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Parceria entre Instituto Agronômico e Centro francês já beneficia pesquisas com seringueira

Uma parceria envolvendo pesquisadores do Instituto Agronômico (IAC), de Campinas, e do Centre de Coopération Internationale en Recherche Agronomique pour le Développement (CIRAD) já tem beneficiado a pesquisa com melhoramento genético de seringueira. A finalidade é fornecer aos geneticistas ferramentas adicionais que possam ser utilizadas na elaboração de mapas genéticos moleculares e no estudo da diversidade genética da espécie, que dá origem ao látex natural. Na prática, as tecnologias envolvidas na parceria auxiliam na redução do tempo em pesquisas com melhoramento genético e, consequentemente, aceleram a disponibilização de novas tecnologias ao setor. O objetivo é obter novos clones em menor tempo de pesquisa e com característica de precocidade, que viabilize o início do processo de sangria aos quatro anos após o plantio.

O projeto, chamado RUTHIS (Rubber Tree High throughput SNP discovery for the improvement of marker assisted selection efficiency), objetiva o desenvolvimento de marcadores moleculares do tipo SNP (Single Nucleotide Polimorphism) para seringueira. Também participam do estudo alunos da Pós-Graduação do IAC em Agricultura Tropical e Subtropical, alunos do Centro de Biologia Molecular e Engenharia Genética (CBMEG), da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), e do CIRAD, que tem pesquisadores dentro e fora da França trabalhando em cooperação internacional.

Os trabalhos de campo com a cultura estão sendo desenvolvidos no Centro de Seringueira e Sistemas Agroflorestais do IAC, em Votuporanga. Alguns deles já foram enviados para publicação em periódicos internacionais. Outros estão em andamento e alguns, em fase de conclusão.

Os estudos conduzidos já proporcionam avanços à pesquisa no Instituto Agronômico, responsável pelo desenvolvimento de 31 clones de seringueira, nas últimas três décadas. “O benefício está sendo conduzido pela genotipagem que está sendo efetuada, proporcionando-nos a certeza de que estamos avaliando precocemente clones de paternidade conhecida e que futuramente serão postos no mercado como os clones IACs da série 600”, afirma Paulo Gonçalves, pesquisador do IAC, da Secretaria de Agricultura e Abastecimento de São Paulo. Em 2012, o Instituto lançou 15 novos clones, da série 500, todos com produtividade superior ao material mais plantado em São Paulo, atualmente, que é importado da Ásia.

“O estudo da diversidade genética das populações de seringueira auxilia na escolha dos paternais nos cruzamentos, etapa importante na geração de novos clones”, explica Gonçalves.

As informações geradas por esse projeto permitem identificar e manipular genes específicos, de modo a desenvolver clones com características desejadas pelo setor de heveicultura. “O mapa genético molecular contribui com informações para criação de clone com perfil adequado para determinada região, exemplo é a obtenção de clones para a região do litoral do Estado de São Paulo, onde é necessário ter resistência ao Mal-das-folhas, causado pelo fungo Microcyclus ulei,” esclarece.

Outra contribuição da nova ferramenta de biotecnologia está na geração de clones precoces, que possam dar início à extração de látex em quatro anos após o plantio e não em sete, como acontece atualmente. A redução do período de imaturidade já foi obtida em quatro clones do IAC, dentre os 15 mais recentes. Os clones IAC 505, IAC 507, IAC 511 e IAC 512 podem ser sangrados em cinco anos, a partir do plantio, ou seja, com dois anos a menos que os demais materiais. “Essas redução de 30% no tempo de sangria representa antecipação nos ganhos para o heveicultor”, afirma Gonçalves.

O que é feito no IAC e o que é feito na França

Os materiais utilizados na pesquisa são resultantes de cruzamentos feitos no Instituto Agronômico. Os indivíduos gerados nesses cruzamentos têm a paternidade testada, são clonados e estão em avaliação no Centro de Seringueira do IAC, em Votuporanga. A identificação e a quantificação do SNPs, responsável pelos marcadores moleculares, foram desenvolvidos na França, pelo CIRAD, juntamente com o CBMEG, na Unicamp. “Com base nos resultados, será desenvolvido o mapa genético molecular”, diz Paulo Gonçalves. “A participação francesa consiste nas análises laboratoriais dos marcadores sofisticados. Os alunos envolvidos com teses viajam temporariamente para a Universidade de Montpellier, a fim de elaborar esses trabalhos”, diz. A Unicamp participa com a orientação de alunos em mestrado e doutorado.

