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Mercado dita as regras para a indústria de adubos

As empresas misturadoras de adubos sequer contestam os elevados reajustes dos preços dos seus produtos, mas argumentam quanto à sua propriedade. Citando o filósofo René Descartes, o diretor-executivo da Associação Brasileira das Misturadoras de Adubos (Ama-Brasil), Carlos Florêncio, disse em entrevista ao Popular que não questionaria as entidades de produtores, “porque o bem melhor distribuído no mundo é a razão, pois todos imaginam tê-la”.

Ele lembra, entretanto, que a indústria nacional de adubos só tem capacidade para atender a 35% da demanda, sendo o restante suprido por meio de importações. Detalhando mais, ele explica que as misturadoras nacionais atendem a 60% dos fosfatados, 50% dos nitrogenados e apenas 10% dos cloretos. “Então, os produtores estabelecem seus preços levando em conta as importações e, se não trabalhassem observando esse fator, se produziriam graves distorções no mercado”, diz o executivo da Ama-Brasil.

Demanda

Para Carlos Florêncio, o preço é uma função do mercado e nada tem a ver com o local onde o bem é produzido. Segundo ele, se o local de procedência de um determinado insumo torna demasiadamente elevado o seu custo de produção, pode até inviabilizar a sua produção, mas jamais lhe conferir preço que independa de demanda. O dirigente da Ama-Brasil argumenta que os preços dos insumos subiram porque com o aumento da demanda por produtos agrícolas na Índia e na China, os preços das commodities do setor subiram e incentivaram o aumento do plantio, pressionando a demanda por fertilizantes.

Segundo Carlos Florêncio, havia também um certo represamento de preços dos insumos, o que o cloreto de potássio, por exemplo, tenha saído abruptamente de US$ 120 para US$ 260 a tonelada. Ele argumenta, entretanto, que apesar de toda a reclamação dos produtores, a demanda por adubos está aumentando de forma significativa. Segundo ele, enquanto a demanda de janeiro a maio do ano passado foi de 4,7 milhões de toneladas, no mesmo período desse ano, chegou a 7,43 milhões de toneladas.

Cana

Para o dirigente da Ama-Brasil, dois fatores podem estar na base do forte aumento da demanda por adubos: o elevado plantio de safrinha e a expansão da lavoura canavieira. Até maio, segundo ele, o aumento das vendas de adubos para o Centro-Oeste foi de 171%, sendo 124% em Goiás, 84% no Mato Grosso do Sul e 244%, no Mato Grosso. Nesse último caso, a demanda saiu de 416 toneladas para 1.432 toneladas.

De acordo com Carlos Florêncio, a Ama-Brasil trabalha com a expectativa de que a demanda nacional por fertilizantes esse ano fique ao redor de 23 milhões de toneladas, o mesmo patamar alcançado na safra 2005/06. Na safra passada, segundo ele, as vendas de adubos registraram queda, ficando em 21 milhões de toneladas.
 

Redação
Fonte: O Popular

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