Projeto de criação de peixes em Comunidades de Quilombo no Vale do Ribeira, aprovado no CNPq
Data da postagem: 13 Junho 2008
O Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) aprovou o projeto Fortalecimento da piscicultura em Comunidades de Quilombo no Vale do Ribeira/SP, elaborado por técnicos da Fundação Instituto de Terras do Estado de São Paulo (ITESP) e pesquisadores do Pólo APTA Vale do Ribeira, da Secretaria de Agricultura e Abastecimento. Este projeto é continuidade de trabalho iniciado em 2005, envolvendo moradores da Comunidade Remanescente de Quilombo São Pedro, no município de Eldorado (SP), técnicos do ITESP e pesquisadores da APTA.
A finalidade do novo projeto é implantar um programa regional quilombola de desenvolvimento e organização das atividades de criação de peixes, com a melhoria da qualidade do produto comercializado e ampliação da criação para mais quatro comunidades (Maria Rosa, Pilões, Galvão e Morro Seco). É de conhecimento que a agregação de valor à produção e a capacidade de organização para comprar e vender em conjunto são os caminhos para a competitividade, diz o pesquisador Antonio Fernando Leonardo, da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA).
Na comunidade vivem 39 famílias que, ao longo dos anos, vêm exercendo atividades de plantio, visando à subsistência nas áreas demarcadas pela Fundação (ITESP) e licenciadas pelo Departamento Estadual de Proteção de Recursos Naturais (DPRN). Esse sistema empírico utilizado, que proporciona baixa produtividade, aliado às restrições ambientais ao crescimento populacional e à falta de oportunidade, vem dificultando a permanência dos jovens na comunidade e aumentando os problemas relacionados à alimentação, observa Leonardo.
Entre as alternativas apontadas para solucionar o problema, está a criação de peixes que, embora ainda incipiente como atividade economicamente emergente, seria uma das atividades a se moldar ao conceito de sustentabilidade em todas as suas dimensões, afirma Leonardo. A utilização de tecnologia atual contribuiria não só com a viabilidade econômica da atividade, mas também com a sustentabilidade sócio-ambiental, espacial e cultural.
Histórico
O projeto surgiu a partir de reunião, em outubro de 2005, dos moradores da comunidade com técnicos do ITESP para apreciar edital do CNPq, cujo objetivo era apoiar a execução de projetos de extensão e disponibilização de tecnologias sociais para comunidades tradicionais e povos indígenas. Estes projetos seriam apresentados por instituições públicas de ensino superior, pesquisa e extensão, além de entidades comunitárias e confessionais sem fins lucrativos, em articulação com as comunidades e povos.
O trabalho em grupo reforçou os laços intra e interfamiliar e despertou o interesse dos jovens pela atividade. Devido aos bons resultados deste projeto na Comunidade de São Pedro município de Eldorado/SP, outras comunidades se interessaram pela criação de peixes, conta Leonardo.
O novo projeto não tem o propósito de tornar os quilombolas produtores exclusivos de peixes, mas sim capazes de usufruir da multiplicidade de serviços oferecidos em seus territórios, explica Leonardo. Dessa forma, será possível aumentar a diversidade de atividades exploradas, agregar valor aos seus subprodutos e torná-los menos dependentes de uma única fonte de renda, possibilitando assim uma garantia a mais para a segurança alimentar das famílias e geração de renda, por meio da melhoria e quantidade de seus produtos.
José Venâncio de Resende
Assessoria de Comunicação Social da APTA
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