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Formação adequada da pastagem: o alicerce da produtividade

Introdução A ovinocultura, nas regiões Sudeste e Centro-Oeste, vem crescendo em ritmo acelerado e a produção econômica de alimentos para estes animais é um grande desafio. Toda exploração pecuária, intensiva ou não, em condições econômicas, depende de pastagens que, sabidamente, é o alimento mais barato dos ruminantes. Um dos fatores mais importantes para o sucesso na exploração das pastagens é a perenidade da mesma e, neste sentido, o bom estabelecimento das plantas forrageiras é um dos aspectos mais importantes para atingir elevada produção por longo tempo (sustentabilidade), pois um estabelecimento adequado da pastagem é o alicerce da produtividade duradoura. O conceito de sustentabilidade da pastagem deve ser entendido como a manutenção, ao longo do tempo, do vigor e da produtividade da forrageira, sendo capaz de sustentar economicamente os níveis de produção e de qualidade forrageira exigidos pelos ovinos. Quanto maiores os cuidados na formação e manutenção da pastagem, maior o retorno em produtividade. Neste sentido, a combinação apropriada de estratégias tecnológicas de formação e manejo da pastagem, certamente terá como conseqüência, além da sustentabilidade, possibilidades de maior retorno econômico e de competitividade no mercado de ovinos. Para que a pastagem tenha bom valor nutritivo e produtividade, alguns aspectos fundamentais devem ser considerados desde a sua formação. Neste sentido, algumas estratégias importantes e necessárias para a correta formação das pastagens devem ser seguidas. Escolha da espécie forrageira A opção pela espécie forrageira é o princípio de tudo. Esta prática deve ser feita com critério e, para isso, deve-se levar em consideração alguns fatores básicos, tais como: o objetivo da pastagem (pastejo, corte, fenação, silagem), para qual tipo de animal se destina, qual categoria animal vai utilizá-la, adaptação a cortes ou pastejos freqüentes, adaptação às condições de clima e solo locais, entre outros. É importante lembrar sempre que para cada tipo de clima e solo existem espécies forrageiras mais adaptadas. A escolha da espécie forrageira `errada´ para o solo é um dos fatores que mais comprometem a produção. Como exemplo pode-se citar: forrageiras que não toleram excesso de água plantadas em solos úmidos ou sujeitos a alagamento normalmente não sobrevivem. Outro exemplo: implantar uma espécie exigente em fertilidade em solos pobres, sem adubação corretiva é, certamente, criar um fator de predisponibilidade à degradação desde o momento da formação da pastagem. Qualidade da semente e mudas Outro fator que compromete a formação da pastagem é o uso de sementes de baixa qualidade. No momento da aquisição das sementes é importante não fazer a escolha somente com base no preço e, sim, priorizar pela qualidade do produto adquirido. É comum encontrar no mercado sementes que variam em relação à pureza e à germinação, em função dos diferentes processos de colheita. São comuns sementes com excesso de resíduos vegetais, solo e também com misturas de sementes de outras forrageiras e invasoras. Este tipo de produto deve ser evitado. É fundamental a aquisição de sementes certificadas, acompanhadas de análise laboratorial e das porcentagens de pureza e germinação, ou seja, do valor cultural. Se tais cuidados forem tomados, certamente estará sendo semeada a quantidade adequada de sementes por área. A escolha de sementes de qualidade possibilita utilizar a pastagem cerca de 45 a 70 dias após a formação, enquanto uma pastagem mal formada pode levar de um a dois anos para ser utilizada. É importante que as sementes sejam adquiridas de revendedor idôneo e, após a aquisição, devem ser mantidas, até a semeadura, em condições adequadas de armazenamento. Sementes armazenadas em galpão quente, sem ventilação, próximas a adubos que comprometem a germinação ou em locais com goteiras, não terão a mesma qualidade que possuíam no momento que saíram da indústria. A