Data da postagem: 11 Setembro 2008
O Pólo APTA Alta Sorocabana, vinculado à Secretaria de Agricultura e Abastecimento, promove no próximo dia 16, a partir das 8 horas, em Presidente Prudente (SP), o evento Contribuições da Imigração Japonesa para o Desenvolvimento da Agricultura Brasileira, como parte das comemorações do Centenário da Imigração Japonesa.
O objetivo do evento é homenagear os técnicos que contribuíram para o desenvolvimento da agricultura brasileira, segundo a pesquisadora do Pólo e coordenadora do evento, Andreia Luciane Moreira. No evento, haverá palestras que abordarão as culturas agrícolas para as quais a sociedade nipo-brasileira deu a sua contribuição. Entre elas, destacam-se a fruticultura, a olericultura, cereais, sanidade vegetal e nutrição de plantas.
Quando chegaram ao Brasil, no Estado de São Paulo, os japoneses foram distribuidos pelas cidades de Iguape, Presidente Venceslau, Presidente Prudente, Álvares Machado e aos pouco foram se espalhando por outras cidades, que inclusive ajudaram a povoar. É o que mostra a tese de mestrado Raízes de um Povo: A Colônia Japonesa de Álvares Machado SP, de Edilene Mayumi Murashita Takenaka.
Esse povo tinha expectativa de trabalhar em lavouras, ganhar salários justos, ter condições dignas de trabalho e voltar para o Japão. Porém isso foi apenas uma ilusão decorrente de propagandas enganosas usadas para atrair colonos, diz a autora da tese. A remuneração baixa gerava descontentamento, pois era muito inferior àquela divulgada em propagandas e as dívidas acumuladas nos armazéns da fazenda restringiam ainda mais os seus ganhos.
Além das más condições de vida e de trabalho (os fazendeiros estavam acostumados a lidar com escravos, por isso tratavam os imigrantes como tal), os japoneses tiveram de se adaptar ao clima e à alimentação, relata a tese. Quase nenhum produto que eles consumiam no Japão era encontrado aqui. As mulheres levaram muito tempo para aprender o preparo da comida encontrada no Brasil. Tiveram de fazer improvisos de alimentos para o preparo de sopas, como o tradicional picles japonês que foi substituído pelo mamão verde salgado, segundo Takenaka.
Porém os imigrantes não se contentaram com o trabalho que tinham nas fazendas. Eles encontraram formas de cultivar seus próprios alimentos. Queriam ser autônomos. À medida que conseguiam terras, começaram a plantar arroz, feijão, milho, hortaliças (muito presente na alimentação japonesa), diz a autora. Os primeiros imigrantes japoneses a se tornarem proprietários de terra foram cinco famílias que adquiriram, em fevereiro de 1911, lotes junto à Estação Cerqueira César, da Estrada de Ferro Sorocabana. (...) Essas famílias foram também as primeiras a cultivar o algodão.
Algodão e café
O imigrante Shirabe Nagata contribuiu, em 1951 para a cotonicultura, com a introdução da técnica norte-americana baseada nos 4 H. São as iniciais das palavras inglesas head (cabeça, que representa a prática e a inteligencia); heart (coração, representa o sentimento caloroso); hand (mão trabalhadora) e health (saúde). É o que diz o texto produzido por Andreia Moreira: No princípio, elegeram o algodão como cultura. (...) Shirabe Nagata introduziu no Brasil o movimento ´4 H´ de origem norte-americana. (...) Essas idéias orientam o desenvolvimento e a prosperidade da família, comunidade e país.
Em relação ao café, cultura que estava em alta na época, os formadores de fazendas marcaram um período muito importante para a lavoura cafeeira na frente de expansão paulista. Esses profissionais se encarregavam de formar o cafezal para o proprietário e em troca ficavam com os lucros das culturas intercalares e da receita da venda do café a partir do quarto ano da produção. É o que mostra a tese: O colono japonês tinha uma outra alternativa em sua busca incessante de sucesso financeiro: tornar-se um profissional ´formador-contratista´, que mediante um prazo estipulado de 4 ou 6 anos a maioria era de 6 anos - se encarregava de formar o cafezal para o proprietário auferindo as receitas das culturas intercalares e da receita da venda do café a partir do quarto ano.
O evento mostrará, ainda, outras contribuições que foram colocadas em prática no decorrer desses anos. As palestras serão apresentadas por professores da UNESP e pesquisadores do Instituto Agronômico (IAC-APTA), entre outros profissionais.
O evento será realizado no campus Presidente Prudente da UNESP, Rua Roberto Simonsen, 305. Outras informações podem ser obtidas pelo telefone (18) 3222-0732 ou pelo e-mail aluciane@apta.sp.gov.br
José Venâncio de Resende/Taís de Toledo Barros Auler
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