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Centro de Seringueira e Sistemas Agroflorestais é a nova unidade do Instituto Agronômico

 
O Instituto Agronômico (IAC), de Campinas, passa a ter o Centro Avançado de Pesquisa Tecnológica do Agronegócio de Seringueira e Sistemas Agroflorestais. A unidade de pesquisa da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA), em Votuporanga, se tornou um centro especializado em heveicultura a partir de decreto assinado em 4 de dezembro de 2013, pelo governador Geraldo Alckmin, em São Paulo. O objetivo é reunir competências multidisciplinares no Centro, o único no Brasil com esse perfil, onde serão conduzidas pesquisas com seringueira e sistemas integrados de produção agropecuária e de espécies florestais de interesse econômico. As atribuições do Centro estão sendo elaboradas pelo coordenador da APTA, Orlando Melo de Castro, em conjunto com a equipe técnica.
A unidade de Votuporanga possui 30 hectares com seringueira e conduz, atualmente, pesquisas com cerca de 600 clones. Lá, há um banco de germoplasma com cerca de 200 acessos, que somado às coleções que ficam no IAC, em Campinas, e no Polo da APTA, em Colina, compõe um dos maiores bancos de germoplasma da espécie no Brasil. Na fazenda Santa Elisa, do IAC, em Campinas, há cerca de cem clones, introduzidos em 1952.
Com estudos em seringueira desde a década de 50, focadas em obtenção e avaliação de materiais, o IAC, da Secretaria de Agricultura e Abastecimento, já lançou 31 clones de seringueira, todos registrados no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Os resultados do Instituto contribuíram para fazer de São Paulo o maior produtor nacional de borracha natural. As mais recentes contribuições do IAC foram a disponibilização de 15 clones da série IAC 500, que se caracteriza por apresentar redução do período de sangria de sete para seis anos, com produtividade semelhante ao clone RRIM 600, o mais cultivado no Brasil. Esses materiais já estão à disposição dos heveiculttores paulistas.
De acordo com o pesquisador responsável pelas pesquisas no IAC, Paulo de Souza Gonçalves, com o Centro, a expectativa é que sejam reforçados os estudos nas regiões produtoras, onde tem ocorrido aumento de problemas fitossanitários, em razão da ampliação das populações de seringais. “Precisamos reforçar as pesquisas em tecnologia de produção, fisiologia e fitotecnia”, diz.  Com o sistema agroflorestal, em que são cultivadas, na mesma área, espécies nativas da região com outra exótica, espera-se minimizar ou eliminar ocorrências de percevejo de renda, ácaro e antracnose. O pesquisador comenta que a região paulista do Vale do Ribeira, onde a incidência do Mal das Folhas inviabiliza o cultivo da seringueira “solteira”, deverá ser beneficiada com a adoção do sistema agroflorestal. Essa alternativa já é adotada na Bahia, onde o cultivo da seringueira, planta exótica da Ásia, é feito juntamente com o cacau, a fim de evitar doenças.
Atualmente as pesquisas com seringueira do IAC já são realizadas em parceria com a unidade de Votuporanga. Toda a parte estratégica do Programa de Seringueira é desenvolvida em Campinas, sob a liderança de Gonçalves, que tem 41 anos de experiência em heveicultura. As ações práticas de experimentos e multiplicação de clones são realizadas em Votuporanga, sob os cuidados do pesquisador Erivaldo José Scaloppi Junior, com a coordenação de Gonçalves.
Gonçalves acredita que o Centro terá repercussão em todo o Brasil, pois o IAC, pelos resultados já gerados, recebe diariamente mensagens, telefones e cartas de todas as regiões brasileiras e do exterior. O número de contatos é tão alto que o pesquisador diz faltar tempo para escrever artigos científicos. Dedicado à genética e ao melhoramento de seringueira desde os seus 22 anos de idade, ele também é orientador no curso de Pós-Graduação em Agricultura Tropical e Subtropical do IAC. Atualmente, tem quatro alunos orientados, sendo três do doutorado e um do mestrado. Gonçalves pretende continuar colaborando na formação de novos pesquisadores que no futuro darão sequência às atividades no Centro Avançado de Pesquisa Tecnológica do Agronegócio de Seringueira e Sistemas Agroflorestais.

Gonçalves ressalta que a seringueira é cultura perene e, por isso, para chegar a um novo clone são necessários 30 anos de pesquisa. Por esse motivo, o setor privado não investe em pesquisa. Entretanto, segundo o pesquisador, recursos não faltam para a ciência com heveicultura, que tem na Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) e Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) seus financiadores. Esse aporte existe desde 1992, quando o programa tomou impulso com as pesquisas nas linhas de melhoramento genético, manejo, adubação e nutrição. O principal objetivo do Programa Seringueira do IAC é obter clones com alto potencial de produção, vigor e outros caracteres adaptados às diferentes condições edafoclimáticas do Estado de São Paulo.
Paulo Gonçalves chegou ao IAC há 28 anos. Assumiu o trabalho realizado por Mário Cardoso, já falecido, então responsável pelos clones da série 300. O trabalho de Gonçalves resultou nos clones das séries 400 e 500. No total, 31 materiais foram desenvolvidos nas últimas três décadas. Dessas contribuições, participam também os pesquisadores Nelson Bortoleto, aposentado em 2008, Antonio Lúcio de Melo Martins, atualmente diretor do Polo da APTA de Pindorama, e Scaloppi Junior, o mais novo na equipe.
Texto: Carla Gomes (MTb 28156) 
Assessora de Imprensa – IAC

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