seguir citam-se algumas características que as sementes de plantas forrageiras devem apresentar para garantir a formação de uma pastagem produtiva desde o início: - rapidez e uniformidade no estabelecimento; - fácil semeadura; - ausência ou pequeno número de sementes de plantas daninhas silvestres comuns; - ausência total de sementes de ervas daninhas consideradas ´nocivas proibidas´; - ausência de contaminação por espécies forrageiras indesejáveis; - pureza varietal. No caso de espécies que se multiplicam por mudas, estas devem estar maduras no momento do plantio, pois a brotação inicial depende das reservas da planta, até que ela tenha brotações suficientes para realizar fotossíntese. Preparo do solo Uma vez definida a espécie forrageira que será implantada e tomados os devidos cuidados na aquisição de mudas e sementes, o passo seguinte é o preparo de solo e este deve fornecer as condições necessárias de arejamento e umidade para permitir o perfeito desenvolvimento do sistema radicular das plantas. O preparo do solo é a mobilização feita, visando principalmente às seguintes condições: - incorporar restos culturais; - controlar o desenvolvimento de plantas daninhas; - eliminar camadas compactadas; - incorporar herbicidas, corretivos e fertilizantes; - deixar o solo suficientemente solto e em condições adequadas para receber as sementes ou mudas da espécie forrageira que será implantada. Deve-se evitar a formação de camada excessivamente fofa, por meio do uso inadequado de máquinas e equipamentos. Porém, a presença de grandes torrões também é prejudicial, pois prejudica o contato da semente ou da muda com o solo, comprometendo a emergência das plantas. Quanto ao método de preparo do solo, a recomendação generalizada pode ser inadequada, pois essa prática depende de vários fatores, entre eles o grau de infestação de plantas daninhas, espécie forrageira a ser implantada, existência e localização de camada compactada, topografia e riscos de erosão. E quanto às práticas conservacionistas, o mais recomendável é consultar um profissional especializado para adoção de uma estratégia segura. Calagem e adubação Para que as pastagens se iniciem e permaneçam sustentáveis, os solos devem ser corrigidos e fertilizados e estas práticas devem ser realizadas com respaldo da análise de solo, a exemplo do que é feito para o cultivo de cereais, pois o nível de fertilidade do solo é certamente um dos fatores que determina não só o sucesso no estabelecimento das plantas forrageiras, mas também o montante de produção e a qualidade da forragem. Para que a amostragem do solo seja representativa, a área a ser amostrada deve ser o mais homogênea possível. Para isto, deve ser subdividida em talhões homogêneos conforme o tipo de vegetação, posição geográfica (baixada, meia encosta, topo do morro, etc.), características do solo tais como cor, textura, condição de drenagem etc. e histórico da área (cultura anterior e atual, uso de fertilizantes e corretivos, etc.). Antes de realizar a amostragem deve-se limpar a superfície do solo, remover os restos vegetais, mas, deve-se, também, tomar o cuidado para não remover a camada superficial do solo. As amostras simples devem ser coletadas nos talhões, a uma profundidade de 20 cm, seguindo-se um caminhamento em zig-zag. Para um talhão de 5 ha, devem ser coletadas cerca de 10-15 amostras simples, que serão misturadas (homogeneizadas) formando uma amostra composta. Cerca de 300 g de solo são suficientes para as análises laboratoriais. O calcário deve ser distribuído uniformemente sobre a superfície da área e incorporado por meio de aração ou gradagem, até uma profundidade de 20 cm, com pelo menos dois a três meses de antecedência do plantio. O ideal é fazer a calagem no final da época de chuvas que antecede o plantio. Dessa forma, haverá tempo suficiente para o calcário reagir com o solo e neutralizar a acidez. O adubo fosfatado deve ser aplicado de uma só vez no momento do plantio. O nitrogênio e o potássio são aplicados em cobertura após o pastejo de uniformização. A