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Quarentenário do Instituto Agronômico integra sistema de defesa vegetal do Brasil

A Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, por meio do Instituto Agronômico (IAC), de Campinas, tem um dos dois quarentenários brasileiros e a tarefa de analisar a qualidade fitossanitária de materiais vegetais para fins de pesquisa. Qualquer material importado de outro país para ser estudado ou para uso de empresas importadoras deve, obrigatoriamente, passar pela fase de quarentena, que pode durar de três a seis meses, dependendo da espécie vegetal.
Dentre os usuários do Quarentenário IAC estão empresas — como Basf, Bayer, Centro de Tecnologia Canavieira (CTC), Monsanto, Monsoy, Souza Cruz, Syngenta — e universidades, como Unesp e Unicamp. A Unidade do IAC já recebeu materiais de 40 países, incluindo Estados Unidos, Austrália, Canadá, Espanha, França, Índia, Itália, Suíça, Japão e China.
A fiscalização da entrada de materiais vegetais no Brasil é atribuição do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), que credenciou o Quarentenário do IAC para colaborar no sistema de defesa vegetal do Brasil. A Unidade do IAC tem o Certificado de Qualidade em Biossegurança (CQB).
O quarentenário do IAC, em Campinas, tem localização privilegiada por estar próximo a dois grandes aeroportos internacionais, o de Viracopos e o de Cumbica, além da ampla malha rodoviária da região. O outro quarentenário brasileiro pertence à Embrapa e fica em Brasília. Christina Dudienas, coordenadora da Unidade, afirma que o IAC pode receber material vegetal originário de qualquer país e a solicitação pode ser feita por qualquer instituição, desde que tenha a autorização do MAPA.
Até setembro de 2015, o quarentenário IAC recebeu 181 materiais vegetais para análise. Este número é o maior da história da Unidade. Em 2014, foram recebidos 173. Em 2013, chegaram 182 materiais vegetais para análise. Trata-se de um aumento de aproximadamente 10% ao ano, segundo Roberta Pierry Uzzo, pesquisadora do IAC e coordenadora substituta do quarentenário.
Apesar da preocupação com a entrada de pragas no Brasil, poucos materiais que chegam ao quarentenário apresentam pragas. Este ano, até setembro houve o descarte de braquiária, por conta de planta daninha. Em 2014, houve dois descartes: um de trigo, devido à presença de planta daninha, e um de soja, por alta concentração de fungos e bactérias não quarentenárias. Em 2013, três introduções foram eliminadas por contaminação, em cana, stévia e soja, do total de 182 quarentenas.
Roberta ressalta que o trabalho de quarentena é essencial para a segurança da agricultura de um país. “O nosso objetivo é conter, detectar e identificar pragas. Para isso, temos estruturas, procedimentos e registros fiscalizados e aprovados pelo MAPA, que se fazem necessários para a prevenção da entrada de pragas exóticas no Brasil”, ressalta.
As atividades de quarentena do IAC são realizadas por uma comissão, que tem a finalidade de executar as atividades de inspeção, detecção e contenção de pragas. Além de Christina Dudienas, Roberta Pierry Uzzo e Valdir Atsushi Yuki, a comissão é formada por outros 14 pesquisadores do IAC, dois pesquisadores do Instituto Biológico (IB), estagiários e bolsistas.
Alguns casos de pragas que assolaram a agricultura no Brasil ficaram marcados e serviram de exemplo para reforçar cada vez mais a segurança fitossanitária. No final da década de 50, o cancro cítrico, de provável origem asiática, causou perdas consideráveis nos Estados de São Paulo e Paraná. Outro exemplo foi o bicudo-do-algodoeiro, detectado na década de 80, que causa prejuízos até hoje. “O controle dessa praga é feito com aplicações intensivas de inseticida”, diz Christina. A ferrugem asiática, encontrada na cultura da soja na primeira década de 2000, causou perdas de até 75%.
