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Tecnologia IAC deve reduzir viroses nos 4,5 milhões de hectares da bataticultura chinesa

Por Carla Gomes Quando se fala em China, pensa-se logo em grande quantidade e em enormes proporções. Essa é uma verdade para quase tudo naquele País. A área de cultivo de batata é de 4,5 milhões de hectares, enquanto o Brasil tem cerca de 150 mil ha. Mas onde tudo é extenso a produtividade da bataticultura chinesa contraria - e é pequena – com média de 15 toneladas por hectare. Em lavouras brasileiras, esse número pode variar de 20 a 50 ton/ha. Uma das razões para o baixo rendimento da cultura na China está na ocorrência de doenças, entre essas as viroses na semente (tubérculo ou batata-semente). Com esse desempenho e sem possibilidade de expandir a área cultivada, a China busca soluções tecnológicas. E, nesse cenário, o Estado de São Paulo tem uma resposta - uma tecnologia desenvolvida em Campinas pelo Instituto Agronômico (IAC), da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios, da Secretaria de Agricultura e Abastecimento, foi levada à China para incrementar a produção da cultura considerada uma das mais importantes, conforme plano de desenvolvimento naquele País. Com 1,3 bilhão de habitantes, o elevado potencial nutritivo da batata a coloca como alvo de investimentos. A tecnologia IAC de produção de broto/batata-semente livre de vírus chegará ao País asiático, inicialmente na região chamada Mongólia Interior, importante produtora de batata. A parceria de cooperação técnica está sendo firmada com o Agricultural Research Institute, da cidade de Hulunbeir, onde o pesquisador do IAC, José Alberto Caram de Souza Dias, esteve expondo-a de 12 a 25 de setembro. A parceria prevê, de forma inédita entre os países, o envio de brotos que são normalmente destacados de lotes de tubérculo/batata-semente, livre de vírus, para a China. “Quando comparado com o sistema convencional de tubérculos como ´semente´, a técnica do broto/batata-semente permite drástica redução tanto no custo de transporte internacional do insumo ´semente´, como na movimentação e disseminação de microorganismos causadores de doenças”, diz Caram. A primeira remessa do material deverá ser feita tão logo esteja concluído o trâmite de documentos, incluindo a autorização de entrada dos brotos no País. Trata-se de uma etapa experimental, visando à adaptação da tecnologia paulista à bataticultura chinesa. “É uma oportunidade para produtores brasileiros conquistarem um novo mercado no agronegócio da batata”, diz o pesquisador. Segundo Caram, esta parceria configura a abertura de nova commodity. “Trata-se do uso de subproduto da cultura, que sempre foi descartado e que apresenta a vantagem de reduzir os riscos de movimentação de doenças que acompanham os tubérculos, utilizados na forma convencional de plantio”, explica. De acordo com o pesquisador do IAC, ao contrário do broto, os tubérculos usados no sistema convencional carregam resíduo de solo na epiderme e, portanto, podem ser disseminadores de doenças à batata e outras culturas de países importadores. “A sanidade exigida no mercado global está nessa tecnologia IAC”, diz Caram. O projeto de transferência da tecnologia paulista para a China tem previsão de duração de três a cinco anos. “Espera-se que o sucesso desse projeto de cooperação entre Brasil e China leve os produtores brasileiros a dominarem a tecnologia de produção e manipulação de brotos, inaugurando no mundo da bataticultura, de forma pioneira, um mercado inédito: o da exportação do broto/batata-semente”. A técnica, que está sendo patenteada, atrai pelo baixo custo de sua instalação, já que aproveita material que seria descartado, e pela sanidade dos brotos, que garante aumento da produtividade. Essa nova forma de obter batata-semente livre de vírus conquistou os pesquisadores da China, onde o mercado de batata-semente de qualidade é ainda incipiente. “Na China, a tecnologia aplicada de produção de batata-semente é a de cultura de tecidos, minitubérculos (pequenas batatas usadas no plantio da cultura), que sempre são mais caros que os da nossa tecnologia do broto/batata-semente”, afirma Caram. Segundo ele, os pesquisadores chineses demonstraram grande interesse em iniciar a parceria de avaliação da tecnologia IAC do broto-batata-semente. “Eles avaliarão a produção e expansão da oferta de batata-semente de alta sanidade, livre de patógenos, a custo mais acessível para milhares de bataticultores.” A tecnologia ainda reduz o volume do material exportado – no modo convencional, exporta-se a batata toda; nesse sistema IAC, embarcam-se apenas os brotos. Com isso, cai o custo com o transporte, já que o peso do broto (de 0,7 a 1 grama) é de 10 a 12 vezes inferior ao do tubérculo. Os outros modelos de produção de batata-semente, como hastes enraizadas, ou cultura de tecidos, demandam mão-de-obra especializada e sistemas que encarecem a produção de minitubérculos. Segundo o pesquisador do IAC, o valor médio de comercialização desse produto para fins de batata-semente no Brasil, gerado por meio da tecnologia de cultura de tecidos, fica entre 50 e 70% mais caro que os originados com a tecnologia IAC do broto-batata-semente: R$ 0,35 x R$ 0,20. “Na tecnologia IAC não há necessidade de mão-de-obra especializada e nem infra-estrutura sofisticada”, diz. No Brasil, o custo de produção da batata por hectare é de cerca de R$ 18 mil. O insumo batata-semente consome de 30 a 40% dessa despesa. Esse investimento é pesado, considerando que o segmento reúne pequenos agricultores. Na China, cada produtor tem em média um hectare, totalizando cerca de 4,5 milhões de bataticultores. No Brasil, são considerados pequenos agricultores os que plantam cerca de 50 hectares/ano de batata. Para 2008, a previsão da produção brasileira de batata é de quase 4 milhões de toneladas, segundo o IBGE (instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Aproveitamento de resíduo convencional Dentro do Brasil, a tecnologia IAC de broto-batata-semente já alcança outros estados. Além de produtores paulistas de Limeira, Sumaré e Itapetininga, Paraíba e Pernambuco já conheceram o sistema livre de vírus e devem adotá-lo. Fruto do trabalho do pesquisador José Alberto Caram de Souza Dias, do Centro de Pesquisa e Desenvolvimento de Fitossanidade do IAC, a tecnologia "Produção de minitubérculos de batata-semente livres de vírus através do plantio de brotos descartados da batata-semente importada – Nova fonte de renda e economia de divisas para o País" viabiliza o reaproveitamento de brotos importados que iriam para o lixo, gera alternativa de renda para o produtor e beneficia a balança comercial do Brasil, pois viabiliza a redução da importação. Na prática, ocorre o seguinte: no plantio convencional, o bataticultor importa a batata-semente e retira os brotos dos tubérculos antes de plantá-los. Cada broto plantado dá origem a três minitubérculos. Esses brotos passaram de material sem valor para a condição de geradores de rendas para o produtor que está aplicando a tecnologia do IAC. Assessoria de Comunicação da APTA (11) 5067-0424 (José Venâncio) Assessoria de Imprensa do IAC (19) 3231-5422, ramal 124 (Carla Gomes)

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