As altas temperaturas do Verão são ideais para aproveitar o sol, as praias e piscinas, mas também demandam muita atenção na hora de conservar os alimentos e evitar intoxicações e problemas de saúde. O calor e a umidade típicos da estação são fatores que podem aceleram os processos de degradação dos alimentos em geral, especialmente os que são sensíveis à deterioração microbiológica, ou seja, que propiciam um ambiente adequado para o crescimento de bactérias, bolores ou leveduras.
O pesquisador da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, que atua no Instituto de Tecnologia de Alimentos (ITAL-APTA), Assis Euzébio Garcia, orienta a manter o produto na embalagem original, que foi dimensionada para protegê-lo adequadamente, exceto se não possível o refechamento. “Muitas embalagens têm sistema de refechamento pós-abertura e as embalagens flexíveis permitem o uso de clipes para fechamento após consumo parcial do produto”, afirma.
Para os casos onde não é possível um bom fechamento após abrir a embalagem, Garcia recomenda a transferência para um recipiente com fechamento hermético, independente se o produto deverá ficar em temperatura ambiente, no refrigerador ou no freezer. “O fechamento adequado retarda o ressecamento superficial do produto e aumenta a higiene do acondicionamento”, ressalta o especialista, que dirige o Centro de Tecnologia de Embalagem (Cetea), do ITAL.
Caso seja necessário transferir o alimento, é importante colar uma etiqueta no novo recipiente contendo, no mínimo, nome do produto, marca, lote, data de abertura e validade após abertura, conforme a recomendação do fabricante.
O filme plástico, disponível em várias versões no mercado, é ideal para revestir utensílios como tigelas e potes e envolver produtos sólidos. “Há também os saquinhos prontos, que são vendidos em unidades ou rolos, os quais permitem o acondicionamento de produtos em geral, mas devem ser fechados com selos, fitas ou prendedores. Também são disponíveis saquinhos com ‘zíper’”, lembra Garcia.
Além de observar as recomendações do fabricante e a data de validade, o especialista indica alguns cuidados com os alimentos que devem ser intensificados no Verão:
- Carnes: Devem ser comercializadas e estocadas em casa sob refrigeração ou congeladas. No momento da compra e no preparo é importante observar se as embalagens a vácuo não estão comprometidas. Elas devem aderir ao produto, sem a presença de gás em seu interior. É importante preparar toda a carne depois de aberta, pois sua vida útil enquanto crua, mesmo sob refrigeração, será mais curta.
No caso de congelados, procurar por sinais de descongelamento ou re-congelamento, como líquido congelado nas caixas externas, muitos cristais de gelo no produto, embalagens molhadas, produtos amolecidos ou deformados.
- Legumes e verduras: Produtos pré processados (picados, fatiados etc.) devem ficar sob refrigeração, pois sua sensibilidade a alterações é maior do que o produto in natura, inteiro.
Alimentos adquiridos inteiros devem ser conservados sob refrigeração. Para não ressecar, guardá-los em sacos plásticos ou em gaveta específica na geladeira. Entretanto, frutas como a banana sofrem danos à temperatura de refrigeração. Neste caso, melhor deixá-la em ambiente seco e arejado.
Após retirar as folhas, partes e unidades deterioradas, os legumes e verduras devem ser lavados e deixados de molho por 10 minutos em solução de água clorada. Após enxaguar e embalar, manter sob refrigeração até a hora do consumo.
- Macarrão, açúcar, sal, farinhas em geral: Observar se a embalagem está íntegra, sem mofo e insetos. Armazenar em local fresco e sem umidade excessiva. Após abertos, podem ser mantidos na própria embalagem, desde que com algum tipo de refechamento, para manter as propriedades de proteção.
- Queijos, leites e iogurtes: Devem ser mantidos em ambientes refrigerados e recipientes com bom sistema de fechamento. Se não for possível refechar a embalagem aberta, substituir por um recipiente ou envoltório que possa ser fechado. No caso do queijo, quanto maior o contato do envoltório com o produto, ou seja, quanto menor o espaço com ar no interior da embalagem, melhor será a proteção contra o crescimento de fungos na superfície do produto.
- Comidas prontas: Comidas preparadas em casa devem ser mantidas a temperaturas acima de 60°C para consumo imediato. Nos dias muito quentes do Verão, as comidas não devem ser deixadas resfriando a temperatura ambiente por muito tempo, pois pode ocorrer a contaminação e desenvolvimento microbiológico. Podem ser mantidas sob refrigeração em recipientes fechados para consumo em curto espaço de tempo (1 - 2 dias) ou congeladas em recipiente fechado, se for necessária duração maior.
- Peixes, mariscos e crustáceos: Exigem maior atenção na sua conservação, reduzindo-se ao máximo o tempo de exposição em temperaturas fora do recomendado.
Além da perda do produto, falhas de higiene e conservação inadequada do alimento podem causar o desenvolvimento de microrganismos com implicações para a saúde do consumidor. “Quanto maior a temperatura ambiente, maior é a velocidade de deterioração de alimentos, por isso, é preciso muita atenção às recomendações de estocagem e de prazo de validade”, alerta o pesquisador do ITAL, ressaltando que a zona de temperatura perigosa para a segurança dos alimentos fica entre 5°C e 60°C.
O secretário de Agricultura e Abastecimento, Arnaldo Jardim, ressalta a importância do trabalho realizado pelo ITAL no desenvolvimento de novas tecnologias de embalagens e na realização de cursos capacitações e treinamentos. “Transmitir o conhecimento gerado pela pesquisa ao setor produtivo e zelar pela saudabilidade dos alimentos são diretrizes do governador Geraldo Alckmin para a Pasta”, afirma.
Por Paloma Minke
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