Imagine reduzir 19.883 GWh de eletricidade, 745 mil m³ de água, 290 mil toneladas de combustível e 140 toneladas de matéria-prima para produção de embalagens. Pense ainda nos impactos ambientais da redução de 1.340 toneladas de resíduos e diminuição na emissão de 4.291 toneladas de CO2. Esses resultados são um exemplo de como as pesquisas de avaliação de ciclo de vida, realizadas pelo Instituto de Tecnologia de Alimentos (ITAL-APTA), são fundamentais para a redução do impacto ambiental de produtos consumidos pela população. Os resultados correspondem ao trabalho do Instituto paulista com a rede de hipermercados Walmart Brasil.
O ITAL é pioneiro nas avaliações de ciclo de vida no Brasil e já trabalhou para redução dos impactos ambientais em produtos como café e suco de laranja para exportação, embalagens de leite longa vida, produtos em alumínio e sacolas plásticas.
O Walmart Brasil realiza o programa Sustentabilidade de Ponta a Ponta, desenvolvido com apoio técnico-científico do ITAL, desde 2009. A iniciativa convida fornecedores a otimizar o processo produtivo de um item do seu portfólio, aplicando a visão do seu ciclo de vida, desde a extração dos recursos naturais até o pós-consumo. O objetivo é reduzir os impactos ambientais, fomentar projetos sociais e educacionais e estimular a melhoria contínua das empresas.
A terceira edição do programa Sustentabilidade de Ponta a Ponta, realizada em 2013, contou com a participação das empresas Johnson & Johnson, Pileco Nobre, 3M, Embalixo, Kimberly-Clark, Reckitt Benckiser, Brasil Kirin, Grendene, Nestlé, SC Johnson, Cargill, Itambé, Nivea, Unilever, Colgate-Palmolive, JBS, P&G e Walmart Brasil.
Os produtos avaliados foram shampoo infantil, arroz, pano de pia de bambu, saco para lixo reciclado, lenços de papel, tira manchas, refrigerante, sandálias, capuccino e odorizador de ar. Foram avaliados ainda molhos de tomate, leite condensado, protetor solar, maionese, pasta de dente e sabonete, hambúrguer bovino, detergente para máquina de lavar roupas e escova dental com refil.
Como funciona?
Desde o início do Sustentabilidade de Ponta a Ponta, 29 fornecedores aderiram ao programa e desenvolveram ou adaptaram 41 produtos que estão à venda na rede de lojas da empresa e de todo o varejo.
A pesquisadora do ITAL, Eloísa Garcia, explica que nas análises de ciclo de vida são avaliados critérios desde o plantio da espécie que origina a matéria-prima até a venda dos produtos. Com a metodologia, é possível identificar quais pontos na cadeia produtiva podem ser modificados para que haja economia de recursos naturais e matérias-primas.
Segundo a pesquisadora do ITAL, o trabalho do Instituto é auxiliar os fornecedores na metodologia do processo de pensar o ciclo de vida para promoção do Design for Environment (DfE), ou seja, o desenvolvimento de produtos para a sociedade a um custo ambiental menor. “A indústria identifica todas as etapas e componentes do ciclo de vida do produto, o que permite visualizar e selecionar ações necessárias para melhorar a sustentabilidade. O projeto é feito pela indústria, que conta com a consultoria do ITAL”, afirma Eloisa.
Com o auxilio dos pesquisadores do Instituto paulista, as empresas planejam, no mínimo, três atividades para melhorar seu produto e o ITAL avalia e quantifica os impactos dessas ações. Os resultados obtidos são baseados no volume de venda anual pela rede de lojas do Walmart Brasil. “Esses resultados, porém, são superiores, pois são marcas e produtos vendidos em todo o País, em diversas redes e estabelecimentos comerciais”, afirma Eloisa. A próxima etapa do programa deverá contemplar dados de venda em todo o varejo.
ITAL é pioneiro na avaliação de ciclo de vida
O Instituto de Tecnologia de Alimentos (ITAL) é o pioneiro no Brasil em estudos de avaliação de ciclo de vida (ACV). Os trabalhos do Instituto na área começaram em 1999. Desde então, o ITAL avaliou o ciclo de vida de grãos de café e suco de laranja concentrado e congelado para exportação, embalagens de leite longa vida, sacolas plásticas e produtos em alumínio, entre outros. Os trabalhos foram responsáveis pela modernização de processos das indústrias e por tornarem os produtos mais sustentáveis.
Depois de analisados quais pontos precisam ser mudados no processo de fabricação, o Instituto propõe ações para melhorar a sustentabilidade da produção, que podem ser implantadas pela indústria. “Em determinados produtos, refazemos os estudos cerca de dois anos depois para quantificar o impacto da evolução dos sistemas”, explica a pesquisadora.
É o caso das embalagens cartonadas Tetra Pak, usadas para envase de leite longa vida. Os pesquisadores do ITAL já realizaram cerca de quatro avaliações de ciclo de vida das embalagens desenvolvidas pela empresa. Os resultados, desde a primeira avaliação, revelaram a evolução positiva desse sistema de embalagem por meio do envolvimento dos fornecedores de matérias-primas, como cartão, folha de alumínio e polietileno.
Com o trabalho também foi possível estimular e ao mesmo tempo mensurar a evolução do perfil ambiental da estrutura cartonada, com o aumento da taxa de reciclagem pós-consumo, por meio do fomento ao desenvolvimento de processos de reciclagem. Dentre os avanços está também o envolvimento da sociedade em projetos de coleta seletiva, além da otimização do processo de produção da estrutura cartonada para reduzir o consumo de água e energia elétrica e a geração de emissões e resíduos.
Por Fernanda Domiciano
Assessoria de Imprensa – APTA
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