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Produtores de algodão dependem cada vez mais do mercado externo

Os produtores brasileiros de algodão estão cada vez mais independentes do mercado interno. Em 2001, quando o Brasil efetivamente passou a exportar a pluma com maior regularidade e em volumes expressivos, os embarques representaram 15,6% da produção total do país. No ano passado, o percentual já alcançou 30,1%, e a expectativa é de que as vendas externas avancem para representar mais da metade dos negócios dos cotonicultores a partir deste ano ou, no mais tardar, em 2008. Como nos últimos cinco anos não houve qualquer salto expressivo da produção brasileira - o volume cresceu 10,6%, de 938,8 mil para cerca de 1,03 milhão de toneladas -, especialistas consideram que a "migração" das vendas para outras fronteiras foi a forma encontrada pelos cotonicultores para se defender das oscilações na demanda doméstica, que hoje muitas vezes decepciona em parte pela acirrada disputa com têxteis importados. "Na década de 90, a produção brasileira era menor que o consumo, e ainda assim os preços praticados no país eram muito baixos", lembra Christopher Barry Ward, produtor de algodão e soja de Rondonópolis (MT). Na época, as importações eram expressivas e a qualidade do produto nacional, discutível. "Hoje os preços no mercado interno têm o mesmo custo da paridade com a importação". Ward produz algodão há 12 anos e destina 2,3 mil hectares para a fibra. Parte de suas duas próximas safras - 2007/08, que começa a ser plantada no fim do ano, e 2008/09 -, já está comprometida. "Já tenho até preço fixado", afirma. A estratégia de Ward reflete, em larga medida, a realidade de muitos produtores do país. As bolsas de mercadorias já têm registros de negócios antecipados até 2010. Segundo o Cepea/USP, 764 mil toneladas da atual safra (2006/07) já estão comprometidas. Desse total, 565 mil devem ser destinadas ao exterior, ou 43% da oferta total. A expectativa inicial era que as exportações alcançariam, no ano, 400 mil toneladas, mas podem chegar até 600 mil. Para a safra 2007/08, 349 mil toneladas de uma produção ainda incerta no Brasil estão contratadas. Para 2008/09, o volume já se aproxima de 90 mil toneladas, e para 2009/10 8,2 mil toneladas estão reservadas, segundo a Conab. Marco Antonio Aloísio, da trading Esteve, diz que esse movimento de antecipação de comercialização, sobretudo no mercado externo, começou há dois anos e ganhou ritmo. "As exportações dão liquidez ao produtor". Apesar do ímpeto exportador dos produtores, diz, as indústrias têxteis instaladas no país ainda têm pouca tradição em acertar compras com grande antecedência. O algodão brasileiro tem compradores cativos na Ásia, sobretudo China - maior importador mundial -, Paquistão e Indonésia, e na Europa. "Muito do algodão em pluma importado pela China volta para o Brasil como produto acabado, fazendo concorrência com as indústrias brasileiras", observa Aloísio. Em 2005, o Brasil exportou 77,5 mil toneladas para a China. Em 2006, até outubro, os embarques para o país alcançaram 20 mil toneladas, segundo a Associação Nacional dos Exportadores de Algodão (Anea). Com 90% da área plantada de 2006/07 semeada até o fim de dezembro passado, a colheita do novo ciclo deve começar em março no Paraná e São Paulo. No Mato Grosso - maior Estado produtor do país, seguido por Bahia e Goiás, segundo a Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa) -, a colheita começa em maio. "O plantio dos 10% restantes refere-se à área irrigada do Centro-Oeste", diz Renato de Freitas, diretor-executivo da Abrapa. Na atual entressafra, os preços da pluma seguem firmes. O índice Cepea/Esalq para o algodão está em R$ 1,35 a libra-peso, aumento de 13% sobre o mesmo período de 2006. No mercado externo, os preços da fibra estão cotado a 55 centavos de dólar por libra-peso, recuo de 0,8% em 12 meses, e é a conjunção entre demanda chinesa aquecida e quebra da safra da Austrália, provocada por estiagem, que têm oferecido sustentação às cotações. Apesar do crescente vínculo entre as cotações externas e domésticas, no ano passado o governo federal comprou via leilões de Pepro (Prêmio Equalizador Pago ao Produtor) 461,522 mil toneladas - 45% da produção em 2005/06 - e também ajudou a sustentar os preços no país.

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