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Pinhão manso: pesquisadores do Mali e da EPAMIG conhecem experiências da APTA no Vale do Paraíba

Por Cleide Elizeu As experiências científicas de cultivo do pinhão manso na região do Cone Leste paulista foram apresentadas a pesquisadores da República do Mali e da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (EPAMIG), que visitaram, em março último, o Pólo Regional do Vale do Paraíba/APTA, da Secretaria de Agricultura e Abastecimento. No Pólo Regional do Vale do Paraíba, o pinhão manso está sendo avaliado em pesquisas que visam à seleção de plantas produtivas e resistentes às fitomoléstias. O pinhão manso é uma leguminosa perene e rústica, pertencente à mesma família da mandioca, mamona e seringueira. Ultimamente, está atraindo a atenção mundial para a produção de grãos para o biodiesel, principalmente pela agricultura familiar. Cada lote de plantas contém espécies de diferentes origens, que tem revelado um comportamento distinto, segundo a pesquisadora Cristina Maria de Castro, coordenadora do Projeto de Pinhão Manso no Pólo. “Há plantas que ramificaram mais cedo, com maior número de ramos produtivos já no primeiro ano, e outras que sequer entraram em produção após dois anos de cultivo. Isto demonstra a necessidade da seleção de materiais uniformes e produtivos, resistentes às fitomoléstias, para que se possa efetivar o estímulo ao plantio pelos produtores.” Ela conta com apoio financeiro do CNPq (Conselho de Desenvolvimento Científico e Tecnológico) para o desenvolvimento das pesquisas. Pesquisadores da EPAMIG Além dos experimentos do Pólo, os visitantes tiveram a oportunidade de conhecer os plantios de pinhão manso nas unidades dos produtores filiados à AABR (Associação de Amigos dos Bairros Rurais), em Taubaté. A associação trabalha em parceria com o Setor de Fitotecnia do Pólo Regional (Pindamonhangaba), em um projeto financiado pelo CNPQ, que visa avaliar o comportamento das plantas em diferentes sistemas de produção. Esse projeto estuda o monocultivo com adubação verde sob manejo orgânico, consorciado com culturas alimentares para a agricultura familiar, e também a produção do pinhão manso em sistema silvopastoril, com plantio direto na pastagem. A visita dos pesquisadores da EPAMIG, no dia 16 de março, proporcionou a troca de experiências com os pesquisadores do Pólo, instituições que trabalham com o pinhão manso em regiões diferentes do país. Em conversa com a pesquisadora da EPAMIG, Heloísa Mattana Saturnino, especialista em pinhão manso, foram ressaltados os problemas da baixa produtividade da oleaginosa no Vale do Paraíba e, principalmente, a necessidade de ações para o controle do ácaro que, ao que tudo indica, é o principal fator limitante da produção do pinhão manso, conta o pesquisador Antonio Carlos Pries Devide. “No Vale do Paraíba paulista, a desfolha precoce está sendo associada, também, às doenças foliares que acometeram a cultura neste ano, em função da alta nebulosidade, elevada precipitação pluvial e temperaturas amenas nos meses de janeiro-fevereiro”, comenta Devide. Ele constatou problemas similares com a cultura da mamona em dois anos de pesquisa no Pólo Regional. Comitiva de Mali Nos dias 23 e 24 de março, o Pólo Regional recebeu a visita da comitiva da República do Mali, país africano que desenvolve a cadeia produtiva do pinhão manso desde a década de 1980. A recepção da comitiva de Mali contou, também, com a participação de cerca de dez produtores; de engenheiros agrônomos da Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (CATI) que é parceira do projeto financiado pelo CNPq; da Prefeitura de Taubaté e da empresa ETR Óleos S.A. Durante as palestras proferidas pelos pesquisadores do Pólo, os visitantes estrangeiros puderam conhecer as limitações da cultura do pinhão manso no país, que tem como uma das causas a ocorrência de pragas e doenças. E também conheceram as técnicas de plantio com o uso de gel e de perfuratrizes manuais, por meio de um equipamento utilizado no plantio. Segundo o engenheiro-agrônomo Carlos Arruda Camargo, da AC Consultoria Ltda. e representante da AABR, este equipamento pode aumentar o rendimento do trabalho com baixo impacto ambiental. Aboubacar Samake, engenheiro de Águas e Florestas e chefe do Serviço de Gestão Durável dos Recursos Madeiras de Mali, contou que o pinhão manso é a única alternativa de geração de energia para cerca de 1.200 vilas rurais. A maior parte dessas vilas rurais está em locais de difícil acesso e há ausência de outros meios de geração de energia tais como a hidroenergia e a energia solar. O problema é resultante da ausência de rios nessas regiões e do elevado custo de importação das células fotovoltaicas, que possibilitaria o uso de uma fonte não convencional de geração de energia. Dessa forma, o pinhão manso tornou-se alternativa muito promissora, pois se adapta relativamente bem às condições de Mali e pode absorver a mão-de-obra disponível na zona rural. O professor de mecânica e construção de máquinas e chefe do Programa Nacional de Valorização Energética de Jatropha, Amadou Diallo, enfatizou que há plantios na região desértica daquele país em que a oleaginosa já se encontra com cinco anos de idade e ainda não produziu frutos. Porém ele enfatizou que a planta tem o potencial de recuperar os solos degradados, pois, apesar de não produzir frutos, o “purghere” - como é chamado o pinhão manso em Mali, país de língua francesa -, vegeta relativamente bem, criando condições para que outras espécies nativas se instalem e regenerem mais rapidamente a área degradada. Para Pedro Bindel, empreendedor rural nos ramos de pecuária de corte, de turismo rural e com reflorestamento de eucalipto, a produção de pinhão manso é mais uma alternativa de renda para os seus negócios. Bindel, desde 2006, investe recursos no plantio experimental de dois hectares de pinhão manso em sua propriedade. A área é alvo de avaliações sistemáticas no âmbito do projeto do CNPq que conta com a participação dos diversos Institutos de Pesquisa da APTA. Assossoria de Comunicação da APTA José Venâncio de Resende (11) 5067-0424 Cleide Elizeu (19) 3231-3260

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