STEPHANES LANÇA AGENDA DE TRABALHO PARA AMPLIAR A COMPETITIVADE DO AGRONEGÓCIO BRASILEIRO
Data da postagem: 28 Junho 2007
Ao anunciar nesta quinta-feira (28/06) o Plano Agrícola e Pecuário 2007/2008, o ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Reinhold Stephanes, divulgou uma agenda de trabalho com pontos que ele considera prioritários para que o agronegócio brasileiro seja competitivo dentro e fora da porteira. Alguns desses pontos estão em processo de operacionalização, outros ainda dependem de estudos, diagnósticos e decisões, disse o ministro em seu discurso.
O primeiro item envolve a defesa sanitária animal e vegetal. Na avaliação de Sthepanes, é inaceitável o Brasil perder bilhões de reais por falta de um bom controle sanitário, seja na febre aftosa, na brucelose ou na tuberculose que afetam os rebanhos. Na área vegetal, lembrou que a ferrugem asiática da soja gerou um prejuízo de R$ 2,19 bilhões na última safra. Citou ainda como exemplos o bicudo do algodão, a peste suína africana, a vassoura-de-bruxa no cacau e a sigatoka negra - que afeta a produção de banana. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva garantiu ao ministro que não faltarão recursos para ações de defesa sanitária.
Outros itens considerados prioritários são a formação do Fundo de Catástrofe, o investimento em infra-estrutura e logística, as negociações internacionais, o endividamento agrícola, a bionergia, a taxa de juros ao crédito rural e os insumos agrícolas.
No que se refere à infra-estrutura logística, Stephanes destacou a fragilidade do Centro-Oeste, onde se localiza a maior produção de grãos e carnes. Para o ministro, neste quesito são necessários investimentos nas rodovias, hidrovias, ferrovias e nos portos, além de uma reforma no sistema de serviços de cabotagem. É inaceitável que o custo de transportes dos estados do Sul para o Nordeste seja maior do que o do Brasil para a China, exemplificou.
O endividamento agrícola também foi destaque no discurso. Segundo o ministro, adversidades climáticas, impactos dos planos econômicos, mercado internacional e taxa cambial com o real valorizado são as principais causas da falta de capacidade do produtor em quitar seus débitos. A solução para o endividamento depende de encontrarmos um mecanismo de equilíbrio tecnicamente viável, financeiramente suportável e socialmente justo, enfatizou. Stephanes disse que apesar do cenário desfavorável, mais de 90% dos produtores que contraíram dívidas para custeio na última safra estão em dia.
Quanto às negociações internacionais, o ministro reafirmou que os países competidores do Brasil impõem restrições que vão desde taxas, sobretaxas até barreiras sanitárias. É preciso continuar na luta para que Organização Mundial do Comércio possa ser mais favorável aos nossos produtos agrícolas para reduzir tarifas de proteção. Estas tarifas estão estimadas de 15% a 65% na China; de 30% a 270% na União Européia; de 12% a 350% os Estados Unidos; e de 40% a 182% na Índia, entre outras.
Sobre a questão do incentivo à bioenergia, Stephanes salientou que o governo deve acompanhar a expansão da cana-de-açúcar e das oleaginosas que são utilizadas para a fabricação de biocombustíveis. Ele alertou que são necessários o zoneamento e o estabelecimento de critérios sócio ambientais para que haja essa expansão. A estimativa é de que a demanda pelos biocombustíveis leve o Brasil a utilizar uma área adicional de até 10 milhões de hectares na próxima década. Atualmente, a área utilizada para a agricultura e a pecuária abrange 300 milhões de hectares.
A mudança no nível da taxa de juros ao crédito rural também é item de destaque na agenda de trabalho. Há quase dez anos, o governo fixou os juros para o setor em 8,75%. Para a safra 2007/2008 o percentual caiu para 6,75%. Como a inflação caiu e o mesmo ocorreu com a taxa Selic (taxa básica de juros) e a TJLP (Taxa de Juros de Longo Prazo), é natural esperar que os juros rurais sejam reduzidos também. É preciso, no entanto, continuarmos nos esforçando para reduzi-los ainda mais.
No último ponto da agenda de prioridades, que trata dos insumos agrícolas, o ministro fez questão de separar os defensivos agrícolas dos fertilizantes. Ele lembrou que, na área de defensivos agrícolas, a Casa Civil coordenou um grupo de trabalho que revisou o decreto que envolvia produção, comercialização e uso dos produtos. O resultado foi uma redução, em média, de 15% nos preços na safra 2006/2007 em relação à safra anterior.
Já no setor de fertilizantes, Stephanes ressaltou que a produção do agronegócio brasileiro ficará cada vez mais dependente da importação. Hoje, disse, a demanda nacional é de 22 milhões de toneladas para uma produção de 9 milhões de toneladas. Projeções indicam que em 2015, a demanda será de 30 milhões e, mantida a capacidade instalada da indústria, o país terá que importar mais 20 milhões de toneladas. Isso é um fator crítico que está sendo analisado pelo grupo de trabalho.
Ao finalizar seu discurso, Reinhold Stephanes disse que esta agenda de prioridades não pertence ao Ministério da Agricultura, mas a todos que, de alguma forma, são responsáveis pelo desenvolvimento do agronegócio, incluído governos, classe política, sindicatos, associações, cooperativas e produtores.
A íntegra do discurso está no site www.agricultura.gov.br.