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Importância da alimentação de peixes em tanques-rede

Por Antônio Carlos Simões Apesar de o cultivo de peixes ser uma atividade milenar, constata-se que o fornecimento de dietas específicas para animais aquáticos ocorreu apenas nas últimas décadas. No Brasil, os primeiros registros de estudos relacionados a aspectos nutricionais de peixes apareceram em 1981; entretanto, os cultivos iniciais desses animais, que eram realizados em tanques escavados, utilizaram como alimento sobras de outras culturas agrícolas, explica Fábio Rosa Sussel (sussel@apta.sp.gov.br), pesquisador da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA) da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo. A idéia de utilizar “ração” surgiu da possibilidade de se adaptarem as rações então utilizadas para aves ou suínos. Porém, tais compostos alimentares não possuíam um balanceamento de nutrientes adequado para peixes, tornando-se ainda impróprios para outros organismos aquáticos, o que resultava em baixa eficiência de ingestão alimentar, alto aporte de nutrientes na água e desperdício das vitaminas e minerais, observa o pesquisador. O primeiro grande passo para sanar parte das questões relacionadas ao uso de ração farelada no cultivo de peixes deu-se com a peletização das rações. Utilizando-se esse processo industrial, surgiram expressivas respostas para o desenvolvimento dos animais. Segundo Fancher (1996), peletização é a aglomeração de pequenas partículas, originando partículas maiores (denominadas “pelets”), através de um processo mecânico que combina umidade, calor e pressão. Conta o pesquisador Sussel que foi nessa fase da piscicultura que surgiram as primeiras rações formuladas especialmente para peixes. Isto já representou um avanço em termos de alimentação, apesar de as rações serem genéricas, ou seja, atenderem a várias espécies e várias fases da criação. Entretanto, um passo maior estava para ser dado, ressalta o especialista, que aconteceu com a possibilidade de extrusão das rações. De acordo com Kiang (1993), extrusão é o processo que utiliza alta temperatura e pressão, causando modificações físicas e químicas nos alimentos, provocando maior gelatinização do amido e exposição dos nutrientes contidos no interior das células vegetais à ação digestiva, melhorando, assim, a eficiência alimentar para os peixes. Embora a extrusão resulte em aumento do custo final do produto, este custo adicional, em relação ao da dieta peletizada, acaba sendo compensado pela melhora na eficiência alimentar para os peixes e pela menor deterioração da qualidade da água, possibilitando um crescimento mais rápido do animal e um melhor aproveitamento dos nutrientes, reduzindo com isto os custos do alimento por unidade de peixe produzida. Alimentação x Nutrição Em uma definição objetiva, “alimentação” é a forma e o que o animal ingere, enquanto “nutrição” se relaciona ao que contém o alimento ingerido. No que se referem às exigências nutricionais, as pesquisas existentes são incipientes para responder quanto cada espécie necessita realmente. Em se tratando de organismos aquáticos, a pesquisa é um pouco mais complexa se comparada àquelas relativas a animais terrestres, dada a dificuldade da coleta das fezes. No entanto, novas metodologias de pesquisa estão sendo aplicadas, as quais, muito em breve, trarão resultados mais precisos sobre que nutrientes e em que quantidade as espécies realmente precisam. Os hábitos alimentares e as dietas dos peixes não só influenciam diretamente seu comportamento, integridade estrutural, saúde, funções fisiológicas, reprodução e crescimento, mas também alteram as condições ambientais do sistema de produção – qualidade da água. Portanto, a otimização do crescimento dos peixes só pode ser alcançada através do manejo concomitante da qualidade da água, nutrição e alimentação (Cyrino et al., 2005). Taxa de Alimentação Este item é muito importante no cultivo de organismos aquáticos. O fato da impossibilidade de se visualizar e determinar a quantidade exata de animais alojados causa erros de estimativa da biomassa total e, por conseguinte, erros na quantidade dia-de-alimento a ser fornecida. Como regra geral, não se recomenda para peixes uma quantidade de alimento até a saciedade. Preconiza-se o fornecimento de uma quantidade 10% inferior à necessária, para que o peixe cesse a alimentação. Porém, tal manejo é de difícil aplicação. Neste caso, o mais indicado é estabelecer uma taxa de arraçoamento proporcional à biomassa. Se, ao lançar as primeiras quantidades de ração, os peixes mostrarem pouco apetite, simplesmente não se deve lançar toda a quantidade pré-determinada, pois, caso contrário, o excedente da ração entra no custo final da produção e ainda contribui para a deterioração da qualidade da água. Alimentação x Rações Disponíveis O fato de ainda inexistir uma ração específica para as diferentes fases das diversas espécies cultivadas compromete o êxito de uma criação comercial. A maioria das rações para peixes disponíveis no Brasil é formulada com base nas preferências alimentares. Neste caso, encontram-se rações denominadas para peixes onívoros recomendadas para tilápia, pacu, piau, curimba, matrinxã, carpa e etc. A outra opção são as rações para peixes carnívoros recomendadas para pintado, dourado, pirarucu, traíra, “catfish” e truta, dentre outros. Particularmente no que se refere ao cultivo de peixes em tanque-rede, diante da ausência de ração específica para cada espécie, cabe ao piscicultor escolher rações de fabricantes idôneos, pois o alimento deve ser nutricionalmente completo, suprindo todas as exigências nutritivas dos peixes, pois esses animais estão submetidos a uma condição única de adensamento e interação social intensa, não sendo capazes de se deslocar para outras áreas de maior conforto em situações de inadequada qualidade da água. Os peixes confinados têm acesso restrito ao alimento natural disponível no ambiente. É importante salientar que o Brasil possui excelentes fábricas, excelentes formuladores e uma vasta opção de ingredientes a serem utilizados em rações para peixes. Porém, para se colocar no mercado um produto “espécie-específico”, dois fatores tornam-se fundamentais: o estabelecimento das exigências nutricionais da espécie e a demanda de mercado. No caso da tilápia, espécie atualmente mais cultivada no Brasil, isto já está muito perto de acontecer, afirma Sussel. De modo geral, o que se observa nas pisciculturas é que o item alimentação fica por conta do tratador. Neste caso, é desejável que o tratador seja um bom observador, pois dele dependerá a saúde e o desenvolvimento adequado dos peixes. Observa-se que esse funcionário deve ser treinado para a função, porém, na prática, nem sempre isto se verifica. As conseqüências são altos valores de conversão alimentar e o comprometimento da qualidade da água. Uma forma de resolver tal deficiência é remunerar o empregado com base nos índices de produtividade. Essa prática garante uma receita extra tanto para o funcionário como para o proprietário, e, ainda, a melhoria do ambiente de cultivo. Observa-se, portanto, a primordial necessidade de o produtor dispor de mais informações sobre a alimentação dos peixes, visando a melhores índices zootécnicos. Por outro lado, a experiência mostra não estar disponível ainda um alimento nutricionalmente completo. Considerando a significativa importância dos itens “alimentação” e “nutrição” nos sistemas produtivos, conclui-se que será mais eficiente o produtor que possuir maiores conhecimentos sobre as variáveis que interferem em tais parâmetros e que optar pela decisão técnica mais adequada. Informações mais detalhadas sobre o assunto podem ser encontradas no site do Instituto de Pesca (www.pesca.sp.gov.br) no item “Textos Técnicos (Nutrição de Peixes)”. Assessoria de Comunicação Social (11) 5067-0424 (Gabinete – APTA) (13) 3261-5474 (IP-APTA)

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