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Produtor abandona o Manejo Integrado de Pragas da Soja

O Manejo Integrado de Pragas da Soja, ou MIP, que tanta economia proporciona, tem sido, porém, abandonado ou mal usado pelos produtores, alerta o pesquisador Flávio Moscardi, da Embrapa Soja. Entre as razões para o abandono do MIP, Moscardi explica que o sojicultor aproveita outras operações de controle para já utilizar o inseticida contra pragas da lavoura, independentemente da necessidade de aplicação ou não, imaginando que reduza custos. Outro motivo é que o produtor e mesmo os técnicos das cooperativas consideram trabalhoso fazer amostragens das pragas e doenças, procedimento essencial para decidir se se deve ou não aplicar defensivos. Além disso, o pesquisador diz que a assistência técnica oficial nos Estados, em grande parte, foi desmontada ou reduzida, comprometendo a manutenção do MIP. "Assim, a assistência que os produtores recebem tem sido de representantes de empresas fabricantes de agrotóxicos interessados em vender defensivos", diz. "Assim, gastam muito mais em inseticidas do que no MIP." Inseticida misturado Além de se descuidar da amostragem, o pesquisador diz que muitos produtores usam práticas não recomendáveis. Ele conta que na época da aplicação do herbicida pós-emergente, por exemplo, no início do desenvolvimento da soja, tem-se adotado a prática de misturar o inseticida, aplicando dois produtos de uma vez só. "Esse manejo desequilibra o sistema, elimina os inimigos naturais de pragas e faz surgir pragas secundárias, como lagarta falsa medideira, ácaros e mosca-branca." Conforme Moscardi, muitos sojicultores não avaliam, por exemplo, a incidência de ataque da lagarta da soja e aplicam inseticida emergente empiricamente, comprometendo a ação do inimigo natural baculovírus. Para ter-se idéia, o pesquisador afirma que desde a safra 2002/2003 houve redução de 2 milhões para 1,3 milhão de hectares tratados com o baculovírus, ou seja, um retrocesso de 700 mil hectares. Mesmo com falhas, porém, Moscardi estima que o MIP tem proporcionado economia de cerca de R$ 300 milhões, relativos aos 20 milhões de litros de inseticidas economizados por safra. "No MIP, a redução de aplicações de produtos químicos leva naturalmente à redução do custo de mão-de-obra, de combustíveis, de desgaste de máquinas e de amassamento da soja." O pesquisador diz também que o produtor deve ficar atento, até porque várias pragas têm surgido no plantio direto. "A umidade da palha desencadeia o surgimento de outros organismos. Caracóis, por exemplo", afirma. Programa parcial Segundo o técnico da Emater de Ivatuba (PR), região de Maringá, Alain Zola, o MIP completo não está sendo utilizado na região. Apenas partes do programa. Além da resistência do produtor de "bater o pano" (fazer vários pontos de amostragem na lavoura, sacudindo as plantas para derrubar as pragas sobre um pano branco e fazer a contagem para saber a incidência de pragas), ele diz que há a pressão do mercado. "O pessoal de venda faz marcação cerrada, empurra produto." O produtor Paulinho Roberto Presa, de Ivatuba (PR), utiliza o MIP na sua propriedade de 96 hectares. Há dez anos, ele diz que bate o pano. "Dá certeza do nível das pragas e ajuda a reduzir as aplicações, duas para lagarta e uma para percevejo." Presa diz que o MIP é economia. No entanto, apesar das vantagens, ele diz que na região poucos o utilizam. "Há vários produtores que trabalham com prevenção, aplicam veneno demais. São os `homens-bomba'", afirma. "Eles vivem em cima do trator e a cada sete dias vão à roça, põem veneno e garantem que isso ajuda a colher mais", conta. "Fazem de sete a oito aplicações para lagarta e duas para o percevejo." No começo, ele usava baculovírus para controlar a lagarta. "Funcionava bem, mas ficou difícil de conseguir, então optei por usar produto fisiológico que impede o ciclo da lagarta", afirma Presa. "É mais seletivo, afeta pouco os inimigos naturais e o ambiente e impede o crescimento e a metamorfose dos insetos", diz Moscardi.

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