Os produtores rurais que visitaram a 25ª Agrishow puderam conhecer as novas tecnologias e inovações desenvolvidas pela pesquisa paulista para melhorar a produtividade, reduzir os custos de produção e disponibilizar para os consumidores produtos seguros e com alta qualidade. Os trabalhos buscam a produção sustentável econômica e ambientalmente. Confira oito tecnologias desenvolvidas pela Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, por meio da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA), expostas na Feira que prometem melhorar a renda e a qualidade de vida no campo.
Grãos mais produtivos
Feijão carioca, amendoim orgânico e milho convencional (não transgênico). Esses foram os lançamentos do Instituto Agronômico (IAC-APTA) na Agrishow 2019. A IAC 1850 é a 50ª cultivar de feijão carioca do IAC, responsável pelo desenvolvimento do feijão carioca na década de 70. O novo material é altamente produtivo, produzindo 4,5 mil quilos por hectare. Além disso, apresenta tolerância ao escurecimento do grão, atributo importante para toda a cadeia de produção, inclusive o consumidor, que não quer consumir feijão escuro. Os grãos mantêm a coloração clara por período de 90 dias, permitindo ao agricultor verificar a melhor época de comercialização, em função dos preços repassados pelo mercado.
O Instituto também lançou na Feira o amendoim IAC Top Verde, com grãos de pele vermelha e tamanho pequeno a médio. O destaque do material é sua alta resistência a doenças foliares, possibilitando o cultivo orgânico, sem o uso de fungicidas, o que reduz em pelo menos R$ 1.700,00 os custos de produção.
A cultivar de milho convencional (não transgênico) IAC 3330 tem alto teor de caroteno e pode ser usada para produção de canjica e ração animal. Se consumido como canjica, essa característica beneficia a saúde humana por ser rico em provitamina A. Se usado para ração, o caroteno dará melhor acabamento a frangos e galinhas, deixando-os com pele mais laranja e a gema do ovo mais vermelha.
Tecnologia sustentável
Em um mundo que exige cada vez mais alimentos com menos ou nenhum defensivo químico, o Instituto Biológico (IB-APTA) oferece ao produtor rural opções que dispensam o uso de produtos químicos. É o controle biológico, que já tem pesquisas desenvolvidas e eficazes para diversas culturas. Na Agrishow, o público pode ver de perto os insetos parasitoide, ácaros-predadores e fungos e vermes que causam doenças em insetos (entomopatogênicos). O controle biológico pode ser definido como “natureza controlando a natureza” em que um inimigo natural da praga é usado para seu controle, reduzindo o uso de defensivos agrícolas e produzindo de forma segura e sustentável.
Tecnologia para aplicação segura de defensivos agrícolas
Mas se for necessário aplicar defensivo agrícola, a pesquisa paulista também disponibiliza novas tecnologias para a realização de uma aplicação segura e racional. O IAC desenvolve programas que prezam pela segurança e qualidade da aplicação, atuando no treinamento dos aplicadores e nos testes relacionados a qualidade dos Equipamentos de Proteção Individual (EPI).
A novidade apresentada na Agrishow deste ano foi o equipamento SprayX, uma invenção da startup do mesmo nome e o Centro de Engenharia e Automação do IAC. Com tecnologia de ponta, o aparelho orienta diretamente na lavoura, com comandos de voz, fotos e vídeos, o trabalho de técnicos e trabalhadores aplicadores de defensivos agrícolas. Empreendido com apoio do fundo ACE/Agrostart, vinculado ao programa de aceleração global Google Launchpad, o aparelho SprayX é de pequenas dimensões, pouco maior do que um smartphone, e funciona interligado a servidores de internet contendo bases de dados e informações requeridas a uma aplicação correta de defensivo agrícola.
“A ação do técnico é totalmente orientada e conduzida pela tecnologia, do momento em que ele veste seu equipamento de proteção individual (EPI) até aplicar o produto nas plantas. Qualquer erro atrelado a esses aspectos do trabalho é detectado e a correção solicitada pelo aparelho”, resume Hamilton Ramos, pesquisador do IAC que coordenou ensaios de desenvolvimento do SprayX.
