Fim da safra da cana no Centro-Sul agita o mercado de álcool
Data da postagem: 28 Dezembro 2006
A recuperação dos preços, após três meses de estabilidade não deve ser interpretada como o prenúncio de um período de escassez de oferta, afirma a pesquisadora Ivelise Rasera Bragato, do Cepea. Ela lembra que a safra de cana que se encerra agora foi bem mais alcooleira, em detrimento da produção de açúcar. A opção pelo álcool se deveu na safra 2006/07 à queda dos preços do açúcar no mercado internacional e à expansão da demanda do álcool combustível, especialmente o hidratado, que move os veículos flexíveis no Brasil.
A expectativa dos agentes do mercado, segundo Ivelise, é que o preço do álcool hidratado supere R$ 1 o litro (valor isento de impostos) em poucas semanas. O Cepea divulga hoje o seu levantamento de preços relativos à esta semana. A tendência de alta não alcança o mercado de álcool anidro. Desde o início do ano, quando o governo de São Paulo, impôs normas rígidas para a comercialização do anidro, com o objetivo de evitar fraudes e a sonegação de impostos, o mercado do combustível que é hoje misturado à gasolina na proporção de 23% está estabilizado. "É menor o número de agentes atuando nesse mercado e por isso, a tendência de alta ocorre de maneira mais branda", afirmou a pesquisadora.
Dados divulgados pela União da Indústria da Cana-de-açúcar (Unica) indicam que não há risco de desabastecimento do mercado interno. A safra de cana na região foi 10,1% maior que a do ano passado e a produção de álcool atingiu 15,9 bilhões de litros, 11,2% acima do ano-safra passado. A demanda externa pelo produto também está estabilizada, o que representa, segundo a entidade, uma garantia de boa oferta do produto no mercado interno.
A região Centro-Sul é responsável por 85% da produção nacional de cana. A alta dos preços no período de entressafra já é esperada pelo mercado. As dificuldades enfrentadas no início do ano passado causaram forte impacto. A alta repentina dos preços a partir de fevereiro de 2006, que atingiram R$ 1,40 o litro nas usinas e até R$ 1,80 o litro na bomba dos postos do Estado de São Paulo seria o fato que estaria levando as distribuidoras a se precaverem, por meio da formação dos estoques, afirmam alguns analistas. Para a pesquisadora do Cepea, o oferta de álcool neste ano é maior e o risco de escassez agora e menor. (fonte: Gazeta Mercantil)