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Exportações e adulteração do leite, em debate na reunião da Câmara Setorial

A produção brasileira de leite deve crescer 4,7% ao ano, devendo atingir 50 bilhões de litros em 2020, frente a um consumo crescente de 1,7% ao ano, para 40 bilhões de livros no mesmo período. Com isso, haverá um excedente exportável de 10 bilhões de litros em 2020, o que representa 20% da produção total e 11% do mercado internacional. O cenário foi traçado pelo presidente da Serlac Trading S/A, Alfredo Goeye, durante reunião da Câmara Setorial de Leite e Derivados, no dia 01 de novembro, por ocasião da Feileite no Centro de Exposições Imigrantes na cidade de São Paulo. Redução de subsídios, efeito Austrália-União Européia-Nova Zelândia nas exportações de leite, redução a zero dos estoques mundiais de lácteos em 2006/2007 e demanda mundial crescente explicam o recente boom das exportações brasileiras, segundo Goeye. Apesar da crise atual decorrente de denúncias de adulteração do leite em cooperativas de Minas Gerais, o presidente da Serlac considera o mercado internacional bastante favorável ao produto brasileiro. O esforço exportador é benéfico para a cadeia de produção porque ajuda a regular o preço, além de forçar uma melhoria na qualidade e na produtividade, disse. O presidente da Cooperativa de Laticínios de Sorocaba (COLASO), Antonio Julião Bezerra Damasio, ao comentar a palestra, disse que há um excedente de leite que não está sendo exportado. Ele alega que o Brasil ainda tem muito poucas fábricas qualificadas para exportar. “Nós exportamos leite em pó ou evaporado - quer dizer, você tira uma parte da água -, que é igual a condensado com açúcar, ou queijo. Então, as fábricas não estão certificadas para exportação. Nós tivemos em agosto um excedente muito grande de produção que não pôde ser absorvido num mercado que queria leite, que é o mercado externo. Acho que nós temos menos que cinco empresas capacitadas para exportar. Então, é preciso mais empresas certificadas para poder exportar, principalmente o leite em pó que até o ano passado estava em dois mil dólares e hoje está em cinco mil dólares. E nós não estamos conseguindo colocar esse leite lá fora. Enquanto isso, o preço do leite aqui está caindo por excesso de oferta de leite.” Fiscalização e legislação Ao discutir a adulteração do leite em cooperativas de Minas Gerais, os membros da Câmara Setorial, de maneira geral, atribuíram as denúncias à falta de fiscalização e de uma legislação mais rigorosa para punir os fraudadores. Marcelo Pereira de Carvalho (Milk Point), porém, considera que o setor poderia ter uma postura mais pró-ativa nessa questão, como têm feito outros segmentos. “A ABIOVE, por exemplo, que reúne a indústria da soja, criou em 2006 a moratória da soja, deixando de comprar, por dois anos, o produto proveniente de áreas desmatadas após 24 de julho de 2006 e que estejam dentro do bioma amazônico. A ABIC, do café, possui o Selo de Pureza, que é auto-regulado. A UNICA, da indústria canavieira, vê cada vez mais a importância de participar e se comprometer com protocolos ambientais e trabalhistas, sob o risco de perder mercados importantes. São todos exemplos de setores do agronegócio que estão se mobilizando para dar uma resposta ao mercado consumidor”, diz. Marcelo acredita que o setor lácteo deva fazer o mesmo. “Selos de qualidade e compromissos de conduta seriam iniciativas que iriam nesta linha, desde que bem implementados. Fiscalização é sem dúvida importante, mas cada vez mais o consumidor, amparado pela mídia e pelas instituições de defesa do consumidor, espera que o próprio empresariado seja responsável pelos seus atos e pelo seu comportamento. Isso, apesar de ser uma ameaça, pode ser transformado em oportunidade para quem souber ler a tendência.” Segundo Antonio Julião, o selo de qualidade é uma das propostas da segunda fase da tomografia da cadeia produtiva do leite, elaborada pelo PENSA-FEA-USP com o apoio de entidades como Sebrae, Faesp, OCESP e IEA-APTA da Secretaria de Agricultura e Abastecimento. “O planejamento das ações selecionadas nesta fase tem verificação de qualidade, o selo da qualidade, rodízio de inspetores, etc. Esse trabalho foi feito por toda a cadeia, todos participaram, coordenados pelo PENSA. Houve comparações internacionais, com visitas a empresas na Nova Zelândia, na Austrália... Se seguir aquilo ali, nós conseguiremos resolver várias coisas, inclusive o fomento da produção no Estado de São Paulo.” José Venâncio de Resende

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