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Lichia: quem ainda não provou tem até o final de janeiro para apreciar a fruta

Secretaria de Agricultura e Abastecimento de SP desenvolve pesquisas para controle biológico do principal ácaro que ataca a cultura. Confira vídeo sobre a cultura clicando aqui.

Os supermercados estão com as prateleiras cheias de uma frutinha que caiu no gosto dos brasileiros, a lichia. Originária da China, a fruta pode ser encontrada nos pontos de comercialização até o final de janeiro, quando termina sua colheita. A Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo desenvolve pesquisas com a planta, por meio do seu Instituto Biológico (IB-APTA). Os trabalhos visam disponibilizar soluções para os pequenos produtores enfrentarem ácaro-da-erinose-da-licha, principal praga da cultura, que pode reduzir em 80% a produção.

Produtor diz que lichia é um bom investimento para o futuro

Eduardo Vianna Cotrim, em sua propriedade em Tremembé, possui um pomar com 1.500 pés de lichia que estão com idades variadas, entre seis e 20 anos. São muitas as variedades de lichia, mas foram cinco as escolhidas pelo produtor − Bengal, Brewster, Groff, Folha Negra e Maurício − sendo a Bengal cultivada em diferentes adensamentos: 4m x 4m, 3m x 2,5m e 10m x 10m (espaçamento tradicional). “Venho testando para saber quais as mais indicadas para melhor desenvolvimento da planta e também para atender o meu objetivo de turismo rural, tipo ‘colhe e paga’, e posteriormente pretendo ampliar a produção visando atingir outros mercados.

Na verdade, Eduardo Cotrim é um entusiasta da fruta. A lichia tem sido um hobby ao longo dos últimos 20 anos em que vem se dedicando a outras atividades, como a consultoria em ações de proteção ao meio ambiente, com o plantio de árvores e projetos para licenciamento ambiental. Cotrim foi prestador de serviço autônomo do DPRN (Departamento Estadual de Proteção dos Recursos Naturais) e, com a integração entre os dois órgãos, passou à Cetesb (Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental), em ambos trabalhou com licenciamento ambiental e, após, passou a trabalhar prestando consultoria na área ambiental, o que faz até hoje.

Preocupado com as questões ambientais, o produtor decidiu fazer um manejo natural e não usa produtos químicos há mais de quatro anos. Um dos incentivos para isso foi a visita e o acompanhamento do pesquisador Mário Sato, do Instituto Biológico (IB-APTA), da Secretaria, que vem fazendo o controle do ácaro-da-erinose-da-lichia com predadores naturais. “Tem dado resultados, é preciso atenção e controle, mas é perfeitamente possível trabalhar dessa forma mais natural, sem agressões ao meio ambiente ou às pessoas que, em épocas normais, vêm colher a sua própria lichia, totalmente isenta de produtos químicos”, diz Cotrim.

A época de colheita é exatamente essa, tem início em novembro e vai até meados de fevereiro. “Este ano as chuvas ocorreram na época certa para a lichia e a produção tem sido boa”, confirma o produtor. É uma fruta muito usada em decoração de Natal, mas são o seu sabor adocicado e aroma que vêm conquistando cada vez mais consumidores. Há muita demanda para a fruta in natura, mas também em polpas, para sucos e sorvetes, compotas e minimamente processadas, em embalagens próprias. Cotrim não faz apenas as visitas guiadas, que podem ser agendadas, mas também atende os pedidos e entrega na região, o contato é feito por WhatsApp (12 99706-2627).

Apesar de dizer que ainda não tem uma produção considerada comercial, Cotrim colhe entre duas a cinco toneladas por ano. Essa diferença ocorre por se tratar de uma cultura bianual em um ano a colheita é maior, no outro menor − uma característica da planta, e também por ter pés em diferentes idades;os de seis/sete anos produzem menos, já os de 10/20 anos têm uma produção considerada boa, com tendência de só vir a crescer nos próximos anos. A muda por alporquia permite que a árvore comece a dar frutos mais cedo, por volta do terceiro ano de idade. A alporquia ou alporque é um método de reprodução de plantas a partir de um galho de uma planta. As raízes da nova planta nascem quando o galho está preso à planta-mãe. A utilização do método, um dos mais antigos na produção de mudas, permite reproduzir uma planta que tem boa produção e a nova planta terá a mesma produção de flores e frutos da planta-mãe.

