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MBA IAC informa sobre coleta de embalagens vazias de defensivos agrícolas

Alunos do MBA em Fitossanidade, oferecido pelo Instituto Agronômico (IAC), de Campinas, em parceria com a Associação Nacional de Defesa Vegetal (ANDEF), tiveram acesso a informações sobre o final da cadeia que envolve a proteção das plantas no campo — a logística reversa das embalagens vazias de defensivos agrícolas.Inseridos no universo da fitossanidade, incluindo tratos, tecnologias de aplicação e legislação do setor, os profissionais foram informados sobre a destinação das embalagens pós-consumo desses produtos químicos. O Diretor-presidente do Instituto Nacional de Processamento de Embalagens Vazias (inpEV), João Cesar Meneguel Rando, falou aos pós-graduandos durante a aula inaugural do MBA em Fitossanidade IAC, no último dia 1º de dezembro, na Sede do IAC, em Campinas, onde são ministradas as aulas presenciais do curso. Participaram alunos da segunda turma do curso, que estão concluindo o MBA,  e os profissionais que integram a terceira turma. Iniciado em 2012, o MBA IAC, vinculado à Secretaria de Agricultura e Abastecimento de São Paulo, objetiva reunir conhecimentos sobre fitossanidade, segurança na agricultura, gestão de pessoas e comunicação, com abordagem teórica e prática.
O inpEV gerencia o Sistema Campo Limpo, logística reversa de embalagens vazias de defensivos agrícolas, que é referência mundial em desempenho neste setor, alcançando o índice de 94% de embalagens usadas, sendo reciclados 92% deste volume. “Não existe no mundo nenhum outro sistema com esta performance”, ressalta Rando. A França vem em segundo lugar, com 77% e o Canadá em terceiro, com 73%. Segundo o presidente do Campo Limpo e do inpEV, até outubro de 2014, 330 mil toneladas de embalagens foram recolhidas nesse trabalho.
“Temos condição de dar a rastreabilidade total de todas as embalagens que entram no sistema”, afirma Rando. O sistema recebe a embalagem do agricultor, recicla o material e fabrica outra para o setor, com apenas 15% de matéria-prima nova. O material recebido no Brasil segue para dez empresas recicladoras parceiras, responsáveis pela produção de matérias-primas que darão origem a outros artefatos, entre eles novas embalagens, que retornam aos produtos agrícolas. “As não lavadas e não-laváveis não podem ser recicladas”, explica. A tríplice lavagem reduz a quantidade de resíduo para níveis abaixo de 100 partes por milhão (ppm), o que leva a embalagem de agrotóxico a ser considerada como resíduo não-perigoso.
A aluna do MBA em Fitossanidade IAC, Roberta Leite, graduada em Química e profissional da área de pesticidas em alimento, disse que gostou muito da iniciativa de trazer para o curso palestrantes que tratam de temas atuais. ”Como trabalho com resíduos de pesticidas em alimentos, conhecia um pouco sobre a destinação de embalagens vazias de defensivos, mas não com o nível de detalhamento com que o assunto foi tratado na aula inaugural do MBA”, diz. Ela conta que já visitou uma instalação de destinação de embalagens. “Mas esse assunto é muito dinâmico, recentemente, por exemplo, uma lei nova foi aprovada sobre esse tema, então é sempre bom se atualizar”, avalia.
Sem fins lucrativos, o inpEV recebeu investimento de R$ 700 milhões em 12 anos de atuação, sendo 85% pagos pela indústria, 11% pelos canais de distribuição e 4% pelos agricultores. Segundo Rando, a atividade não conta com incentivos fiscais e toda a cadeia da reciclagem é tributada.
Se por um lado a dinâmica de aplicação de agrotóxicos requer uma série de cuidados para seu uso seguro, por outro, o balanço de ecoeficiência do Sistema Campo Limpo é bastante positivo. Nesses 12 anos de atividades do inpEV, foram poupados 36,4 bilhões de litros de água e a economia de energia é o suficiente para abastecer 137 mil casas, durante um ano.Os resíduos evitados representam o volume de lixo produzido por uma cidade com 500 mil habitantes, durante cinco anos, e 343 mil toneladas de gás carbônico deixaram de ser emitidas.
Como funciona
O Sistema Campo Limpo conta com mais de 400 unidades de recebimento fixas, além de 4500 pontos de recebimento itinerante, em todo o Brasil. Ao todo, mil funcionários treinados trabalham na recepção dos materiais. “O sistema vem crescendo de acordo com o mercado agrícola”, afirma Rando. O fluxo de comercialização envolve 99 empresas fabricantes, 267 associações, incluindo revenda, distribuidoras e cooperativas, e cinco milhões de propriedades rurais, estas últimas segundo dados do IBGE. De acordo com o presidente, antes dessa iniciativa, os produtores não tinham uma alternativa adequada de destinação para os recipientes vazios. Com a falta de opção, eram comuns o abandono ou a queima de embalagens. A proposta que havia era a abertura de valas, com impermeabilização, onde deveriam ser enterradas as embalagens. “O agricultor não teria mais lugar para plantar”, diz o agrônomo com quase quatro décadas de experiência, ao comentar que esta não seria solução para o agronegócio brasileiro.
Ao abordar a Política Nacional de Resíduos Sólidos, com a Lei Federal 12305/10 e o Decreto 7404/10, o presidente do inpEV ressaltou que o trabalho desenvolvido pelo Instituto colaborou com a elaboração da legislação nacional. Segundo Rando, na questão dos resíduos, o Governo está agindo por prioridades e em algum momento todos os setores geradores de lixo que exigem cuidados específicos serão chamados para apresentarem propostas de logística reversa. Nesse cenário, Rando considera importante a atuação dos protagonistas de cada segmento no sentido de compartilhar suas experiências com os legisladores. “O setor de agrotóxicos está regulamentado e implantado há mais de uma década, anterior à Política Nacional”, diz. O sistema Campo Limpo está regulamentado e implantado por meio da Lei Federal 9.974/00 e seu Decreto Regulamentador 4.074/02.
A indústria de defensivos químicos começou a estudar esses aspectos em 1992 e o trabalho mostrou que os agricultores queriam colaborar com a devolução das embalagens. “Em 2005, já tínhamos 350 unidades de recebimento de embalagens no Brasil”, relata. Já naquele ano, o País era referência mundial, segundo Rando. “A experiência das empresas contribuiu para a elaboração da lei”, afirma.
A Política Nacional objetiva mitigar o problema do lixo no território nacional e eliminar os lixões. “No Brasil, são geradas 200 mil toneladas de lixo por dia, não há mais lugar para dispor esses resíduos”, alerta. A logística reversa das embalagens vazias de defensivos agrícolas é apenas uma das vertentes da Política Nacional, que determina ações para os governos federal, estadual e municipal, e também para empresas.
O aluno do MBA em Fitossanidade IAC, Guilherme Zambrozi Garcia, conta que já tinha conhecimento das cooperativas e do descarte das embalagens, mas não conhecia o destino final delas. “Achei a abordagem da aula inaugural interessante pelo tema escolhido ser diferente do MBA, a destinação das embalagens de defensivos agrícolas não é tema do curso, que é focado em fitossanidade, mas isso amplia o nosso conhecimento e torna o curso mais completo, diz o engenheiro agrônomo que trabalha em Londrina, Paraná.
 
