A busca pela viabilidade econômica de sistemas de produção sustentáveis para a ovinocultura familiar, por meio da capacitação e do treinamento de produtores e alunos de ensino médio e tecnológico, é o propósito do projeto “Suporte para políticas públicas: pesquisa, desenvolvimento e expansão da ovinocultura do Sudoeste Paulista”, aprovado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP).
Trata-se de parceria, com duração de três anos, entre a UPD-Itapetininga/APTA, da Secretaria de Agricultura e Abastecimento, Faculdade Tecnológica de São Paulo (FATEC) e Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (CATI-SAA).
A intenção é levar informação aos pecuaristas familiares, capacitando-os para o desenvolvimento da propriedade, explica a pesquisadora e coordenadora do projeto Cristina Maria Pacheco Barbosa. A equipe reúne ainda os pesquisadores João Elzeário Castelo Branco Iapichini, Carlos Frederico Carvalho Rodrigues e Daniela Pontes Chiebao, bem como a assistente agropecuária Ana Paula Roque e a docente Luciana Ruggiero González.
“A premissa básica é que todas as atividades previstas no projeto sejam realizadas de forma participativa, em parceria entre os atores envolvidos com a agricultura familiar da região de estudo e de tal forma que o público-alvo torne-se questionador das técnicas e práticas agrícolas modernas e reivindique informações e ações adequadas ao seu interesse.” Entre os objetivos específicos, destacam-se: atualização e treinamento de produtores e técnicos (palestras e cursos em nutrição, economia, sanidade); acompanhamento de índices zootécnicos, sanitários e nutricionais dos rebanhos (aumento na produção por intermédio da melhoria sanitária, nutricional e zootécnica); estímulo a novas formas de organização dos produtores familiares (aumentar sua capacidade de negociação com os demais atores); e avaliação da viabilidade técnica e econômica de um sistema silvipastoril (eucalipto x ovinos).
“Diagnósticos realizados em pequenas propriedades do estado de São Paulo demonstram a necessidade de implantação de novas tecnologias, que viabilizem a produção de carne em ambientes pastoris e melhorem a saúde do rebanho, enfocando a produção de alimentos seguros pelos agricultores familiares”, explicam os autores do projeto. “A comercialização de produtos diferenciados propiciará a melhoria das condições sócio-econômicas das famílias, contribuindo para o desenvolvimento sustentável da ovinocultura, com o mínimo de impactos negativos ao meio ambiente.”
A proposta será conduzida por duas linhas de atuação distintas e interligadas. Em paralelo a capacitações e treinamentos dos produtores e de outros agentes da cadeia de produção, serão realizadas pesquisas em temas diferentes de acordo com as necessidades de transferência de tecnologia. As ações estão apresentadas como subprojetos.
Subprojetos
No primeiro subprojeto – “Desenvolvimento e avaliação econômico-financeira de um modelo de sistema silvipastoril com eucalipto e ovinos na região de Itapetininga/SP” – os sistemas agroflorestais utilizam Eucalyptus spp. para a produção de madeira e podem ser considerados como alternativa de produção para pequenos produtores no sudoeste do estado de São Paulo, relatam os pesquisadores. “Além de integrar a produção de madeira de alto valor no mercado, porém, com ciclos produtivos longos (de 6-7 anos) com a produção de alimentos, permite ao pequeno agricultor obter renda contínua, reduzindo o impacto ambiental das plantações em grande escala.”
Segundo a equipe do projeto, a principal limitação para o desenvolvimento destes sistemas integrados para o pequeno produtor é a falta de informações técnicas na região para possibilitar sua implantação. “Neste trabalho, objetiva-se fazer um estudo econômico-financeiro dos sistemas integrados de produção de madeira de eucalipto com a produção de ovinos de corte, com o objetivo de obter as informações necessárias para a instalação destes sistemas pelo pequeno produtor rural regional.”
Assim, serão avaliados o sistema silvipastoril com fileira única de eucalipto e faixa de seis metros; e o sistema silvipastoril com duas fileiras de eucalipto e faixa de 10 metros, e comparados aos sistemas de ovinocultura em pastagens exclusivas e cultura do eucalipto exclusiva. “Este trabalho pretende publicar os dados econômico-financeiros comparativos, assim como as informações técnicas que possibilitem a implantação destes sistemas pelos pequenos agricultores em cartilhas informativas que serão distribuídas aos interessados.” Além disso, visa ao aprendizado dos alunos do curso de “Tecnologia em Agronegócios” sobre as questões gerenciais destes sistemas complexos. Para isso, vai oferecer estágios e oportunidades para o desenvolvimento de trabalhos de conclusão de curso.
O segundo subprojeto – “Situação da resistência de helmintos de pequenos ruminantes a anti-helmínticos no Sudoeste de Estado de São Paulo” – parte do princípio de que um dos principais problemas sanitários dos rebanhos ovinos é a verminose. “Dentre os nematóides que parasitam os pequenos ruminantes, Haemonchus contortus é o mais patogênico e prevalente nas criações, podendo causar grave anemia em animais suscetíveis, e é uma das principais causas de mortalidade em rebanhos ovinos no país.”
Apesar do controle preventivo, a incidência dos helmintos tem causado prejuízos econômicos consideráveis, grande parte devido ao investimento com produtos químicos e à sua falta de eficácia. “Ocorre que, em muitas propriedades, já não há mais produto químico que promova eliminação acima de 75%, muito abaixo do efeito desejável, que é de no mínimo 90%.” Assim, este trabalho procura verificar a situação atual da resistência dos helmintos de pequenos ruminantes contra os anti-helmínticos disponíveis no mercado, em propriedades situadas em toda a região do sudoeste paulista.
Já o terceiro subprojeto – “Eventos de capacitação” – propõe a capacitação por meio de palestras, cursos, treinamentos, reuniões, dias de campo, validação de pesquisa e extensão rural de modo geral, para promover a incorporação de tecnologias modernas à cadeia produtiva de ovinos, principalmente a partir do aumento da produtividade e qualidade de sua produção. Para isso, deve se aproveitar a infra-estrutura existente (instalações, equipamentos, animais de alto valor genético e zootécnico) na Unidade de Pesquisa de Itapetininga e em propriedades da região.
A primeira ação do projeto foi o dia de campo denominado “Aspectos práticos do combate à formiga”, conduzido pelo engenheiro ambiental Osmar Aparecido de Andrade. O evento ocorreu no dia 25 de setembro na UPD-Itapetininga com a participação dos colaboradores do projeto e de alunos da Escola Técnica Edson Galvão e do curso “Tecnologia em Agronegócios” da FATEC-Itapetininga.
Outras informações podem ser obtidas pelo e-mail cristina@apta.sp.gov.br.
Assessoria de Comunicação da APTA
José Venâncio de Resende
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