Produção de muda de cana com menos energia
O Programa Cana IAC apresentou na Agrishow seu consagrado Sistema de Mudas Pré-Brotadas (MPB), tecnologia que tem mudado o modo de se plantar cana no Brasil. Com o MPB, o produtor leva a campo uma muda de cana e não mais os colmos como sementes, reduzindo em 80% na quantidade de material de propagação, diminuindo os custos de transporte e melhorando o vigor, sanidade e uniformidade.
Para melhorar ainda mais o sistema que tem sido adotado em todo o País, o IAC trouxe para a Agrishow um protótipo de produção das mudas com a utilização de energia solar e biomassa, um resíduo da própria produção de cana. “Com isso, é possível produzir as MPB em um sistema sustentável e reduzir os custos com energia elétrica. É algo que pode ser replicado por todo os produtores rurais”, explica Mauro Alexandre Xavier, pesquisador do IAC.
Produção integrada
Integração lavoura-pecuária, pastos consorciados com leguminosas e Sistema Silvipastoril são sistemas de produção sustentáveis que aumentam a fonte de renda do produtor rural. O Instituto de Zootecnia (IZ-APTA) desenvolve trabalhos na área e apresentou nesta Agrishow o espaço “Caminhos dos Sistemas Integrados de Produção Agropecuária”. O público pode conhecer as pesquisas do IZ com Sistema Silvipastoril de Pastagem de Capim Aruana com Eucaliptos, além de interagir com pesquisadores para saber mais das pesquisas sobre o manejo de pasto em sistemas integrados, os benefícios da ILP na produção de produção de bovinos de corte, os impactos do sistema silvipastoril na produção de leite, e a recuperação de pastagens por meio do plantio de milho.
A discussão sobre novos delineamentos para sistemas produtivos é de grande importância devido à demanda crescente por alimentos e a necessidade de racionalização dos recursos. Embora a monocultura seja a realidade dominante da produção agropecuária no Brasil, os sistemas integrados começaram a ser alvo de pesquisas, sob a hipótese de que seriam a alternativa eficiente e sustentável para a produção vegetal e animal.
Café robusta de alta qualidade
Os produtores paulistas têm mais uma opção de cultivo em São Paulo. A Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA) e o Instituto Agronômico (IAC) desenvolvem pesquisas para incentivar o cultivo de café robusta em São Paulo. Esse tipo de café é uma opção de cultivo para pequenos produtores. A ideia dos pesquisadores é viabilizar a produção de café robusta no Estado com alta qualidade de bebida, ideal para a indústria de torrefação e para produção das chamadas bebidas 3 em 1, como os cappuccinos. Para desmitificar a fama de café de má qualidade, o público pode degustar bebida preparada com robusta paulista durante a Agrishow. Mais de três mil doses do café foram consumidas pelo público.
Cogumelos frescos aumentam em 40% os lucros dos produtores
O consumo de cogumelo fresco caiu no gosto da população. Saudável, nutritivo e gostoso, esses produtos são fontes de renda para os produtores paulista. A APTA desenvolve trabalhos na área e transfere tecnologia e conhecimento aos produtores que chegam a relatar 40% de aumento de renda com a produção de cogumelos frescos, em relação a produção do produto em conserva. Nesta Agrishow, a APTA apresentou técnica de produção que tem sido adaptada para o Estado de São Paulo, chamado de Jun Cao. Surgida na China, a técnica consiste na utilização de espécies de gramíneas para servirem como substrato para a produção dos cogumelos.
Técnica ajuda a prevenir doença do maracujá
Os fruticultores que visitaram a Agrishow 2019 tiveram a oportunidade de aprender a técnica de enxertia de maracujá, que ajuda a prevenir a morte prematura, doença que pode causar até 100% de perda das plantas e inviabilizar a produção em áreas contaminadas. Os treinamentos são realizados no estande da Secretaria de Agricultura. A técnica proposta pela APTA é usada por diversos produtores da Alta Paulista, região responsável por 25% da produção de maracujazeiro do Estado de São Paulo e que produz cerca de cinco mil toneladas da fruta por ano. Antes de usar a tecnologia os produtores ficavam expostos aos prejuízos provocados pelo fungo, podendo chegar a 100%, dependendo do nível de infecção.