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Transferência de tecnologia marca inauguração do Centro de Seringueira e Sistemas Agroflorestais do IAC

A solenidade de inauguração do Centro Avançado de Pesquisa Tecnológica do Agronegócio de Seringueira e Sistemas Agroflorestais do Instituto Agronômico (IAC), de Campinas, será realizada nesta sexta-feira, 9 de maio de 2014, às 10h30, em Votuporanga, interior paulista. A transferência de tecnologia e a inovação compõem o perfil do programa de melhoramento de seringueira do IAC, da Secretaria de Agricultura e Abastecimento de São Paulo. E este será o tom do evento. A equipe organizou três palestras envolvendo áreas de pesquisas desenvolvidas na Unidade. O tema “Sistemas Agrossilvipastoris no Estado de São Paulo” será abordado pelo pesquisador do IAC, Wander Borges, às 9h. “Pesquisa e desenvolvimento da heveicultura no Estado de São Paulo” serão tratados pelo pesquisador, Paulo de Souza Gonçalves, às 9h30. “Boas práticas no cultivo da seringueira” serão o assunto da palestra do pesquisador do Instituto, Erivaldo Scaloppi Junior, às 10h. Após essas atividades de transferência de tecnologia, haverá a apresentação do Centro, às 10h30, seguida da inauguração e de homenagens.
A Unidade de pesquisa da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA), em Votuporanga, tornou-se um centro especializado em heveicultura a partir de decreto assinado em 4 de dezembro de 2013, pelo governador Geraldo Alckmin. Ao transformar a Unidade da APTA em Centro de pesquisa buscou-se reunir competências multidisciplinares no Centro, com pesquisas com seringueira e sistemas integrados de produção agropecuária e de espécies florestais de interesse econômico.
Perfil do Centro
A área tem 30 hectares com seringueira, onde são conduzidas pesquisas com cerca de 600 clones da cultura. O banco de germoplasma, com cerca de 200 acessos, somado às coleções que ficam no IAC, em Campinas, e no Polo da APTA, em Mococa, compõe uma das maiores coleções da espécie no Brasil. Na fazenda Santa Elisa, do IAC, em Campinas, há cerca de cem clones, introduzidos em 1952.
Com estudos em seringueira desde a década de 50, focados em obtenção e avaliação de materiais, o IAC, um dos seis institutos coordenados pela APTA, já lançou 31 clones de seringueira, todos registrados no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.
Os pacotes tecnológicos gerados e transferidos pelo IAC contribuíram para fazer de São Paulo o maior produtor nacional de borracha natural. As mais recentes contribuições do Instituto foram a disponibilização de 15 clones da série IAC 500, que se caracteriza por apresentar redução do período de sangria de sete para cinco anos, com produtividade superior ao clone RRIM 600, o mais cultivado no Brasil. Esses materiais já estão à disposição dos heveicultores paulistas.
De acordo com o pesquisador responsável pelas pesquisas no IAC, Paulo de Souza Gonçalves, a expectativa é reforçar os estudos nas regiões produtoras, onde tem ocorrido aumento de problemas fitossanitários, em razão da ampliação das populações de seringais. “Precisamos reforçar as pesquisas em tecnologia de produção, fisiologia e fitotecnia”, diz.
Com o sistema agroflorestal, espera-se minimizar ou eliminar ocorrências de percevejo de renda, ácaro e antracnose. O pesquisador comenta que a região paulista do Vale do Ribeira, onde a incidência do Mal-das-Folhas inviabiliza o cultivo da seringueira “solteira”, deverá ser beneficiada com a adoção do sistema agroflorestal. Essa alternativa já é adotada na Bahia, onde o cultivo da seringueira é feito juntamente com o cacau, a fim de evitar doenças.
Antes de a Unidade da APTA ser nomeada Centro Avançado de Pesquisa Tecnológica do Agronegócio de Seringueira e Sistemas Agroflorestais do Instituto Agronômico (IAC), o programa de melhoramento genético de seringueira do IAC já era desenvolvido em parceria com esta Unidade, em Votuporanga. Até dezembro de 2013, toda a parte estratégica do programa de seringueira era desenvolvida em Campinas, sob a liderança de Gonçalves, que tem 41 anos de experiência em heveicultura. As ações práticas de experimentos e multiplicação de clones já eram realizadas em Votuporanga, sob os cuidados do pesquisador Erivaldo José Scaloppi Junior, com a coordenação de Gonçalves.
Dedicado à genética e ao melhoramento de seringueira desde os seus 22 anos de idade, Gonçalves também é orientador no curso de Pós-Graduação em Agricultura Tropical e Subtropical do IAC. Ele pretende continuar colaborando na formação de novos pesquisadores, que no futuro darão sequência às atividades no Centro Avançado de Pesquisa Tecnológica do Agronegócio de Seringueira e Sistemas Agroflorestais.
