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Biológico homenageia pesquisadora Victória Rossetti pela contribuição na área citrícola

Com a presença do secretário João Sampaio e do ex-ministro Roberto Rodrigues, o Instituto Biológico (IB-APTA) da Secretaria de Agricultura e Abastecimento presta no próximo dia 28 (segunda-feira), às 10h, em São Paulo (SP), homenagem à pesquisadora Victória Rossetti. Falecida no dia 26 de dezembro de 2010, com 93 anos de idade, Victória foi uma das maiores autoridades em fitopatologia no Brasil e no exterior, deixando enorme bagagem de trabalhos nessa área de conhecimento, diz o diretor do IB Antonio Batista Filho. Assim, fez o Biológico crescer com suas pesquisas, o seu conhecimento e a estrutura básica para o fortalecimento da fitopatologia na Instituição, principalmente no estudo das doenças que acometem as plantas cítricas.
Principais contribuições
Anos 1940 - No IB, Victória trabalhou inicialmente com as doenças provocadas por patógenos do gênero Phytophthora, agentes causais da doença gomose de Phytophthora dos citros. As pesquisas com esses e outros importantes patógenos de citros, nas áreas de etiologia, epidemiologia e controle, fizeram com que ela, em pouco tempo, se tornasse conhecida internacionalmente, diz o pesquisador Eduardo Feichtenberger. Em conjunto com Elliot Kitajima (ESALQ-USP) e Joseph Bové (França), Feichtenberger publicou artigo sobre Victória Rosseti na revista Summa Phytopathologica e nos anais da última Conferência da Organização Internacional de Virologistas de Citros (IOCV) realizada no Brasil.
Ainda na década de 40, Victória passou a trabalhar com a virose da tristeza (CTV), que dizimava os pomares de citros de São Paulo. Ela avaliava, em colaboração com o Instituto Agronômico (IAC-APTA), combinações de copas e porta-enxertos de citros para resistência tanto ao CTV quanto à Phytophthora. Os resultados desses estudos permitiram selecionar o limoeiro Cravo como porta-enxerto tolerante ao CTV e moderadamente resistente à Phytophthora”, além de tolerante à seca, dizem os pesquisadores. Assim, vieram a “substituir a laranja azeda utilizada até então e a se constituir no principal porta-enxerto da nova citricultura paulista”.
A equipe de Victória no IB deu continuidade aos estudos sobre o comportamento dos principais porta-enxertos de citros frente às infecções experimentais por Phytophthora spp. Os pesquisadores Orchisio F. Mello, Domingos A. Oliveira e Eduardo Feichtenberger contaram ainda com a colaboração de pesquisadores do IAC, tais como Jorgino Pompeu Junior, Joaquim Teófilo Sobrinho e José Orlando Figueiredo. “Os resultados desse projeto cooperativo entre os dois institutos de pesquisa permitiram selecionar porta-enxertos de citros e gêneros afins mais tolerantes à Phytophthora.”
Victoria envolveu-se depois com outras importantes doenças dos citros no país, incluindo viroses como a sorose e doenças provocadas por viróides como a cachexia e o exocorte, gerando informações relevantes aos programas de produção e certificação de materiais propagativos de citros livres desses patógenos. “Ela participou ativamente da Comissão Técnica Assessora do Programa de Registro de Plantas Matrizes de Citros do Estado de São Paulo, que previa a seleção de plantas de elite nos pomares, a reprodução e a manutenção dessas plantas no Centro de Citricultura do IAC, e a comprovação inicial e depois periódica de que essas plantas estavam livres de estirpes severas do CTV e dos patógenos agentes causais de sorose, exocorte e cachexia.”
Borbulhas dessas plantas matrizes selecionadas e sadias, prosseguem os pesquisadores, eram então fornecidas aos viveiristas para a produção de mudas livres desses patógenos. “Esse programa foi fundamental para o futuro desenvolvimento da nova citricultura paulista, pois permitiu afastar a séria ameaça que essas doenças representavam na época.”