inpEV
Com atuação em todo território nacional, o inpEV tem como associadas 99 empresas fabricantes de defensivos agrícolas no território nacional e noveentidades do setor. A criação do Instituto, em 2001, com o objetivo de promover a correta destinação das embalagens vazias de defensivos agrícolas, foi feita pela Lei 9.974/00.
Na década de 60, quando o controle químico agrícola passou a ser adotado em larga escala no País, a legislação nacional recaiu sobre a regulamentação da aplicação desses produtos. Entretanto, não havia disposição sobre a destinação das embalagens pós-consumo.
“Brasil é o segundo maior produtor de alimentos do mundo”
O Diretor executivo da ANDEF, Eduardo Daher, abriu a tarde da aula inaugural, no IAC, em Campinas, e comentou sobre a necessidade do uso de defensivos para a produção agrícola brasileira. “Por sermos um País tropical, temos o bônus de colher duas safras e o ônus de conviver com pragas e doenças”, afirma. Segundo Daher, no Brasil, a cada U$ 100,00 investidos em defensivos são produzidas 14 toneladas de alimentos. No Japão, com o mesmo recurso, tem-se 780 quilos de arroz. Em países com inverno rigoroso, o custo é praticamente a metade do existente na agricultura brasileira. “O inverno é o defensivo mais barato que se tem ideia”, diz Daher.
Por Carla Gomes (MTb 28156) – Jornalista científica
Assessora de Imprensa do Instituto Agronômico (IAC)

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