A pretensão de Cotrim, no entanto, é que a atividade venha a ter um viés mais comercial e que reverta em ganhos. “Por enquanto, fica praticamente empatada, mas trata-se de investimento e meu conselho para outros interessados é que a lichia funcione como uma poupança para o futuro; vale a pena investir, pois o mercado ainda tem muito a crescer”, aconselha. Além dessa área de 10 hectares, a família possui um sítio na Serra da Mantiqueira, próximo à Santo Antonio do Pinhal, onde vem plantando diversas frutíferas: “Esse é um outro hobby, já são mais de 300 espécies diferentes, e os hóspedes também poderão colher as frutas no pé”, diz animado, por saber que está contribuindo com a natureza e a preservação ambiental.

Controle biológico

Se na casa da população a presença da lichia tem sido cada vez mais frequente, no campo os produtores enfrentam um problema que pode reduzir em até 80% a produção: o ácaro-da-erinose-da-licha, principal praga da cultura. Pensando em disponibilizar soluções para os pequenos produtores que se dedicam à atividade, o Instituto Biológico (IB-APTA), da Secretaria de Agricultura e Abastecimento de São Paulo, desenvolve pesquisas para combater esse ácaro por meio do uso de controle biológico. Não existe no Brasil nenhum defensivo químico registrado para a cultura.

Os trabalhos do IB para controle biológico do ácaro-da-erinose-da-lichia se iniciaram em 2018 e são conduzidos em uma área de produção orgânica no munícipio de Botucatu, no interior paulista. Trabalho de mestrado resultante desses estudos aponta que o uso de controle biológico e de caldas sulfocálcica e bordalesaajuda a controlar o ácaro-da-erinose-da-lichia.

“A liberação de ácaros predadores da espécie Neoseiulus californicus mostrou-se útil para o manejo da praga em períodos de baixa população de ácaros predadores nativos no campo”, afirma Mário Sato, pesquisador do IB que orientou a dissertação de mestrado de João Tenório Ramos, mestre pelo Programa de Pós-Graduação em Sanidade, Segurança Alimentar e Ambiental no Agronegócio do IB.

O Neoseiulus californicus é um inimigo natural de várias espécies de ácaros fitófagos, por isso ajuda no controle da praga que ocorre em diversas regiões brasileiras, além da China, de Taiwan, da Índia, Tailândia e Austrália. Segundo a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), o ácaro-da-erinose-da-licha pode comprometer severamente a produção de lichia, sendo que sua viabilização comercial passa pelo desenvolvimento de estratégias de manejo do ácaro.

Desta forma, segundo os pesquisadores, é possível combinar o uso de controle biológico com outras estratégias de manejo, como a utilização das caldas sulfocálcica e bodalesa. A calda sulfocálcica é originada da reação entre cálcio e enxofre dissolvidos em água e submetidos à fervura. A calda bordalesa foi o primeiro fungicida desenvolvido pelo homem e sua ação ocorre devido a compostos provenientes da reação entre sulfato de cobre e cal virgem. Ambas são bem conhecidas pelos produtores de orgânicos.

De acordo com os pesquisadores, o trabalho do Instituto mostrou que o uso da calda sulfocálcica serviu para reduzir a população deAcerialitchii. Já a aplicação da calda bordalesa contribuiu para diminuir a incidência da erinose e também da população do ácaro-praga, que utiliza a erinose como abrigo.

Segundo os pesquisadores do IB, os ácaros se alimentam dos tecidos vegetais e podem provocar enrolamento das folhas, formação de galhas, queda prematura das folhas, além de danos em órgãos reprodutivos e redução na produção. Algumas espécies de ácaros podem ainda ser vetores de viroses para as plantas, o que não é o caso do ácaro-da-lichia.

“A pesquisa deve ser continuada na busca de novas estratégias para o manejo do ácaro-praga, com ênfase na seleção de novas espécies de inimigos naturais, incluindo predadores e entomopatógenos, visando minimizar os problemas causados pelo ácaro-praga”, explica Sato.