Gonçalves ressalta que a seringueira é cultura perene e, por isso, para chegar a um novo clone são necessários 30 anos de pesquisa. O principal objetivo do trabalho do Instituto Agronômico é obter clones com alto potencial de produção, vigor e outros caracteres adaptados às diferentes condições edafoclimáticas do Estado de São Paulo.
Clones IAC são 38% mais produtivos do que o material mais plantado no Estado de São Paulo
Série 500
Os clones de seringueira do Instituto Agronômico IAC 500, IAC 502, IAC 503, IAC 505 e IAC 511 são materiais precoces, que reduzem de sete para cinco anos o tempo para início da extração do látex. Além dessa característica, que viabiliza o retorno financeiro em menor tempo para o produtor, os clones desenvolvidos pelo IAC também são mais produtivos que o material mais plantado em São Paulo atualmente, o importado da Ásia RRIM 600, que tem produtividade de 1.250 kg de borracha seca por hectare, aproximadamente.
O IAC 500 – o mais produtivo dos selecionados – gera cerca de 1.731 kg de borracha seca por hectare, 38% a mais. São ganhos de cerca de 500 kg do produto, por ano. A abertura de painel se dá quando as árvores alcançam perímetro do caule acima de 45 cm do solo e 1,5 m de altura. “Geralmente esse procedimento é feito quando mais de 50% das árvores do seringal apresenta essa média. Se o procedimento é feito antes dos sete anos, isso é muito bom para o produtor porque ele terá o retorno financeiro mais cedo”, afirma Paulo Gonçalves, pesquisador responsável.
A produtividade é o principal atrativo para os produtores rurais. A média de quatro anos de produção dos clones IAC 500 e IAC 502, por exemplo, mostrou-se alta em relação ao clone mais plantado no Estado, o RRIM 600, produzindo, por ano, 1.731 kg por hectare e 1.607 kg, respectivamente.
São Paulo possui os seringais mais produtivos do mundo, com produtividade  média de 1.200 kg de borracha seca por hectare, por ano. Na Tailândia, Indonésia e Malásia, a produtividade chega a 1.100 kg, 1.000 kg e 900 kg, respectivamente, por hectare, por ano.
Outra característica importante é a casca espessa existente nos clones IAC 503, IAC 500 e IAC 509. Os dois primeiros podem ser vistos na Agrishow 2014. Essa característica diminui o risco de o seringueiro atingir o lenho do caule da árvore. Os três clones apresentam também maior número de anéis de vasos laticíferos, revelando que são bons produtores de látex. “Existe uma alta correlação entre o número de anéis de vasos laticíferos e a produção de borracha”, explica o pesquisador.
Os clones IAC 505 e IAC 511 apresentam ainda maior incremento do caule na pós-sangria. Isso significa que, mesmo após o procedimento de extração, as plantas apresentam crescimento. “Aqueles clones que não possuem esse caráter, geralmente crescem na pré-sangria e depois param na pós-sangria, tornando-se suscetíveis à quebra pelo vento”, explica Gonçalves.
Os clones IAC foram desenvolvidos para cultivo na região do Planalto, onde não há incidência da pior doença da seringueira na América Latina, o Mal-das-folhas. Parte dos clones selecionados pelo IAC é tolerante à antracnose, doença causada pelo fungo Colletotrichum gloeosporioides, que atinge as folhas, também no Planalto Paulista.
De acordo com o pesquisador, os dois objetivos principais do melhoramento genético da seringueira do IAC estão relacionados ao aumento de produtividade das plantas e à resistência ao Mal-das-folhas na região do litoral. “Com o objetivo de atender às peculiaridades próprias dessas regiões, o programa de melhoramento do IAC considerou o fato de o Planalto Paulista, pelo menos até então, não ter mostrado ataques epidêmicos da doença”, explica. Nessa região verifica-se período seco na época de reenfolhamento das plantas. São Paulo é o Estado que mais produz borracha no Brasil — 90% dos seringais paulistas encontram-se no Planalto, justamente por conta da doença.
Esses materiais expostos na Feira fazem parte do grupo de 15 clones lançados mais recentemente. Por trás desses resultados existem mais de 20 anos de pesquisas desenvolvidas pelo Instituto Agronômico na área de heveicultura. O IAC desenvolve clones adaptados às diversas regiões do Estado e leva para os heveicultores a melhor forma de plantio e o manejo de seringueiras, incluindo a sangria, etapa mais onerosa da atividade.
Serviço
Inauguração do Centro Avançado de Pesquisa Tecnológica do Agronegócio de Seringueira e Sistemas Agroflorestais do Instituto Agronômico (IAC), de Campinas.
Data: 9 de maio de 2014
Local: Rod. Péricles Belini, km 121+ 6 km de terra. Votuporanga, São Paulo.
Texto: Carla Gomes (MTb 28156)
Assessora de Imprensa – IAC
19 – 2137-0616/613
 
 
 

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