Anos 1950 - No final da década de 50, ela colaborou nos trabalhos sobre a leprose dos citros que confirmaram a associação dessa virose com o ácaro Brevipalpus phoenicis. Mais tarde, com outros colaboradores, comprovou que a leprose é doença provocada por vírus de ação local (CiLV) e que no país o ácaro Brevipalpus phoenicis é o vetor da doença. Sempre em parceria, também conseguiu comprovar a transmissão da leprose por enxertia de tecidos. “Participou depois de importantes estudos sobre a etiologia da leprose, em colaboração com outros virologistas do Instituto Biológico, dentre eles Addolorata Colariccio.”
Anos 1970 e 80 - Ela passou a trabalhar com o cancro cítrico depois da constatação da ocorrência da bacteriose em Presidente Prudente (SP). De 1975 a 1977, presidiu a Comissão Permanente do Cancro Cítrico da Secretaria da Agricultura do Estado de São Paulo, que orientava os trabalhos de erradicação da doença no Estado. Colaborou com os estudos iniciais sobre a doença no país, que depois tiveram continuidade.  Colaborou também em muitos outros estudos sobre a doença realizados por pesquisadores do IB. Na década de 80, com a criação da Estação Experimental do Biológico em Presidente Prudente, destinada a estudos de campo com a doença, colaborou em vários projetos de pesquisa com a participação de pesquisadores da sua Divisão de Patologia Vegetal. Em 1982, publicou em conjunto com colaboradores do IB uma Bibliografia Analítica sobre o Cancro Cítrico. 
Com a constatação do declínio dos citros no país, doença de etiologia ainda não determinada, Victória passou a trabalhar também com essa doença. Junto com colaboradores, conseguiu a sua transmissão por enxertia de raízes, sugerindo um possível envolvimento de um agente infeccioso na sua causa. Os trabalhos realizados em conjunto com vários colaboradores do IB contribuíram em muito para um melhor conhecimento da doença e a sua associação com a utilização de porta-enxertos de citros intolerantes à anomalia.
Victória teve participação fundamental na determinação da etiologia da clorose variegada dos citros (CVC), nome por ela dado à doença que em 1987 foi constatada na região norte do Estado de São Paulo. Estudos realizados no Laboratório da Universidade de Bordeaux (França) constataram a existência da bactéria Xylella fastidiosa nos vasos do xilema em amostras de materiais enviadas àquela universidade. Estudos posteriores realizados pelos franceses confirmaram como sendo a agente causal da CVC. X.fastidiosa. Projeto genoma da FAPESP permitiu, posteriormente, que este fosse o primeiro fitopatógeno a ter o seu genoma sequenciado no mundo. “O feito teve repercussão internacional e lançou o Brasil no seleto ´clube´ dos que dominam esta tecnologia, e contribuiu para a formação de uma nova geração de cientistas envolvidos nessa área biotecnológica.”
Victória desenvolveu ainda métodos engenhosos para diagnosticar doenças dos citros, como o de avaliar o fluxo de seiva pelos vasos do xilema das plantas no diagnóstico do declínio dos citros, através de injeções com água no tronco das plantas.
Ela não teve chance de participar dos estudos em desenvolvimento no país e no exterior com o “huanglongbing” (HLB) ou “greening”, embora sempre tenha destinado enorme atenção e preocupação a esta doença. “Já antevia que a doença poderia colocar em risco a sustentabilidade de toda a cadeia produtiva envolvida. O HLB sempre se constitui no seu maior temor. Muitos foram os artigos e alertas que ela fez no país sobre a ameaça que a doença representava e das medidas recomendadas para se evitar a sua introdução entre nós. Ironicamente, o relato da ocorrência do HLB no Brasil só foi feito quando ela já se encontrava enferma e sem condições de participar dos trabalhos ora em desenvolvimento.”
Produção técnico-científica
Victória publicou mais de 450 trabalhos, incluindo artigos científicos, artigos de divulgação e boletins técnicos. Publicou dois livros e mais de dez capítulos de livros editados no país ou no exterior. Participou de dezenas de comissões técnicas e grupos de trabalho. Coordenou inúmeros projetos de pesquisa e participou de vários programas de pesquisa em nível nacional e internacional.
Participou ainda de missões técnicas nas principais regiões produtoras de citros do globo, para avaliações sobre problemas e orientações de equipes de pesquisa. Além de associar-se a inúmeros cientistas do país e do exterior, contribuiu para a formação de numerosos pesquisadores.
Assessoria de Comunicação da APTA
José Venâncio de Resende
(11) 5067-0424

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