A pesquisa conta com recursos do Brasil, por meio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), e da França, pela “Agropolis Foundation”, sediada em Montpellier. O Estado de São Paulo, por meio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), tem um acordo de cooperação com o Centro de Cooperação Internacional em Pesquisa Agronômica para o Desenvolvimento (CIRAD), com o objetivo de contribuir para o desenvolvimento e a intensificação da cooperação científica na área da pesquisa agronômica.

Evento

Resultados parciais desse estudo foram apresentados durante evento, no Centro de Seringueira e Sistemas Agroflorestais do IAC, em Votuporanga, em março de 2015, com a participação do IAC, Unicamp e CIRAD.

Dentre os resultados expostos, estão os materiais e os métodos utilizados para identificar e quantificar os SNPs, e o uso desses marcadores para determinar mapas genético-moleculares de populações biparentais. Essas tecnologias são ferramentas que viabilizam a redução de tempo em pesquisas com melhoramento genético e, consequentemente, acelera a disponibilização de novas tecnologias ao agronegócio da seringueira.

Os palestrantes do IAC divulgaram resultados obtidos recentemente com uso da genética clássica, que servirão de base para os próximos trabalhos na área da genética molecular. A Unicamp e o CIRAD determinam o mapa genético molecular, utilizando material genético do Instituto Agronômico.

São Paulo tem os seringais mais produtivos do mundo, graças às pesquisas do IAC

O Estado de São Paulo tem os seringais mais rentáveis do mundo, com produtividade superior a 1.300 kg de borracha por hectare, ao ano, frente aos 1.100 kg/ha da Tailândia, 1.000 kg/ha da Malásia e 800 kg/ha da Indonésia – países heveicultores tradicionais. A competência paulista nesta área tem como base a pesquisa agrícola desenvolvida pelo Instituto Agronômico (IAC), de Campinas, que conduz pesquisas de melhoramento genético, manejo, tratos culturais e adubação e nutrição em seringueira.

O principal objetivo do Programa do IAC é obter clones de seringueira adaptados às diferentes condições edafoclimáticas do Estado de São Paulo, com características de alto potencial de produção e vigor. Nos lançamentos feitos em 2012, o IAC conseguiu esse perfil aliado à precocidade. Naquele ano, o IAC lançou 15 clones de seringueira. Quatro deles – IAC 505, IAC 507, IAC 511 e IAC 512 – podem ser sangrados em cinco anos, a partir do plantio, quando o comum é em sete. Todos os 15 novos clones selecionados pelo IAC têm também maior produtividade que o material mais plantado em São Paulo, atualmente, o importado da Ásia, RRIM 600, que produz em torno de 1.250 kg por hectare, ao ano. O novo IAC 500 – o mais produtivo dos selecionados – produz 1.731 kg de látex por hectare, 38% superior que o mais plantado. São ganhos de 500 kg de borracha seca por ano.

De acordo com Gonçalves, em função dos trabalhos de pesquisa do IAC e de órgãos de extensão estaduais, o Estado de São Paulo conta hoje com aproximadamente 100 mil hectares plantados com seringueira, abrangendo o total acima de três mil heveicultores. Do total, 95% são plantados com materiais desenvolvidos ou selecionados pelo IAC, como o RRIM 600.  IAC 40 e IAC 300.

Segundo o International Rubber Study Group (IRSG), em 2014, o Brasil produziu 184,2 mil toneladas de borracha para um consumo de 413,13 mil toneladas. A heveicultura paulista contribui com mais de 55% da borracha produzida no País.

 

Por Carla Gomes (MTb 28156) – Assessora de Imprensa – Instituto Agronômico (IAC)

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