Agricultores familiares de Mogi das Cruzes, região que integra o cinturão verde paulista, aprenderão métodos de manejo e controle de pragas, doenças e nematoides em hortaliças, durante o Programa de Sanidade em Agricultura Familiar (Prosaf), desenvolvido pela Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, por meio do Instituto Biológico (IB). No dia 24 de novembro de 2015, pesquisadores da Pasta que atuam no Instituto, ministrarão palestras sobre doenças e nematoides em alface, couve, almeirão, repolho, cebolinha e couve-flor.
O treinamento será realizado na Associação dos Produtores Rurais de Jundiapeba e Região (Aprojur). Serão abordados assuntos relacionados ao diagnóstico de algumas pragas e doenças, como hérnia, traça e nematoides, durante o Prosaf. Os pesquisadores do IB abordarão temas relacionados a sistemas mais sustentáveis de produção, com o objetivo de reduzir o uso em excesso de agroquímicos e realizar produção mais racional.
O pesquisador do IB, Claudio Marcelo Oliveira, falará sobre os métodos de controle dos nematoides, que são responsáveis pelos maiores prejuízos econômicos nas culturas hortícolas. “Dependendo da infestação, é possível diminuir em 60% a produtividade ou ocorrer até a perda total da produção. Culturas como cenoura e batata, por exemplo, conseguem produzir com o nematoide, mas perdem qualidade e preço”, afirma.
Para se ter ideia, uma cenoura que poderia ser classificada como “extra”, que significa a melhor classificação de qualidade, é colocada nas categorias inferiores devido as deformações causadas pelos nematoides, reduzindo o interesse do consumidor e, consequentemente, o preço do produto. Quando contaminada, a alface tem como características o nanismo, cabeças menores, mais leves, folhas soltas e amarelas.
Os nematoides atacam praticamente todas as plantas cultivadas. Por serem microscópicos, é impossível identificá-los a olho nu. “Muitas vezes os agricultores confundem os danos causados pelos nematoides com falta de fertilizantes, pois eles danificam as raízes e os nutrientes não conseguem chegar às folhas. Aplicar fertilizantes nestas condições não resolverá o problema, será dinheiro jogado fora. O Prosaf é importante, pois mostramos os nematoides e danos causados aos agricultores e ensinamos como é possível controlá-los”, afirma o pesquisador.
Análises
Para identificar a ocorrência de nematoides é necessário fazer análises nematológicas do solo em que a cultura será cultivada e nas mudas que serão plantadas. O Laboratório de Nematologia do Instituto Biológico, em Campinas, interior paulista, realiza testes em nematoides para agricultores de todo o País.
Em média, são realizadas 600 análises por ano. “O custo de uma análise de nematoides é de R$ 60, valor irrisório frente aos prejuízos de implantação da cultura em áreas contaminadas e perda de produção e qualidade”, explica o pesquisador.
De acordo com Oliveira, não é possível eliminar os nematoides, mas com alguns cuidados, os produtores podem evitar a ocorrência. O controle preventivo inclui a utilização de mudas sadias produzidas em substratos isentos de nematoides. Os principais métodos que podem ser utilizados em áreas já infestadas são: rotação de culturas com plantas não hospedeiras, incluindo adubos verdes e plantas antagonistas, uso de cultivares resistentes, controle biológico e solarização.
Controle biológico
O controle biológico será tema abordado pelo pesquisador do IB, Mário Eidi Sato, que mostrará a importância do controle biológico em hortaliças, atacadas por muitas pragas que podem causar danos consideráveis à planta, insetos sugadores, como pulgões, moscas-brancas, cochonilhas, percevejos, tripes e cigarrinhas. “São insetos pequenos, que possuem formato e cores variadas, podem ter asas ou não e vivem em grandes populações no interior das folhas, em brotação e nas flores”, afirma.
