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Cultivo de macroalga é alternativa de renda para pescadores artesanais do litoral norte de São Paulo, revela pesquisa da Secretaria de Agricultura

Pesquisadora mapeou áreas mais aptas para desenvolvimento da atividade na região

 

O cultivo da macroalga Kappaphycus alvarezii pode ser uma alternativa econômica importante para pescadores artesanais do litoral norte paulista, é o que indica pesquisa realizada pela Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, por meio do Instituto de Pesca (IP-APTA), e Faculdade de Engenharia Agrícola da Universidade Estadual de Campinas (Feagri-UNICAMP). Além de trazer renda para as comunidades pesqueiras, o extrato da alga, usado como biofertilizante, gera mais produtividade para a agricultura, como mostram os resultados do trabalho.

A pesquisadora do IP Valéria Cress Gelli, que coordenou o estudo, explica que a K. alvarezii é normalmente cultivada para a produção da carragenana, um tipo de gelatina de aplicação em diversos segmentos industriais. A pesquisa do IP, no entanto, incentiva um novo uso para a alga: a utilização de seu extrato como biofertilizante na agricultura. “Nós estamos trabalhando com esta outra possibilidade para o processamento da macroalga, que seria o extrato dela - seu ‘suco’ -, que pode ser processado de forma artesanal nas próprias dependências do produtor”, explica a pesquisadora. “Já existem muitos trabalhos científicos que comprovam a eficiência desse extrato de forma foliar na agricultura, com diminuição de doenças, resistência a estiagens e aumento na produtividade - só para alface, por exemplo, esse aumento foi de, em média, 23%”, complementa, ressaltando seu potencial para a agricultura orgânica e para o agronegócio. A facilidade na implantação e manejo dos cultivos da alga e a possibilidade de processamento artesanal do extrato são os atrativos do projeto junto às comunidades de pescadores, em um momento em que a pesca tem continuamente diminuído. “Nos estudos, comprovamos que esse extrato é economicamente viável para que os pequenos produtores possam produzir. Nós fizemos uma seleção, através de ferramentas de geotecnologia, das áreas mais aptas à implantação da atividade no litoral paulista. Utilizamos vários critérios – biológicos, ambientais, sociais e legais – para fazer essa seleção, e hoje sabemos exatamente em quantas áreas, em quais locais e de que tamanho poderia ser cultivada a macroalga”, detalha Valéria. Estas informações são fruto de sua tese de doutorado, orientada pelo professor Jansle Vieira Rocha, da Feagri.

A pesquisadora do IP acredita que os resultados obtidos possam ser um norte para o desenvolvimento ordenado e sustentável da atividade na região, em grande parte situada na Área de Proteção Ambiental Marinha do Litoral Norte (APA marinha). Além disso, torce para que o trabalho possa fomentar outras iniciativas semelhantes no país. “Apesar de ser ainda cultivada apenas nessa área restrita (entre os litorais de SP e RJ), já há perspectivas de que, em alguns anos, o cultivo da alga seja liberado em Santa Catarina, podendo ser uma alternativa também para as comunidades pesqueiras desse estado”, assegura a pesquisadora.

Uma alga, muitas possibilidades

As pesquisas do IP com a macroalga não param por aí. A K. alvarezii vem mostrando que tem muito mais a oferecer, além do biofertilizante e da carragenana. Um exemplo é seu uso na obtenção de bioetanol, como tem sido evidenciado em estudos feitos em conjunto com a UNESP de Araraquara, com a equipe do pesquisador Fernando Masarin e financiado pela FAPESP. “Essa macroalga tem um crescimento muito rápido, de 3 a 8% ao dia, sendo possível formar uma biomassa bastante expressiva em pouco tempo”, afirma a pesquisadora, mencionando que a alga tem se mostrado mais eficiente na produção de bioetanol de quarta geração que os resíduos da cana-de-açúcar. Além disso, já há pesquisas (em parceria com a equipe da pesquisadora Valéria Reginatto Spiller, da USP de Ribeirão Preto, também financiadas pela FAPESP), objetivando a produção de hidrogênio a partir das macroalgas cultivadas pelo IP, assim como estudos recentes no aproveitamento integral da macroalga para alimentação, monitoramento ambiental e na extração de bioativos.

Para Valéria, o cultivo da macroalga acumula vantagens ambientais, sociais e econômicas. “Cultivando essa macroalga, temos captura de gás carbônico, geração de emprego e renda e ela ainda pode ser utilizada como biorremediadora, retirando do ambiente compostos poluentes”, enfatiza. Conforme conta, o IP é a única instituição que detém as variedades da espécie no estado e enxerga muito potencial em suas aplicações. “Acreditamos que a macroalga possa ser um grande recurso para o Brasil no futuro, como alimento humano e ração animal”, finaliza a pesquisadora.

 

Por Gustavo Almeida

Assessoria de Imprensa APTA

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