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Secretaria de Agricultura e Abastecimento de São Paulo debate os desafios da comercialização da carne na Agrishow 2019

A carne também marcou presença na Agrishow 2019 com a realização de um painel com o tema “Comercializar, eis a questão!”, reunindo representantes do setor produtivo, da indústria e do poder público para debater o protagonismo do Brasil na produção da proteína animal e os desafios na comercialização do produto.

O evento ocorreu na Arena do Conhecimento, com a presença do presidente da Agrishow e vice-presidente da Abag, Francisco Maturro, do prefeito de Ribeirão Preto, Duarte Nogueira, e do secretário da Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, Gustavo Diniz Junqueira.

Sobre a importância da abertura de mercados, Junqueira informou que de 3 a 9 de agosto acompanhará o governador João Doria à China para inaugurar, em Xangai, no dia 9 de agosto, o primeiro escritório de um estado brasileiro no país. “Será o escritório da pecuária paulista e brasileira”, disse Junqueira, ressaltando que o estado de São Paulo é o maior exportador brasileiro de carne e o porto de Santos o maior da América Latina e do mundo para exportação de proteína animal.

Para a implantação do projeto de promoção dos produtos paulistas, o secretário ressaltou a necessidade de São Paulo ter a melhor Defesa Agropecuária do Brasil, confiável, ágil, eficiente e eficaz, atuando com protocolos claros. O órgão, que deverá atuar com o lema “Servir e Proteger”, está no centro das atenções da Secretaria de Agricultura e Abastecimento.

Junqueira lembrou também, na abertura do evento, da campanha de vacinação contra febre aftosa, iniciada no dia 1º de maio. “A vacinação é de extrema importância, pois mantém nossa Defesa Agropecuária em alerta e também por estarmos caminhando de fato para tirar a vacinação e, assim, conquistar mais mercados”, destacou.

Por fim, citando o Boi 7.7.7, fruto de pesquisas de instituições da Secretaria de Agricultura e Abastecimento, o secretário destacou que “temos muito a crescer na cadeia da proteína animal, mas só teremos resultados com tecnologia e gestão, transformando todos os produtores rurais em empresários rurais”.

Vacinação contra a Febre Aftosa
Com os olhos voltados à sanidade dos rebanhos, condição fundamental para derrubar barreiras sanitárias impostas por países compradores, teve início no dia 1º de maio a campanha de vacinação contra a febre aftosa. Até o dia 31 de maio, todos os bovídeos (bovinos e bubalinos) do rebanho paulista, formado por 11 milhões de cabeças, devem ser vacinados. Para esta etapa, a dose da vacina foi reduzida de 5ml para 2ml.

A vacinação deve ser declarada até o dia 7 de junho através do sistema informatizado Gestão de Defesa Vegetal e Animal (Gedave), da Secretaria de Agricultura e Abastecimento, com acesso pelo endereço defesa.agricultura.sp.gov.br

O prefeito de Ribeirão Preto, Duarte Nogueira lembrou o nível de sofisticação tecnológico e as inovações para se produzir mais com segurança alimentar, com defesa agropecuária efetiva e preços mais competitivos dos produtos para ganhar mercado interno e externo. “A sinergia entre pecuária e agricultura é indissociável e o Brasil se tornará o maior produtor de alimentos do mundo e maior exportador de excedentes para garantir a sobrevivência das pessoas com alimentação de qualidade e, ao mesmo tempo, com garantia de abastecimento”, salientou.

Desafios da comercialização

Os palestrantes do evento apresentaram informações para auxiliar os pecuaristas nas tomadas de decisões a fim de obter melhores resultados no momento da comercialização.

O presidente para América Latina da Trouw Nutrition, Stefan Mihailov falou sobre o Brasil e a nobre missão de alimentar o mundo. “É o maior dos desafios, pois requer mais alimentos que terão que ser produzidos de forma sustentável. É preciso produzir mais com menos”.

Mihailov mostrou tendências de mercado e que, de acordo com estimativas da FAO, órgão da ONU para alimentação, o Brasil precisará aumentar sua capacidade produtiva em 40% para suprir a demanda mundial em 30 anos, uma vez que hoje a população é de mais de 7 bilhões de pessoas e em 2050 serão mais 2,2 bilhões de pessoas. “O mundo precisará, portanto, produzir 70% mais alimentos para atender essa demanda e cerca de 90% do aumento da produção de alimentos virá dos países em desenvolvimento, como o Brasil”, detalhou Mihailov.

De acordo com dados apresentados, o Brasil é essencialmente um país agrícola. O agronegócio representa 21,6% do PIB brasileiro, sendo dois terços gerados pela agricultura e um terço pela pecuária. O Brasil é o número “um” em produção e exportação de diversos produtos alimentícios, sendo o primeiro em exportação de carne bovina.

A competitividade do Brasil está associada essencialmente ao aumento da produtividade alcançado pelos produtores brasileiros, ano após ano, e sem subsídios. “É motivo de orgulho para todos nós que seguiremos como protagonistas na nobre missão de alimentar o mundo”, ressaltou Mihailov.

