solução aquosa. Para se ter ideia, o custo de fertilizantes para produzir mil plantas está estimado entre R$ 30 a R$ 40,00. O custo total de produção por planta na hidroponia varia de R$ 0,20 a R$ 0,40. Para o consumidor, a vantagem está no maior tempo de conservação das folhosas e facilidade na higienização, pois não há contato com o solo.
O projeto de aquaponia da APTA consiste em utilizar os resíduos do sistema de produção de peixe para a produção hidropônica. “Estima-se que para produzir um quilo de peixe e sete quilos de hortaliças no Sistema Aquapônico são gastos 20 litros de água. Em sistemas tradicionais, de criação de peixes em viveiros escavados e vegetais não hidropônicos, produzidos separadamente, o consumo pode ser de dez a 20 vezes maior”, explica, Fernando André Salles, pesquisador do Polo Regional Centro-Leste, da APTA. A única perda significativa de água no sistema se dá com a evaporação.
A ideia dos pesquisadores é introduzir o sistema, já utilizado em países como Estados Unidos, Canadá e Austrália, em São Paulo, por o Estado ser bastante populoso e possuir demanda crescente por alimentos e por água. “A agricultura é uma atividade extremamente dependente de água para conseguir adequada produtividade de alimentos, o que acaba competindo por recurso hídrico com a população urbana. Qualquer técnica que consiga reduzir a quantidade de água na produção de alimentos é extremamente bem-vinda”, afirma o pesquisador da APTA, Denizart Bolonhezi. No Brasil ainda não há produção comercial de peixes e vegetais utilizando aquaponia.
Entenda como funciona o Sistema
No Sistema Aquapônico é possível produzir qualquer hortaliça de fruta ou folhosas, além de outras espécies de plantas de valor econômico, como estévia e plantas aromáticas e medicinais. “Não há restrição quanto às espécies de peixes, desde que sejam adaptadas a condições de confinamento, como as trutas e as tilápias”, diz Salles.
O pesquisador da APTA explica que a proteína presente na ração é metabolizada para formação do tecido muscular do peixe, porém, parte é excretada diretamente pelas brânquias dos animais na forma de amônia ou é perdida por meio das fezes. A amônia, mesmo em baixas concentrações, é tóxica para o peixe. ”No sistema de produção aquapônica, a amônia presente na água passa por um filtro biológico onde ocorre a nitrificação, transformando-a em nitritos e, subsequentemente em nitratos, este último produto, de baixa toxicidade para os peixes, é prontamente absorvido pelas plantas na produção hidropônica”, explica.
Além dos nitratos, a mineralização dos dejetos dos peixes fornece às plantas boa parte dos elementos necessários ao crescimento, como o fósforo, cálcio, ferro, entre outros. Com isso, não há a necessidade do uso intensivo de fertilizantes químicos.
A tecnologia poderá ser utilizada por pequenos, médios e grandes produtores. Os pesquisadores da APTA trabalham em conjunto com técnicos de extensão da Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (CATI) para fomentar e divulgar os resultados das pesquisas, que devem começar a ser disponibilizados em dois anos. “Estamos em fase embrionária do trabalho científico, que no futuro servirá para apoiar tecnicamente o sistema para que o produtor o utilize com racionalidade e sustentabilidade”, afirma o pesquisador e diretor do Polo Regional Centro-Leste, José Roberto Scarpellini.

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