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Aspectos reprodutivos das ovelhas

O processo reprodutivo dos mamíferos, domésticos e selvagens, é marcado por períodos alternados de atividade e inatividade reprodutiva. Nas fêmeas, estas alternâncias são organizadas dentro de fases distintas. Estas mudanças incluem os períodos de atividade sexual e de quiescência associados com os estágios de estro e diestro do ciclo estral (Otto de Sá, 2002). O ciclo estral dos ovinos ocorre desde animais tipicamente monoestrais (apresentam um único cio), até o mais elevado grau de poliestrismo (vários ciclos sexuais). Existem ovinos de ciclo estacional (ocorrem em determinadas estações do ano) e ovelhas que ovulam o ano todo. A variação se dá em função da raça, do ambiente e da alimentação (Cunha et al., 2001). Silva et al., 1987, relataram que a atividade ovariana depende além dos fatores citados por Cunha, da idade e do fotoperíodo (mudanças estacionais na duração dos dias). A estacionalidade da reprodução é um processo fisiológico de adaptação, utilizado pelos animais para equilibrar as mudanças estacionais de temperatura com a disponibilidade de alimentos e a exigência nutricional (Malpaux et al., 1996). Até 1993, os estudos das mudanças ocorridas no ovário ovino durante o ciclo estral eram realizados através de abordagens cirúrgicas ou com materiais obtidos em frigoríficos (Driancourt et al., 1985; Noel et al., 1993) porém as informações obtidas apresentavam muitas contradições. Alguns trabalhos relataram que os folículos antrais que estavam quiescentes, emergiam de um modo contínuo e a presença dos folículos grandes durante a fase luteal se produzia vagarosamente, alcançando alguns folículos um tamanho de 4 a 6 mm para logo regredirem (Driancourt et al., 1991). Por outro lado, outros estudos mostravam que a dinâmica folicular nos ovinos era similar à observada nos bovinos, ou seja, em formas de ondas de desenvolvimento (Noel et al., 1993). Mais recentemente, com a introdução da ultra-sonografia transretal como técnica não invasiva e repetitiva, para o estudo da fisiologia ovariana em pequenos ruminantes (Ginther e Kot, 1994; Rubianes et al., 1996) se encontraram evidências que suportaram que o desenvolvimento folicular na ovelha se apresentava em ondas. De acordo com Ginther et al. (1995) e Evans et al. (2000), essas ondas acontecem com a emergência de folículos que crescem desde 3 mm e, são em número de 3 a 5 ondas foliculares em cada ciclo interovulatório, sendo predominante a média de 3 ondas que emergem respectivamente ao redor dos dias 0, 6 e 11 do ciclo estral ovino. O ciclo estral em ovinos é dividido em duas fases: folicular e luteal. Na fase folicular tem-se o estro, que nesta espécie dura 24-36 horas, com a ovulação acontecendo nas últimas 12 horas do estro. A duração do ciclo estral e o momento da ovulação têm pequenas diferenças entre as fêmeas desta espécie, variando de 14 a 20 dias e de 6 a 18 horas finais do estro, respectivamente. A duração média de um ciclo completo nas ovelhas é de 17 dias (Hafez, 1995). Segundo Ginther et al. (1995), o motivo de existirem diferenças no número de ondas por ciclo é que desde a transição do anestro estacional à estação reprodutiva, os ciclos interovulatórios são mais longos ou mais curtos que o normal podendo assim se ter mais ou menos ondas foliculares. Viñoles et al. (1999) descreveram que ovelhas com boa condição corporal têm mais ondas por ciclo do que aquelas com condição corporal regular. Na vaca a existência de dominância folicular se caracteriza por dois fenômenos: a divergência no crescimento entre o maior folículo e o segundo maior; e uma diminuição do número de folículos pequenos correlacionada com o crescimento do folículo maior (Rubianes, 2000). Trabalhos realizados por Viñoles et al. (1999) e por De Castro et al. (1999), mostraram que o fenômeno da dominância folicular também existe em ovelhas e cabras, respectivamente. Durante o ciclo estral ocorre uma cadeia de eventos que se repetem até o impedimento da luteólise pela gestação ou pelo anestro estacional. O processo de foliculogênese tem início com a formação dos folículos durante a vida fetal, ou seja, ao nascimento a cordeira já tem determinado o número de folículos primordiais nas suas gônadas. A maioria desses folículos durante o seu crescimento vai se degenerar no processo conhecido como atresia folicular, enquanto, apenas uma minoria vai completar sua maturação e ovular. Provavelmente, a interação de diversos fatores de crescimento seja responsável pelo recrutamento de folículo primordial até a expressão de mRNA para receptor de FSH e conseqüente dependência de gonadotrofinas para continuar o seu desenvolvimento (Moraes et al., 2002). Das gonadotrofinas, somente o FSH tem sido observado como capaz de estimular o desenvolvimento folicular, enquanto que a presença de LH não é capaz de suportar o desenvolvimento de folículos até o estádio pré-ovulatório (Campbell et al., 1995). Os folículos estrogênicos também são designados como dominantes pela sua habilidade de resistir à atresia e passar aos estádios finais de maturação (Driancourt, 1994). Esses folículos têm o potencial de se tornarem ovulatórios quando expostos a um ambiente endócrino adequado, especialmente na presença de um padrão pulsátil de LH com alta freqüência. Na fase final de desenvolvimento folicular, após a dominância é observada a expressão de receptores de LH na camada de células da granulosa (Evans e Fortune, 1997). O estro é um complexo de sinais fisiológicos e comportamentais que ocorre logo antes da ovulação. Entre muitos sinais de estro que podem ocorrer, o mais característico e confiável da ocorrência de estro, principalmente em ovelhas, é o sintoma da fêmea ficar imóvel quando montada (figura 1). A edemaciação da vulva, hiperemia da mucosa vaginal, inquietude e redução do consumo alimentar, apesar de também serem alguns dos possíveis sinais de estro, são de difícil visualização na espécie pois a ovelha quase que não os apresenta. Esses sinais são induzidos pela elevada concentração de estradiol na circulação, proveniente do folículo pré-ovulatório. Segundo Moraes et al. (2002), a ação do estradiol é potencializada pela pré-exposição à progesterona, fato esse, que é lógico e não traz maiores conseqüências quando em um ciclo estral normal, mas que tem implicações na indução de estro, notadamente em períodos de anestro.

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