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Sistema que alia produção de café e macadâmia com alta produtividade é apresentado pela APTA em evento em Jaú

Tecnologia inovadora de cultivo que alia a produção de café e macadâmia foi apresentada aos produtores rurais pela Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA), da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, em evento realizado em Jaú, em 24 de março de 2017. Com o sistema de produção consorciado proposto pela APTA é possível aumentar em 10% a produtividade do café e em 176% da macadâmia, nas cinco safras iniciais. Em condições irrigadas, o salto da produtividade do café pode chegar a 60% e o da macadâmia a 251%, em relação aos cultivos solteiros não irrigados. 
O evento “Estratégias de Gestão Eficiente dos Recursos Ambientais e Agrícolas”, promovido pelo Sindicato Rural de Bocaina e a Prefeitura Municipal da cidade de Jaú, discutiu estratégias, produtos e serviços para melhorar a preservação do ambiente, sustentabilidade do setor rural e gestão eficiente dos recursos naturais, agrícolas, pecuários e florestais.
A tecnologia desenvolvida pela APTA, com participação da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (Unesp) já está sendo utilizada por produtores da região de Dois Córregos, Bocaina, Lins, São Sebastião da Gama, Itapetininga e Vera Cruz. “O uso do consórcio está aumentando em todas as regiões cafeeiras. Todos os dias recebemos consultas de produtores sobre o assunto”, afirma o pesquisador da Secretaria de Agricultura e Abastecimento.
Aumento da produtividade
A explicação para o aumento expressivo na produtividade do café está no sombreamento proporcionado pelas árvores de macadâmia, que protegem os cafeeiros das ações do calor e vento, que podem provocar abortamento de flores e ferimentos nas folhas. “O cafezal sofre muito com a ação dos ventos. O uso da macadâmia pode diminuir em 60% a velocidade dos ventos e em 2,0ºC a temperatura média do ar. Além disso, o uso da irrigação é decisivo na produtividade das lavouras de café no Estado”, diz Perdoná.
Outra justificativa para o ganho da produção do café está na ciclagem de nutrientes. As raízes da macadâmia, mais profundas que as do cafeeiro, resgatam nutrientes que já estavam perdidos. Com a queda e decomposição das folhas, há o aumento da matéria orgânica e de nutrientes disponíveis, melhorando ambiente para o cafeeiro. O pesquisador alerta que o ambiente mais úmido também pode causar alguns problemas na produção, como o aumento da ferrugem e broca do café.
Além das vantagens da árvore da macadâmia para a cultura do café, o consórcio também traz benefícios para o cultivo da nogueira, que aproveita as condições de fertilidade e sombreamento do solo, para um maior desenvolvimento radicular e consegue atingir maior crescimento e antecipação da produção.
A principal dificuldade enfrentada para a expansão da macadâmia no Brasil é o elevado período de retorno do investimento – no plantio solteiro, a noz começa a produzir depois de cinco anos e apenas com 12 anos atinge a idade adulta, produzindo 15 quilos de noz por planta. Quando consorciada com o café irrigado, a cultura começa a produzir dois anos mais cedo. Aos três anos já tem produção comercial e aos oito já está na fase adulta. “O uso de tecnologias, como o cultivo consorciado e a irrigação, são as melhores alternativas para encurtar o período de retorno do investimento”, afirma o pesquisador.
Os resultados de nove anos de pesquisas mostram que a produtividade da amêndoa, em relação ao sistema de cultivo de macadâmia solteira foi 51%, 176% e 251% superior para os sistemas consórcio macadâmia-café sequeiro, macadâmia solteira irrigada e consórcio macadâmia-café irrigado, respectivamente.
A produção mundial de macadâmia é em torno de 160 mil toneladas anuais. O Brasil produz seis mil toneladas por ano, sendo São Paulo o maior produtor, responsável por 35% do volume nacional, e maior processador da noz. Cerca de metade da produção nacional é consumida internamente e o restante é exportado.
A macadâmia é a segunda noz mais cara do mundo – perdendo apenas para a noz pinoli, usada para fazer molho pesto. Além disso, com a alta do dólar, o produto é ainda mais atrativo, já que possui ampla venda no mercado externo. Perdoná explica que o preço da safra da macadâmia vem crescendo ano a ano. De acordo com ele, em 2013, o quilo da noz custava R$ 3,50; em 2014 passou para R$ 5,00; em 2015 para R$ 6,50; em 2016 atingiu R$ 8,00 e na safra atual está variando entre R$ 10,00 e R$ 13,00.
Para o secretário de Agricultura e Abastecimento, Arnaldo Jardim, a pesquisa dá mais uma opção para o agricultor complementar e antecipar sua renda. “Uma das orientações do governador Geraldo Alckmin é justamente melhorarmos, por meio da pesquisa científica, a condição de vida no campo”, pondera.
Selo de Identificação Geográfica
Produtores e representantes de entidades rurais de Jaú e cidades próximas querem agregar valor ao café produzido na região, por meio da chamada Identificação Geográfica (IG), usada para identificar a origem de produtos ou serviços quando o local tenha se tornado conhecido ou quando determinada característica ou qualidade do produto ou serviço se deve a sua origem. A identificação é concedida pelo Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI). A proposta foi discutida durante o evento.
A ideia é fazer um levantamento sobre as características geográficas de Jaú, Dois Córregos, São Manoel e Brotas e como essas especificidades influenciam na qualidade do café produzido na região. “O objetivo é alcançar o status de qualidade como ocorre em Parma, na Itália, com a produção do Presunto de Parma, ou do queijo Serra da Canastra, produzido na região da Serra da Canastra, em Minas Gerais”, explica Perdoná.
O café produzido na região de Jaú tem como característica o aroma frutado e achocolatado, qualidade apreciada no mercado de cafés gourmets ou especiais. A produção é realizada a altitude que varia dos 600 aos 1000 metros. “O grupo, formado por produtores e pesquisadores espera reunir diversos elementos geográficos e de qualidade do café produzido na região para conquistar, no futuro, o selo concedido pelo INPI. Este não é um trabalho de curto prazo”, diz o pesquisador da APTA.
Por Fernanda Domiciano
Assessoria de Imprensa – APTA
19 2137-8933

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