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IAC-APTA apresenta na Agrishow programa pioneiro em treinamento de aplicadores de agroquímicos

As mesmas mãos que manipulam agroquímicos tocam pessoas da família – e podem transferir toxicidade —, já que os trabalhadores desconhecem atitudes simples, como a forma correta de lavar as mãos após lidar com a pulverização. Os produtos e a aplicação somam cerca de 60% dos custos de produção de tomate, por exemplo. Porém, essas despesas poderiam cair em 30% se o agricultor aplicasse adequadamente os defensivos agrícolas. Os prejuízos para a saúde e para o bolso só podem ter uma causa: a falta de informação por parte do agricultor. Ele não prejudicaria a si mesmo se soubesse como fazer melhor a tarefa no campo. Essa é a conclusão do pesquisador Hamilton Humberto Ramos, do Instituto Agronômico (IAC-APTA), da Secretaria de Agricultura e Abastecimento. O IAC é a única instituição pública que tem programa estruturado de treinamento voltado ao agricultor na área de tecnologia de aplicação e segurança no trabalho com agroquímicos. O balanço de um ano de desenvolvimento do Aplique Bem, programa pioneiro desenvolvido pelo IAC, em parceria com a empresa Arysta, será apresentado durante a Agrishow 2008, em Ribeirão Preto. Na feira, os visitantes poderão conhecer o Tech Móvel, veículo equipado usado nos treinamentos. O Aplique Bem tem por objetivo melhorar a qualidade da aplicação de agroquímicos e a segurança do trabalhador rural. Com o Aplique Bem, a orientação aos produtores ocorre diretamente nas propriedades rurais, a fim de promover a interação entre o operador e o equipamento e, assim, elevar a qualidade da aplicação, reduzir desperdícios e riscos à saúde do aplicador e do ambiente. No Brasil, faltam orientações ao agricultor sobre sistemas de qualidade de aplicação. Os reflexos estão na saúde dos trabalhadores, nos custos e nos resíduos que ficam nos alimentos que chegam aos consumidores, como mostra a pesquisa da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) divulgada no último dia 23 de abril, que aponta tomate, alface e morango como os produtos mais contaminados. Esses resultados são há muito conhecidos. A novidade está na ação realizada pelo IAC, diretamente no campo, com treinamento prático, onde o trabalhador vê — à sua frente — como os produtos químicos podem permanecer no corpo e na roupa, transferindo a toxicidade para as pessoas que estão no seu entorno. “No futuro, a análise de resíduos em alimentos vai ser exatamente um indicador da eficiência da técnica que estamos usando”, afirma o pesquisador. No treinamento participativo, com o uso de luz ultravioleta e de forma bem simples, os participantes observam que a maneira como eles normalmente lavam as próprias mãos após o manuseio de produtos não é suficiente para livrá-los dos resíduos. “Nós simulamos uma contaminação e pedimos que eles lavem as mãos, como sempre fazem. A surpresa é geral quando eles descobrem que os produtos permanecem no corpo, ou seja, aquela limpeza que eles acreditavam ser suficiente, geralmente não é”, diz Ramos. O pesquisador ressalta que a contaminação relevante não é aquela que o participante observou inicialmente. “A importante é a que não é vista, como o produto tóxico que permanece na roupa do trabalhador e é espalhado por onde ele circula”, esclarece. “Falta acesso à informação” Levar informações aos agricultores – essa meta norteia as ações do IAC. Desde a década de 1990, o IAC realiza treinamentos com agricultores, alcançando dois mil profissionais, por ano. Com a estrutura do Aplique Bem, esse número de treinados foi atingido em apenas três meses. A expectativa é ampliar ainda mais essa capacitação, especialmente porque, a partir do segundo semestre de 2008, o programa passará a contar com uma segunda unidade móvel usada nas atividades. “Trabalhamos na conscientização e na qualificação do produtor e esperamos vencer esse problema, lá na frente”, diz o pesquisador do IAC. Lançado em maio passado, o Programa Aplique Bem já esteve em 74 propriedades, de 45 cidades, nos Estados de São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul. Nessas áreas, foram treinadas 1896 pessoas. “Os agricultores visitados se mostraram dispostos a mudar o comportamento depois que mostramos os benefícios da prática correta”. Segundo o pesquisador, após a realização do treinamento, observou-se, em algumas regiões, o aumento da venda de equipamentos de proteção individual. Em Minas Gerais, notou-se aumento na procura por pontas de pulverização, já que o treinamento revelou a necessidade de trocar a ponta já gasta. As principais culturas envolvidas no Aplique Bem são: horticultura, tomate, batata, café, citros, flores, fumo, uva, maçã e pêssego. Segundo Ramos, a pesquisa já detectou que os principais problemas nessa área estão no volume de calda usado e na exposição do aplicador. “Começamos o programa pela horticultura para atender aos pequenos produtores, em pequenas áreas, com uso de pequenos equipamentos”, diz Ramos. No agendamento dos treinamentos, considera-se a cultura e os interessados no programa. Em 2007, foram priorizadas horticultura, frutas e fumo. Para este ano, serão englobadas também as grandes culturas. No mês de maio, o Aplique Bem estará em Minas Gerais, com foco no café. Já em junho, o programa estará no Cerrado, na cultura da soja. O treinamento envolve noções de segurança, adequado uso de pulverizadores, uso de EPI (equipamentos de proteção individual) e tecnologias de aplicação de agroquímicos, que envolvem, por exemplo, quantidade de água e de produtos usados na pulverização. Segundo Hamilton Ramos, o IAC desenvolveu um treinamento bastante interativo, obtendo alto nível de interesse dos participantes. “Isso ajuda muito na mudança de comportamento desses trabalhadores”, diz. “Pretendemos reduzir o nível de resíduo no ambiente e nos alimentos por meio da conscientização do produtor e da melhoria de técnica de aplicação” O pesquisador do IAC, Hamilton Humberto Ramos, acredita firmemente que o grande entrave na questão de aplicação de defensivos está na informação que não chega aos produtores. Ele argumenta que se o produtor soubesse que a mesma produtividade e qualidade podem ser obtidas com a correta aplicação e que, assim, os custos com agroquímicos podem ser reduzidos em mais de 30%, ele certamente adotaria a tecnologia correta. “O produtor é quem paga o agroquímico e o mercado é quem faz o preço do produto”, diz. Segundo Ramos, há apenas duas formas de o produtor lucrar com o negócio: vendendo mais caro, o que não é possível porque o preço dos produtos agrícolas depende do mercado, ou reduzindo o custo de produção. Esta última opção sim é viável, por meio da adoção de tecnologias adequadas. Em 2007, a ênfase do programa esteve nos treinamentos. Este ano, além da capacitação, foram iniciadas as atividades de certificação de pulverizadores. Desde fevereiro de 2008, seis equipamentos receberam o Selo de Qualidade de Pulverizadores do Programa Aplique Bem. De acordo com Ramos, o método para análise desses equipamentos, que atende à norma ISO, foi aferido pela equipe do IAC. Se a máquina analisada apresenta defeitos, os técnicos geram relatório de problemas para o proprietário. Outras informações sobre a participação do IAC na Agrishow Ribeirão Preto podem ser encontradas no site www.iac.sp.gov.br. Por Carla Gomes, da Assessora de Imprensa do IAC-APTA