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Pesquisadoras ligadas ao IAC ficam entre os finalistas em competição de comunicação científica

Duas pesquisadoras da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, ligadas ao Instituto Agronômico (IAC), Paula Maria Moreira Martins e Raquel Caserta, ficaram entre os 11 finalistas no FameLab Brasil 2017, que integra o FameLab Internacional, uma das principais competições de comunicação científica do mundo. O concurso busca reconhecer talentos da ciência em diversos países, ao propor aos participantes o desafio de explicar um conceito científico em apenas três minutos, de modo a encantar o público e convencer o júri sobre o conteúdo científico. As biólogas, Paula Maria Moreira Martins e Raquel Caserta, que atuam no Centro de Citricultura “Sylvio Moreira” do IAC, estiveram entre outros cientistas, matemáticos e engenheiros brasileiros, disputando uma vaga no FameLab International.
As pesquisadoras participaram da final da competição brasileira, no último dia 5 de maio, no Museu do Amanhã, no Rio de Janeiro. Foi lá que Paula, que atua no IAC com bolsa da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), e Raquel, pós-doutoranda no IAC, com recursos do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), apresentaram — em 180 segundos — temas relacionados a características moleculares e genéticas de bactérias, a pessoas com perfis diversos e ao júri. Este era composto por cientistas, especialistas em comunicação e jornalistas indicados pelo British Council e demais parceiros no concurso, que são a FAPESP, o CNPq, o Conselho Nacional das Fundações Estaduais de Amparo à Pesquisa (CONFAP) e Museu do Amanhã.
Na história contada por Paula, ela se passava por uma psicopata que teria envenenado a água de um museu e envolve a questão sobre o momento em que as pessoas morreriam, já que nem todas tomaram ao mesmo tempo. O enredo fazia analogia com o que ocorre com as bactérias, quando as pessoas consomem antibiótico, que encontra as células crescendo e se dividindo em momentos distintos. Nas duas outras apresentações de Paula, o tema escolhido foi o CRISPR, nova ferramenta de edição de DNA, que permite aos cientistas alterarem genomas com uma precisão nunca antes alcançada, mas originalmente está presente nas bactérias como uma forma de proteção a agentes invasores, como vírus. Esse sistema complexo foi contado em três minutos em uma história policial — Paula fez uma analogia entre um catálogo policial de suspeitos e a capacidade da bactéria de guardar um pedaço do DNA dos vírus que tentam invadi-la. “A dificuldade maior é falar de forma simples e não perder conteúdo”, diz a doutora em Ciências Biológicas pela Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (Unesp).
O conceito apresentado por Raquel trata da comunicação entre bactérias, chamada Quorum sensing, processo em que os microrganismos regulam a atividade de genes por meio de sinalização molecular. “Esse processo ocorre de maneira dependente da densidade populacional, quando as bactérias crescem em agregados multicelulares, chamados de biofilmes”, explica. Para contar sobre seu trabalho, a cientista recorreu à ideia do aplicativo Whatsapp e propôs o rackeamento de um grupo formado por bactérias, considerando que elas trocam mensagens entre si. Ao quebrar a comunicação dentro de um “grupo de Whatsapp”, organizado por esses microrganismos, haveria uma descontinuidade na comunicação entre as bactérias e elas não saberiam responder, pois não entenderiam a chegada de diferentes mensagens, como por exemplo, a da presença de antibióticos. “Alterar a comunicação entre bactérias, no caso, pode ser uma alternativa ao uso de antibióticos”, explica a pesquisadora. Para a bióloga também formada pela Unesp, o interessante do concurso é “ser disseminadora de uma ciência que é legal, não é quadrada”.
Como é o concurso
Até a final da competição, cada candidato se apresenta por três vezes, sobre o mesmo tema ou não. A primeira participação é por meio de um vídeo, que faz parte da inscrição, a segunda na semifinal e a terceira, na final, em que foi escolhido o brasileiro que irá para a etapa internacional, a ser realizada na Inglaterra.
Em cada apresentação dos candidatos, foram avaliados conteúdo, clareza e carisma. As informações tinham que ser factualmente corretas, cientificamente válidas e colocadas de maneira coerente e adequada para um público diverso. Eram exigidas precisão e clareza no contexto do tema relacionado de forma a permitir o entendimento do público, além de ter um “posicionamento cativante, entusiasmante e inspirador”.
A final da competição acontecerá durante o Festival de Ciência de Cheltenham, na Inglaterra, em junho próximo, quando o Brasil será representado por Felipe Lima da Costa, aluno do programa de pós-graduação em Engenharia Civil da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e filiado à Fundação de Amparo à Pesquisa e Desenvolvimento Científico e Tecnológico do Maranhão (FAPEMA). Lívia Sperandio Caetano, bolsista da Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Espírito Santo (Fapes), foi favorita pelo público e venceu na categoria Voto Popular.
Para participar do FameLab é necessário ser bolsista de mestrado, doutorado, doutorado direto ou pós-doutorado, nas áreas de Ciências da Vida ou Ciências Exatas e Engenharias, das seguintes agências CNPq, FAPESP e das seguintes Fundações de Amparo à Pesquisa filiadas ao CONFAP: FAPEG (Goiás), FAPEMA (Maranhão), FAPEMIG (Minas Gerais), FAPES (Espírito Santo), FAPESC (Santa Catarina), FAPITEC (Sergipe), FAPT (Tocantins) e Fundação Araucária (Paraná). É preciso também ser fluente em inglês.
No Brasil, houve 45 inscrições. Destas, 20 foram para a semifinal, de onde foram selecionados 11 para a final brasileira. “Exponham-se” — este é o recado que as duas pesquisadoras deixam para os colegas, após passarem pela experiência.
O secretário de Agricultura e Abastecimento, Arnaldo Jardim, apoia esse tipo de iniciativa. “Nós incentivamos a participação em toda atividade que, como recomenda o governador Geraldo Alckmin, leve adiante a pesquisa paulista para o maior número possível de pessoas”, diz.
Por Carla Gomes (MTb 28156)
Assessora de Imprensa – IAC

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