correção da acidez e o suprimento adequado de nutrientes ao solo são práticas essenciais, uma vez que a planta forrageira necessita estar bem nutrida para que ocorra um bom estabelecimento da pastagem e, consequentemente, esta permaneça produtiva ao longo do tempo. Plantio ou semeadura A época ideal para se efetuar o plantio ou semeadura das forrageiras coincide com o período em que as chuvas estão se regularizando, pois se houver falta de chuvas após o plantio e as sementes já tiverem germinado, poderá ocorrer a perda total do plantio. O solo deve estar úmido, condição essencial para `pegamento´ das mudas e germinação das sementes. Épocas que ocorrem ausência de chuvas, associada à outras características climáticas tais como poucas horas de luminosidade por dia, baixa intensidade de luminosidade e baixa temperatura, não são favoráveis ao bom desenvolvimento das forrageiras tropicais e, por esta razão, é necessário um período maior desde o plantio até a utilização da forrageira. Portanto, é importante considerar a época adequada de plantio para obter rápida formação e utilização da pastagem. Espécies forrageiras cujas sementes são muito pequenas (ex. gênero Panicum) podem ser distribuídas a lanço e, em seguida, compactadas com rolo compactador de pneus lisos. É importante que as sementes sejam levemente cobertas pelo solo, sendo que a compactação favorece este contato, mas não deve ser feita se ocorrerem chuvas logo após o plantio ou em solos muito argilosos. No caso de plantio em sulcos ou covas, o espaçamento entre eles deve ser o menor possível. Um fator de insucesso freqüente na formação de pastagens é a utilização de quantidades insuficientes de sementes. Neste sentido, a boa regulagem do equipamento de plantio é uma forma de garantir que a quantidade correta de sementes (taxa de semeadura) seja distribuída na área. As sementes não devem ser misturadas com fertilizantes como o cloreto de potássio, uréia e sulfato de amônio, pois isto danificará as sementes e estas não germinarão. Com o superfosfato simples este dano não ocorre; no entanto, o plantio deve ser realizado no mesmo dia da mistura. Manejo de formação da pastagem O manejo de formação de uma pastagem resume-se na utilização menos intensiva da mesma na fase inicial, possibilitando, dessa forma, uma boa formação. Se o plantio for bem feito e ocorrer boa emergência das plantas, já aos 45 a 70 dias poderá ser dado um pastejo leve na maioria das espécies forrageiras. Porém, o ideal é não realizar um pastejo durante a primeira estação chuvosa, pois quando se tem uma baixa densidade de plantas, é desejável deixá-las crescerem livremente para a produção de sementes e, então, permitir um pastejo para que os animais auxiliem na queda e distribuição das sementes em toda a área, favorecendo, assim, a ressemeadura natural. Pastagem bem formada, homogênea, livre de invasoras, com manejo adequado, respeitando a capacidade de suporte da forrageira (número de animais em relação a forragem disponível) e suas exigências nutricionais, tem como resultado alta produtividade ao longo do tempo. Para isto, é fundamental o conhecimento de todos os fatores que compõem o ecossistema da pastagem (clima, solo, planta, animal e manejo), pois a lucratividade do setor vai depender de um elo entre os princípios corretos de manejo e o conhecimento dos fatores relacionados à resposta das plantas ao meio ambiente e ao manejo adotado. Considerações finais É fundamental preocupar-se com os principais fatores básicos necessários para o bom estabelecimento das plantas forrageiras, pois se for bem formada e manejada, uma pastagem poderá se manter produtiva por muitos anos, sem a necessidade de recuperação ou reforma. Com práticas e cuidados simples, porém fundamentais, será possível tecnificar a exploração, garantindo, assim, a produtividade da pastagem por muitos anos e, o mais importante, manter-se competitivo no mercado de ovinos. Josiane Aparecida de Lima Evaldo Ferrari Júnior Eduardo Antonio Cunha

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