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Renda com cana-de-açúcar será menor

Os plantadores de cana-de-açúcar de São Paulo devem receber na atual safra - 2007/08 - cerca de 30% menos que na anterior, encerrada em março deste ano. A projeção da Organização dos Plantadores de Cana da Região Centro-Sul (Orplana) é de R$ 36 por tonelada de cana, ante os R$ 51 da 2006/07. O recuo dos preços do álcool e do açúcar - este último com queda de 30% em dois meses - justifica a baixa na remuneração dos plantadores. A estimativa é de que esse número não apresente mudanças significativas até o final da safra, em março de 2008. A avaliação de analistas é de que não se trata de queda, mas de retorno aos patamares considerados "normais", como os vistos na 2004/05, quando o preço médio recebido no ano pela tonelada foi de R$ 35,13. Cada tonelada tem 147 quilos de Açúcar Total Recuperável (ATR). Segundo o assessor-técnico da Orplana, Geraldo Majela, esta remuneração de R$ 36 a tonelada cobrirá apenas o custo operacional de produção, que não pôde ser revelado pela entidade. Ainda assim, ele considera a situação positiva aos produtores, visto o que as oscilações ano a ano são reflexo da atividade. "Das nove safras em que se calcula preços e custos, em cinco houve remuneração do custo total (entre elas, as duas últimas) e, nas outras, pelo menos, do operacional". No Paraná - que representou na 2006/07 cerca de 7% da produção nacional de cana - a remuneração também recuará na atual safra. A projeção do Conselho dos Produtores de Cana do Paraná (Consecana/PR) é de que o plantador receberá na média da safra R$ 35,27 por tonelada, ante os R$ 43,80 por tonelada do ano anterior. Apesar de serem projeção, os dados não se alteram muito no fechamento da safra, segundo o coordenador técnico do Consecana/PR, José Canziani. "As mudanças são relativamente pequenas, certamente, muito menores que a variação dos preços, pois já consideram as tendências apontadas pelos preços futuros do açúcar e do álcool nos mercados interno e externo", explica Canziani. Para Miriam Bacchi, pesquisadora do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada da Universidade de São Paulo (Cepea/Esalq/USP), ainda é cedo para avaliar as projeções da safra atual, que termina em março de 2008. Segundo ela, a perspectiva de adoção de algumas medidas para aumentar o consumo do álcool no curto prazo traz mais otimismo do que vem sendo apresentado no mercado. "É provável que a tributação para o álcool combustível seja unificada, incentivando o uso desse combustível na frota flex, o que não ocorre em estados brasileiros, como Rio de Janeiro e Minas Gerais", cita Miriam. De acordo com números do Cepea/USP, a média de preços do açúcar nos meses de junho e julho do ano passado - R$ 49 e R$ 50 a saca - foram quase o dobro da média registrada nos mesmos meses de 2007 - R$ 24 e R$ 23 a saca, níveis registrados apenas em 2003. No caso do álcool (anidro), os preços médios de junho ficaram 30% menores que do mesmo mês de 2006 e, de julho, 36% inferiores. Canziani não considera que esses recuos foram acima do esperado. Para ele, houve apenas retorno aos níveis mais próximos do histórico. "Houve grande euforia mas, certamente, os preços do ano passado não iam se sustentar. Muito dos investimentos anunciados vão ter que ser revistos. A expansão vai continuar, mas não no ritmo alucinante anunciado no ano passado", afirma. Para Miriam, do Cepea, parte dessa queda acentuada do açúcar e do álcool registrada nos últimos meses é reflexo de especulação do mercado diante do crescimento da produção. Segundo estimativa da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), o Brasil vai colher na safra 2007/08 cerca de 11% mais cana-de-açúcar que na passada, totalizando 527 milhões de toneladas. "Provavelmente, os preços caíram mais devido à perspectiva de aumento da produção e hoje percebemos que os agentes estão revendo a produção", avalia. Fabiana Batista Fonte: Gazeta Mercantil

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