“Esta tarefa atribuída ao Quarentenário do IAC reforça a qualificação e credibilidade dos institutos paulistas; é mais um meio em que o Estado de São Paulo colabora com o País, como valoriza o governador Geraldo Alckmin”, diz o secretário de Agricultura, Arnaldo Jardim.
Risco inerente ao turismo
Uma coisa é conviver com pragas existentes no País. Outra situação bem diferente é ter que enfrentar às pressas adversários inesperados, contra os quais não há armas disponíveis, como as pragas existentes em outros países, mas sem registro no Brasil. Esses “acompanhantes” invisíveis a olho nu podem entrar no País em calçados, roupas e alimentos trazidos por turistas e daí chegarem até as lavouras brasileiras.
De acordo com pesquisadoras da área de fitossanidade do Instituto Agronômico (IAC), pessoas que chegam de outros países podem trazer pragas como contaminantes em seus calçados, roupas ou frutas, por exemplo, para consumo próprio ou para presentes. “O risco é desconhecido, no entanto, pode ser muito elevado”, afirma Christina Dudienas, pesquisadora do IAC, da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo.
Situações que geram intensa movimentação de estrangeiros, como a Copa do Mundo e Olimpíadas, trazem a preocupação com a possível introdução de pragas inexistentes em território nacional, como insetos, ácaros, fungos, bactérias, nematoides ou vírus, que causam danos às plantas e prejuízos aos agricultores e à economia brasileira.
Em 2013, IAC detectou praga inexistente no Brasil
Em 2013, o Quarentenário IAC detectou uma praga inexistente no Brasil. O patógeno estava em uma carga importada de stévia, planta utilizada como adoçante natural.
O pesquisador do IAC, Valdir Yuki, especialista em virologia, detectou um vírus da família Cucumovirus, já registrado na América do Norte, Ásia e Europa, causando elevados danos a várias culturas. Cerca de 80 espécies de plantas, entre daninhas e cultivadas, podem ser infectadas por esse vírus. Dentre elas estão amendoim, feijão, soja, fumo, ervilha, pimentas e pimentões, abóboras e abobrinhas, melancia, pepino, beterraba, tomate, girassol, entre outras. “Caso esse vírus venha a ser introduzido, pode causar grandes prejuízos, pois como são transmitidos por várias espécies de pulgões, eventualmente podem ser transmitidos pelas sementes”, diz Yuki. Nos Estados Unidos e no Japão houve perdas significativas, principalmente em culturas de soja, amendoim e feijão.
Entenda como funciona o processo de quarentena no IAC
O processo para as empresas ou instituições submeterem análises no quarentenário leva cerca de três meses para culturas anuais, como hortaliças e grãos, e aproximadamente seis meses para as perenes, como café, cana e citros. Quarentena vem do italiano quatarantina, que significa quarenta. A expressão tem origem no passado, quando em caso de suspeita de doenças contagiosas, o isolamento recomendado era de, no mínimo, 40 dias.
As instituições interessadas em submeter materiais à análise entram em contato com o quarentenário IAC, que pode aceitar ou recusar os materiais, conforme o volume de atividades. A documentação necessária para a importação do material é determinada pelo MAPA. Nos aeroportos ou portos, as caixas com material vegetal são abertas e conferidas por fiscais do Ministério, que as encaminham ao Quarentenário do IAC, onde os materiais são conferidos, registrados, armazenados e encaminhados para análises.
Se não for constatada nenhuma praga, o IAC emite o laudo final de Inspeção Fitossanitária e comunica o MAPA, responsável pela emissão do laudo de liberação. Só então a empresa importadora é comunicada para retirada o material no quarentenário. Se houver detecção de praga, a empresa é comunicada, o MAPA emite um laudo de eliminação e todo o material é autoclavado e incinerado.
Texto: Assessoria de Imprensa – IAC

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