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Etanol: mandioca tem potencial para seguir os passos da cana-de-açúcar nos anos 1970

A mandioca tem grande potencial de utilização para a produção de etanol, pois suas características biológicas podem colaborar substancialmente para diminuir os impactos sociais e ambientais, dizem os pesquisadores Teresa Losada Valle, José Carlos Feltran e Cássia Regina Limonta Carvalho, do Instituto Agronômico (IAC-APTA) da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo. Porém, este potencial é pouco aproveitado porque o desenvolvimento tecnológico da cultura sofreu melhorias lentas e muito aquém do necessário.
Os pesquisadores do IAC consideram a fase atual da mandioca similar à da cana-de-açúcar nos anos 1970. “Suas potencialidades naturais somente poderão ser aproveitadas mediante um forte apoio do setor público para a formação de recursos humanos, desenvolvimento de tecnologia e transferência para o setor produtivo.”
Eles citam o exemplo da região do Vale do Paranapanema em São Paulo, onde se desenvolve uma agricultura intensiva altamente tecnificada em dois tipos de solo: com alta e baixa fertilidade. É utilizada a melhor tecnologia disponível para as culturas de cana-de-açúcar, mandioca e milho. O cultivo de mandioca é concentrado em solos de baixa fertilidade; o do milho em solos mais férteis; e o da cana-de-açúcar em solos férteis, mas recentemente expandindo-se para solos mais pobres. 
Em relação aos custos energéticos da etapa agronômica e industrial e outros parâmetros pertinentes ao balanço energético para a produção de etanol a partir das três culturas, os pesquisadores citam estudo que permitem identificar os consumos relativos de energia em cada etapa do processo. “Verifica-se que o grande consumo na área agronômica encontra-se no item insumos que é cerca de 50, 36 e 77% em cana-de-açúcar, mandioca e milho, respectivamente. Entre os insumos, o de maior custo energético é a adubação nitrogenada. Considerando-se as necessidades das três culturas, a mandioca tem o menor consumo de N.”
No item “oportunidades de desenvolvimento tecnológico e impactos sócio-econômicos voltados para a produção de energia”, os pesquisadores do IAC afirmam que, embora disponha de poucos conhecimentos técnico-científicos em relação a outras espécies cultivadas, a mandioca por ser nativa do Brasil dispõe de “bom conhecimento empírico e, também, de conhecimentos técnico-científicos voltados para a produção de farinha de mandioca amido, que podem ser utilizados como imput na produção de energia”.
Destacam ainda o progresso na produtividade e teor de matéria seca obtido pelo IAC, através de novas variedades mais produtivas, resistentes a doenças epidêmicas e tolerantes a solos de baixa fertilidade. Porém “só recentemente o teor de matéria seca passou a ser considerado atributo importante na comercialização”. Eles defendem que, “para a produção de etanol, em tese, é interessante o desenvolvimento de variedades que acumulam açúcares diretamente fermentescíveis na raiz, (que) assim não necessitariam do processo de sacarificação. Germoplasma com esta característica já é conhecido, porém há necessidade de serem desenvolvidas variedades aptas ao cultivo em grande escala”.
Em relação à mecanização, a evolução a partir dos anos 1990 (“muitas etapas passaram a ser totalmente mecanizadas, como o plantio, ou parcialmente mecanizadas, como a colheita”), associada ao uso de herbicidas, permitiu o aumento das áreas cultivadas nos Estados de São Paulo, Paraná e Mato Grosso do Sul, além de estar se expandindo para outros estados. “Porém a mandioca ainda demanda uma razoável quantidade de mão-de-obra que pode ser limitante ao seu cultivo.”
Os pesquisadores do IAC vêem também uma possibilidade de fonte extra de renda por meio de consórcios focados na produção de energia. Por permitir uma série de arranjos espaciais em campo que não alteram a produção, podem ser agregadas a um sistema de fileiras duplas culturas energéticas, como batata-doce e amendoim, aumentando o rendimento energético e a sustentabilidade. “Por exemplo, dados experimentais mostram que plantio de mandioca em fileiras duplas consorciadas com batata-doce, desde que acertadamente manejados, não diminuem a produção de mandioca e batata-doce em relação aos cultivos solteiros, aumentam a eficiência em relação ao uso da terra em mais de 50% (Mattos e Souza, 1987), e evidentemente aumenta-se a produção de energia do sistema de forma substancial.”
Outro aspecto levantado pelos pesquisadores do IAC é que a mandioca tem perfil tecnológico voltado para a agricultura familiar. Assim, “fazendo contraponto ou sendo complementar à cana-de-açúcar, pode continuar seu desenvolvimento tecnológico voltado para grandes agronegócios e para a integração da agricultura familiar na produção de energia com caráter social integrador e não excludente”.
Por fim, para efeito de formulação de políticas públicas, os pesquisadores sugerem explorar características da cultura como baixo consumo de capital, fluxo constante de caixa, modelo de negócios para pequenos produtores, equipamentos desenvolvidos por pequenos produtores, contratos de comercialização e geração de emprego, competências e renda.
Link: íntegra do artigo “Mandioca para a produção de etanol”
Assessoria de Comunicação da APTA
José Venâncio de Resende
(11) 5067-0424
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