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Secretaria de Agricultura realiza treinamento para manejo da Sigatoka Negra na cultura da banana

A Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, por meio da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA), realiza segundo treinamento sobre manejo da Sigatoka Negra na cultura da banana, em 16 de julho de 2015, a partir das 8 horas, em Pariquera-Açu, região do Vale do Ribeira, interior paulista. Este é o segundo treinamento realizado pela APTA em parceria com o Sindicato Rural do Vale do Ribeira. Ao longo do ano serão realizados mais dois eventos. O objetivo é treinar produtores, técnicos agrícolas e engenheiros agrônomos para a identificação e manejo da mais severa e destrutiva doença da bananicultura. Também participam do treinamento alunos e professores de cursos de agronomia e biologia de universidades de São Paulo e de outros Estados brasileiros, como Paraná e Santa Catarina.

De acordo com Wilson da Silva Moraes, engenheiro agrônomo do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), que atua no Polo Regional Vale do Ribeira da APTA há 11 anos, o treinamento é importante para transferência de conhecimento adquiridos e gerados pelas pesquisas da APTA na principal região produtora de banana do País. As aulas práticas serão realizadas em um campo experimental, localizado na unidade de pesquisa APTA, onde os participantes poderão conhecer in loco os sintomas da doença e os prejuízos na qualidade e quantidade da produção.

“No Brasil, a endêmica Sigatoka Amarela apresenta perdas que podem chegar a 50% da produção, porém, a Sigatoka Negra pode resultar em perdas de 100%”, afirma o pesquisador vinculado à APTA. Segundo Moraes, o agente causal da Sigatoka Negra é mais agressivo e a doença se comporta de forma mais severa, mas quando ocorrem infecções mistas, os danos são bem maiores.

Desde 2004, quando a doença chegou aos bananais comerciais do Estado de São Paulo, a APTA desenvolve pesquisas e transfere conhecimento e tecnologia aos bananicultores. Já foram realizados pela APTA mais de 40 cursos teóricos e práticos de identificação, monitoramento e manejo da Sigatoka Negra.

O secretário de Agricultura, Arnaldo Jardim, destaca a importância do trabalho realizado pela Apta em relação ao manejo da Sigatoka Negra na cultura da banana, para que esse segmento do agronegócio não sofra com as perdas provocadas pelo problema. “O governador Geraldo Alckmin sempre recomenda que possamos gerar e difundir conhecimentos que beneficiem a cadeia produtiva”, destacou o secretário.

Aplicativo

A Agência desenvolveu um aplicativo computacional em planilha eletrônica MS-Excel que estima a severidade da doença, com base na evolução dos estágios de desenvolvimento dos sintomas e do ritmo de emissão foliar. O aplicativo realiza cálculos de correção da vela, soma bruta, ritmo de emissão foliar atual e ponderado e do estado da evolução da doença, determinando semanalmente, durante um ano, em 52 planilhas vinculadas. Os resultados são apresentados em gráficos. “O método consciente em selecionar ou amostrar dez plantas em bananais de até 50 hectares e, semanalmente, realizar a leitura ou observação dos estágios de desenvolvimento dos sintomas precoces, presentes na extremidade inferior direta das folhas, a partir da vela e a emissão foliar de cada planta”, explica Moraes.

O aplicativo da APTA é importante para determinar o momento correto na aplicação de fungicidas. Com ele, é possível especificar de forma objetiva o intervalo e o número de aplicações anuais de fungicidas. A APTA já disponibilizou CD’s com a planilha eletrônica em formato Excel para os participantes dos mais de 40 cursos realizados e também para técnicos e agrônomos ligados às Casas de Agricultura. O aplicativo foi desenvolvido com base na técnica de monitoramento da severidade da doença, importada da França, e ajustadas por pesquisadores da APTA para utilização dos bananicultores paulistas.

Durante o evento, os pesquisadores da APTA vão ensinar os produtores a melhor forma de manejo da doença, que tem por base a utilização de cultivares resistentes, práticas culturais e uso de fungicidas sistêmicos e protetores. “A produção comercial de bananas só é possível se levar em conta um sistema de manejo integrado da Sigatoka Negra, sendo necessário o conhecimento sobre a doença por parte dos técnicos e bananicultores”, afirma.

