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Pesquisa aponta 90 espécies de cogumelos nativas comestíveis em São Paulo

A Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA), da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, participou de um levantamento bibliográfico que apontou cerca de 90 espécies de cogumelos relatadas no Estado de São Paulo e descritas como comestíveis, no qual 12 se destacam com potencial produtivo. A pesquisa foi realizada em conjunto com o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA) e o Instituto Federal de São Paulo (IFSP). O levantamento pode ser acessado no link: https://goo.gl/h22N7W

De acordo com o pesquisador do Polo Regional de Monte Alegre do Sul da APTA, Daniel Gomes, ainda é pouco discutida a possibilidade de cultivar espécies de cogumelos comestíveis nativas ou de ocorrência natural nas matas e entorno de São Paulo, ou mesmo de outras regiões do País. Atualmente, a maioria dos cogumelos produzidos no Brasil é originária de países de clima frio. “Um cogumelo nativo está acostumado com o nosso clima e isso auxiliaria a ter uma maior produção”, diz.

Das 90 espécies encontradas em registros, os pesquisadores destacam 12 nativas dos gêneros Agaricus, Auricularia, Lentinula, Pholiota e Pleurotus, com potencial para os produtores testarem em suas condições locais de cultivo, uma vez que já produzem espécies destes gêneros. “Por se assemelharem a espécies já produzidas, os fungicultores estão acostumados com sua forma de cultivo”, afirma Gomes.

O levantamento foi realizado a partir de duas informações encontradas na literatura: quais as espécies encontradas em São Paulo e quais delas são consideradas comestíveis. O trabalho reuniu o pesquisador da APTA, as pesquisadoras do INPA, Noemia Kazue Ishikawa e Ruby Vargas-Isla, e o biólogo do IFSP, Nelson Menolli Junior.

Segundo eles, a principal motivação para o levantamento foi o questionamento frequente de fungicultores sobre o assunto. De acordo com Gomes, por mais que não houvesse estudos recentes sobre a domesticação de espécies de cogumelos nativos para o cultivo em escala comercial, existia, principalmente no meio acadêmico, uma ideia de que nas matas do Estado de São Paulo também seriam encontradas espécies comestíveis de gêneros como Agaricus, Auricularia, Lentinula, Pholiota, Pleurotus, entre outras.

As informações sobre comestibilidade dos cogumelos nativos são oriundas do etnoconhecimento de diversos povos, incluindo indígenas das Américas, segundo os pesquisadores. “Os estudos colaborativos entre povos nativos, antropólogos, taxonomistas, micólogos, produtores e chefs de cozinha são essenciais para a viabilização do cultivo de diferentes espécies de cogumelos comestíveis do Brasil e levá-los para a mesa da população”, explica o pesquisador da APTA.

Para ele, o Estado de São Paulo, que concentra o maior número de produtores de cogumelos do Brasil, vem apresentando um aumento do consumo e desenvolvimento do setor de fungicultura no País, em relação à produção dos principais gêneros de cogumelos comestíveis, o Agaricus bisporus, conhecido como Champignon de Paris, Pleurotus, intitulado popularmente de Shimeji no Brasil, e a Lentinula edodes, conhecida como Shiitake.

A pesquisadora do INPA, Noêmia, explica que coletar e conhecer cogumelos nativos tem uma enorme importância, principalmente para conhecer as espécies antes de destruí-las, protegendo a biodiversidade das florestas, e para dar opções aos produtores para uma produção mais sustentável. “Entre as maiores dificuldades do fungicultor estão às mudanças climáticas. A produção de um cogumelo local em seu ambiente agrediria menos o meio ambiente e gastaria menos com energia em tecnologias desenvolvidas para espécies nativas de outros países”, diz.

Segundo ela, quando o Brasil tiver um discurso de produção de cogumelos do País irá agregar valor à produção dos fungicultores nacionais e terá potencial de colocar mais espécies no mercado nacional e internacional.

Dados da Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (CEAGESP), que comercializa 10% da produção dos 505 produtores distribuídos por 93 municípios do Estado de São Paulo, indicam que a comercialização de cogumelos Shimeji e Shiitake na CEAGESP vem crescendo gradativamente de 2007 a 2016, assim como a de Champignon fresco, ou in natura, que subiu de 222 toneladas em 2008, para 534 toneladas em 2016. Além disso, naquele ano, o total de entrada na CEAGESP dessas principais espécies de cogumelos chegou a 1.265,65 toneladas.

Nem todo cogumelo nativo é comestível

“Não podemos encontrar um cogumelo na natureza e dizer se é ou não um cogumelo comestível. Também não há nenhuma análise laboratorial que consiga informar se uma espécie desconhecida é comestível ou tóxica. Não recomendamos que as pessoas consumam os cogumelos colhidos na natureza sem a análise de especialistas na identificação, pois os problemas com intoxicação são sérios podendo levar à morte”, explica Noêmia.

Segundo a pesquisadora, o caminho é a realização de coleta, análise de dados morfológicos e/ou moleculares para identificar se é uma espécie conhecidamente comestível com a ajuda de taxonomistas. Depois, domesticar as espécies comestíveis e consumir os cogumelos cultivados com segurança.

Por Giulia Losnak

Assessoria de Imprensa – APTA

(19) 2137-8933

Crédito foto: Marina Capelari

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