A lichia é uma frutífera de climas tropical e subtropical, originária do sudeste asiático. A China é o principal produtor, respondendo por 80% da produção mundial. A produção brasileira da fruta é em torno de quatro mil toneladas e o Estado de São Paulo se destaca no cenário nacional, produzindo ao redor de 1,5 mil toneladas.

Excelente fonte de vitamina C

Nutricionistas da Coordenadoria de Desenvolvimento dos Agronegócios (Codeagro), da Secretaria, afirmam que a lichia é uma excelente fonte de vitamina C e rica em ferro, cálcio, fibras e potássio. Possui propriedade anti-inflamatória, por meio disso previne os problemas cardíacos, atua no controle da pressão arterial e melhora a saúde intestinal. Sua polpa gelatinosa é adocicada, de agradável sabor e pode ser consumida in natura ou em sucos.

10 Curiosidades sobre a lichia*

1.A lichieira é originária da China, na sua região subtropical da província de Guangdong. O termo “litchi” ou “Li-zhi” vem do dialeto chinês e originariamente significava a propriedade de “ser destacada do galho”. Com o tempo, se descobriu que esse nome também se referia à propriedade de ocorrer uma rápida deterioração dos frutos após a colheita.

2. A lichia é da família das “sapindaceae”, termo proveniente do latim “Sapindus” e significa sabão da índia, pois “sapindus” provém de “sapo” = sabão e “indus” = Índia, devido à presença de saponinas em seus frutos.

3. O cultivo da lichia está por todo o mundo, sendo descrita desde 1.500 anos antes de Cristo pelo povo Malaio e já há milhares de anos cultivada na China. A lichia foi registrada em Madagascar (1.802), no Brasil (1.810), na Austrália (1.854), no Havaí (1873), na Flórida (1.880), na Califórnia (1.897). Os principais produtores mundiais são a China, o Vietnã, a Tailândia, a Índia, Madagascar e a África do Sul. No Brasil, as variedades de lichieiras são, predominantemente, Bengal, Brewster e Americana, e a comercialização dos frutos iniciou-se somente na década de 1970.

4. A lichia possui nutrientes essenciais e micronutrientes, bem como diversos minerais, dentre eles o potássio, magnésio e fósforo, e vitaminas como riboflavina (B2), niacina (B3) e tiamina (B1) e, especialmente, vitamina C, além de ter atividade antioxidante.

5. Em média, cada 100g de lichia contêm cerca de 65 calorias. Seus valores nutricionais médios são de 0,8g de proteínas, 0,4g de gorduras, 16,3g de carboidratos, 2g de fibras e 10mg de cálcio. Esses valores são médios, tendo em vista a condição de produção de cada cultivar e também de cada espécie. A riqueza de potássio e fósforo na lichia são superiores aos do pêssego, da laranja, da uva, da maçã e do morango. Os teores de fósforo da lichia são comparáveis aos da banana e os teores de vitamina C são comparáveis aos da laranja, do limão, da carambola, da tangerina e do maracujá.

6. Na gastronomia, a lichia é utilizada fresca, enlatada, desidratada, processada em sucos, vinhos, licores, picles, aguardentes, caipirinhas, compotas, gelatinas, iogurtes, sorvetes, tortas, bolos e uma série infindável de usos que dependem somente da criatividade.

7. A pitomba, muito consumida no Nordeste brasileiro, possui frutos bastante atraentes e são da subfamília “Nepheleae”, da qual a lichia faz parte. São, por assim dizer, parentes próximas.

8. A lichieira é uma árvore rústica e longeva. Exemplares com mais de 1.200 anos ainda florescem e dão frutos, atingindo de 10m a 12 m de altura e, às vezes, até 20m em espécimes mais antigos.

9. A desidratação dos frutos é considerada a principal causa da rapidez com que o fruto apodrece. As microrrachaduras que ocorrem na superfície da casca aceleram o processo de desidratação e o consequente escurecimento dos frutos. Estudos sobre pós-colheita ainda precisam ser aprofundados.

10. Os chineses são potenciais importadores de lichia brasileira, uma vez que as datas de colheitas não são coincidentes.

* (Fonte: Portal Lichias.com)

Informações:
Assessoria de Comunicação
Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo
Tel.: (11) 5067-0069

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