As práticas culturais consistem na eliminação dos bananais abandonados ou não tratados, drenagem dos solos encharcados, nutrição adequada das plantas com base em análises de solo e de folhas, controle das plantas invasoras, desfolha sanitária, corte e cirurgia das folhas atacadas, amontoa de folhas secas seguida da aplicação de ureia e na eliminação de plantas severamente atingidas. Dentre estas práticas, o pesquisador alerta para a eliminação dos bananais abandonados, que devem ter atenção especial por parte dos produtores, associação de produtores e, principalmente, pela defesa agropecuária do Estado. Estes bananais garantem a produção, sobrevivência e a disseminação de uma grande quantidade de esporos do fungo, responsáveis pela continuidade do ciclo, maior intensidade da doença e pelo maior custo de controle químico.

No evento realizado pela APTA, os participantes poderão observar a dinâmica do desenvolvimento dos sintomas da doença nas plantas e exercitar a técnica de monitoramento da severidade da Sigatoka Negra, com a indicação do momento, sequencia e alternância de aplicação de fungicidas para controle. Eles poderão ainda observar em laboratório, com auxilio de lupas e microscópios, os sinais típicos do fungo Mycosphaerella figiensis, agente causal da Sigatoka Negra.

A doença

A Sigatoka Negra chegou ao Brasil em 1998, pela fronteira entre o Peru, Colômbia e o Estado do Amazonas. Ao longo de seis anos, a doença foi disseminada para os demais Estados da região Amazônica, chegando em 2004, no Vale do Ribeira, interior paulista.

O pesquisador vinculado à APTA lembra que, à época, os bananicultores conviviam com a endêmica Sigatoka Amarela e realizavam de quatro a seis aplicações anuais de fungicidas. Atualmente, no Brasil, são feitas de oito a dez aplicações de fungicidas, por ano, enquanto países exportadores de banana, como a Costa Rica, Equador e México, são realizadas de 20 a 77 aplicações. “O custo de cada aplicação é em torno de R$ 125,00 a R$ 150,00, por hectare. Com advento da Sigatoka Negra no Vale do Ribeira, os custos de produção aumentaram em mais de 50%”, afirma Moraes.

Os prejuízos causados pela doença ocorrem de forma indireta sobre a produção. O fungo ataca as folhas mais novas da bananeira, que apresentam processo de senescência e morte acelerados pela ação do fungo, resultando em severas desfolhas na planta e menor rendimento de frutos.

Moraes explica que existem inúmeras variedades de bananeira resistentes à Sigatoka Negra, as quais foram desenvolvidas ou pesquisadas pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) em parceria com instituições estaduais, como a APTA. “Muitas delas estão em fase de estudos e outras já foram lançadas no mercado, porém, a aceitação comercial é o grande desafio a ser conquistado. Enquanto isso, as variedades preferidas pelo mercado, como a Prata, Nanica e Maçã, são consideradas altamente suscetíveis à Sigatoka Negra”, explica.

Produção de banana

O Estado de São Paulo se destaca como maior produtor de banana do Brasil. Cerca de 80% da produção está concentrada nos municípios da região do Vale do Ribeira, localizada no Sul do Estado, com clima tropical úmido bastante influenciado pelas massas de ar oceânicas vindas do Sul que, barradas pelo relevo, precipitam, causando um dos maiores índices pluviométricos do País. Este clima é propício para o desenvolvimento das plantas de bananeiras, que atingem produtividade média de 22,5 toneladas, por hectare. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no Vale do Ribeira, a cultura da banana gerou, em 2013, 24.711 mil empregos diretos e 70.600 indiretos.

Em São Paulo, Santa Catarina, Paraná e Nordeste a produtividade média da cultura varia de 22 a 27 toneladas por hectare, enquanto no restante do País, a produção chega a 14 ton/ha. “Nas Ilhas Canárias e Espanha, onde se adotam altas tecnologias, a produtividade pode chegar a 100 ton/ha. Isso mostra o potencial que teríamos, não fosse o baixo nível tecnológico adotado pela maioria dos bananicultores e aos danos da produção e às perdas econômicas causadas por pragas e doenças”, afirma o pesquisador vinculado à APTA.

Diagnóstico.

O Laboratório de Proteção e Clínica em Fruticultura do Centro de Pesquisa e Desenvolvimento de Sanidade Vegetal do Instituto Biológico, credenciado pelo MAPA, está apto a receber amostras para análise bem como informar ações para o combate a doença Sigatoka Negra, causada pelo fungo Mycosphaerella fijiensis.

 

Texto: Carla Gomes e Fernanda Domiciano

 

Mais informações:

Assessoria de Imprensa - Secretaria de Agricultura e Abastecimento

Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA)

Tel.: (19)  2137-0616/0613

 

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