Sato falará sobre o controle dessas pragas por meio das joaninhas, vespas e bichos lixeiros, que se alimentam de um grande número de parasitoides, em sua maioria vespas diminutas, que se desenvolvem no interior ou sobre o corpo da lagarta.
Além desses agentes, existem organismos como fungos, bactérias, vírus e nematoides que podem causar doenças e matar as pragas. “O reconhecimento de pragas e inimigos naturais é de fundamental importância para o estabelecimento de programas de combate. Os inimigos naturais são organismos que, para complementarem seu desenvolvimento, se alimentam das pragas”, afirma Sato.
Algumas estratégias apontadas pelo pesquisador do IB para o manejo de insetos e ácaro-pragas são a implantação de barreiras vivas permanentes, como quebra-ventos, adubação verde, uso de mudas vigorosas e isentas de pragas e doenças, manejo adequado do solo e da cobertura vegetal, nutrição adequada de plantas, consórcio e rotação de culturas, manejo adequado da irrigação, inimigos naturais, liberação de inimigos naturais, uso de inseticidas naturais e sintéticos, desnutrição de restos culturais e adoção de vazio sanitário. “Os ácaros predadores Amblydromalus limonicus, Statiolaelaps scimitus são usados para o controle de tripes e mosca branca, e a bactéria Bacillus thuringiensis para o controle de lagartas, parasitoides e fungos entomopatogênicos para o controle de diversas espécies de pragas”, explica o pesquisador.
Controle de doenças fúngicas
As hortaliças podem ser afetadas por inúmeras doenças fúngicas, como os míldios, oídios, fusariose e hérnia das crucíferas. “Essas doenças possuem alto potencial destrutivo e podem comprometer seriamente a produtividade e a qualidade da produção”, afirma o pesquisador do IB, Jesus Töfoli.
Os principais métodos de controle que podem ser integrados para o manejo dessas doenças é o uso de cultivares tolerantes ou resistentes, escolha do local para plantio, uso de sementes e mudas sadias, preparo de solo, espaçamento, nutrição equilibrada, rotação de cultura, irrigação controlada, eliminação e destruição de restos culturais, desinfestação de ferramentas e equipamentos, solarização, controle biológico e emprego de fungicidas autorizados para a cultura.
Prosaf
Coordenado pelo Instituto Biológico, o Prosaf tem trabalhado para atender às demandas regionais, transferindo conhecimentos nas áreas de sanidade. O programa, desenvolvido desde 2009 já treinou mais de 1600 pessoas de diversos municípios paulistas. As palestras abordam temas diversos relacionados, principalmente, a problemas sanitários, como pragas e doenças em animais e vegetais. “O objetivo é promover a sanidade e sustentabilidade da agricultura familiar paulista”, afirma Antonio Batista Filho, diretor-geral do IB. O programa é executado em parceria com os Polos Regionais da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA) e a Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (CATI), além de associações de produtores locais e prefeituras.
“O Prosaf transfere conhecimento e gera tecnologias nas áreas de sanidade animal, vegetal e ambiental. Ele está em perfeita sintonia com a missão do Instituto Biológico, pois melhora a qualidade de vida dos agricultores e dos alimentos produzidos em diversos municípios do Estado de São Paulo, uma recomendação do governador, Geraldo Alckmin”, afirma Arnaldo Jardim, secretário de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo.
O evento em Mogi das Cruzes é organizado pela Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, com apoio do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA), por meio do Instituto Biosistêmico.
SERVIÇO
Treinamento do Programa de Sanidade em Agricultura Familiar (Prosaf)
Data: 24 de novembro de 2015
Horário: Das 14h às 17h30
Local: Associação dos Produtores Rurais de Jundiapeba e Região (Aprojur)
Endereço: Estrada Municipal Santo Ângelo, s/número - Bairro Jundiapeba Mogi das Cruzes - SP
Texto: Fernanda Domiciano
Assessoria de Imprensa - APTA