Dando sequência à programação, José Dias Rossafa, supervisor nacional de vendas da Coimma, abordou o tema “Planejando a produção com tecnologia”, enfatizando a evolução pela qual passou a pecuária e que a nova geração está mais aberta às novas tecnologias, porém ainda precisa buscar mais conhecimento sobre tecnologias de gerenciamento.

“A pecuária, mesmo empiricamente, foi crescendo e tomando forma. Os pecuaristas na década de 60 buscavam genética para melhorar o gado brasileiro de clima tropical, contribuindo para o crescimento da pecuária. Hoje 80% da raça zebuína é de gado Nelore, que nos mantém como grande protagonista neste mercado produtor de carne”, destacou Rossafa. “Precisamos fazer mais, porém a baixa rentabilidade faz com que muitos desistam de seus negócios e vendam suas propriedades. Contudo, se o pecuarista utilizar um pouco mais de técnica, planejamento e investimento em tecnologia de gerenciamento de informações estratégicas tornará o negócio pecuário mais produtivo”, salientou.

Intensificar com eficiência

Já o tema “Intensificando com eficiência”, Flávio Dutra de Resende, pesquisador da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA), Polo Regional de Colina (SP), ressaltou que o Brasil é um país onde as pessoas acham muito, observam pouco e não medem praticamente nada. “Temos que produzir carne de qualidade para atingirmos cada vez mais consumidores do produto”, destacou.

A intensificação com eficiência passa por várias etapas produzindo animais mais jovens, em menos tempo e com maior ganho de peso por hectare, atingindo assim melhor preço de comercialização. Para produzir animais com maiores ganhos médios de carcaça, “tem que começar na gestação do animal. É a meta mínima para a atividade: tem que programar o bezerro que vai nascer, pois estudos já mostram a capacidade do animal na barriga da mãe”, afirmou o pesquisador.

“Para produzir mais arrobas por hectare, o produtor precisa ter um bom bezerro, boa genética e pasto com manejo adequado”, enfatizou.

O pesquisador da APTA destacou o sistema do Boi 7.7.7, tecnologia desenvolvida pela APTA, que visa à produção do gado de 21 arrobas em até dois anos, de forma que os animais alcançam sete arrobas na desmama, sete na recria e outras sete na engorda, enquanto no sistema tradicional os produtores produzem gado de 18 arrobas em três anos. “A tecnologia tem ajudado a modificar a produção brasileira de gado de corte, aumentando em 30% a lucratividade dos produtores e disponibilizando ao mercado carne com melhor qualidade, de forma mais rápida, além de diminuir a emissão de metano para a atmosfera.”

Para atingir a meta, ele explicou que é necessário ainda utilizar diversas ferramentas, principalmente manejo de pasto e suplementação alimentar, que varia de acordo com o peso do animal. “O pecuarista precisa se perguntar onde está, como está e onde quer chegar.”

Balizador de preço

O diretor da Athenagro, Maurício Palma Nogueira que apresentou o tema “Balizar: vale a pena?”, falou do cenário e resultados da pecuária de corte, perspectivas de preços, custo e produção, favorecendo as proteínas.

Apesar dos indicadores de mercado, o consultor destacou a importância do Balizador do Grupo Pecuária Brasil (GPB), ferramenta desenvolvida por pecuaristas para informar em tempo real os valores de comercialização da arroba praticados no Brasil. “Com o Balizador organizado e compartilhado pelos próprios produtores, tem-se outra ferramenta de comparação — um banco de dados que une e alinha as estratégias com o comercial. O Balizador colabora para referência de preço comercial, e o mais interessante da ferramenta é a quantidade de informações que podem ser consultadas, como associações de raças, nutrição e manejo, relacionadas ao preço final de produção”, detalhou Maurício.

Beto Zillo, da Z1 Consultoria, mostrou os resultados de “Um ano de Balizador do Grupo Pecuária Brasil (GPB)”, criado por um grupo de pecuaristas que se uniu e desenvolveu uma ferramenta independente e sem fins lucrativos para ajudar o pecuarista na hora de decisão para onde e quando enviar seus animais para o abate. “A ferramenta Balizador GPB possui informações fiéis e produzidas pelos próprios envolvidos pela comunidade, que diariamente informam valores de comercialização dos seus animais”, explicou Zillo.

Já o criador da Carta Pecuária, o consultor Rogério Goulart, tratou das estratégias para uma melhor produção e comercialização, com o tema “Não basta saber produzir”. “O mercado financeiro tem uma dinâmica própria e o pecuarista precisa analisar melhor o mercado para não perder oportunidades de comercializar melhor o seu produto, com maior lucro”, enfatizou Goulart.

Conduzido por Diede Loureiro Neto, apresentador do Canal Produti, o evento foi fechado com um debate entre participantes e palestrantes, mediado pela pesquisadora do Instituto de Zootecnia (IZ-APTA), Renata Helena Branco Arnandes.

A tarde de palestras na Agrishow foi uma realização da Secretaria da Agricultura e Abastecimento do estado de São Paulo em parceria com o Grupo Pecuária Brasil - GPB, e patrocínio das empresas Allflex, Bellman, Coimma e MultiBovinos, além do apoio da Informa, organizadora da Agrishow e da VipBov.

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