O primeiro workshop nacional de curadores de germoplasma começou nesta segunda-feira, 4 de julho, em Campinas (SP), para discutir a criação de uma rede nacional de sistemas de coleções biológicas de valor científico e de bancos de germoplasma de instituições públicas de pesquisa. O encontro é organizado pela Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA) e Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA). Entre os 120 participantes, estão curadores da APTA, da EMBRAPA e das instituições de pesquisa de Minas Gerais (EPAMIG), Bahia (EBDA), Alagoas (DIPAP), Paraná (IAPAR), Pernambuco (PE), Tocantins (Unitins) e Espírito Santo (INCAPER).
O objetivo do evento é o de aproximar os curadores de bancos de germoplasma, núcleos de conservação e coleções biológicas das diferentes instituições de pesquisa do Brasil, bem como debater ações conjuntas voltadas à conservação e ao manejo de recursos genéticos. Renato Ferraz de Arruda Veiga, coordenador das curadorias da APTA, disse que trabalhar em conjunto é um sonho antigo. “Estamos dando um pontapé para a formação de uma rede nacional.” Marília Lobo Burle, supervisora de curadoria da Embrapa, contou que a orientação, no processo de revisão do sistema da empresa, é no sentido de buscar interação com todas as coleções guardadas nas demais instituições de pesquisa.
Já Rose Mary Pio, diretora-substituta do Instituto Agronômico (IAC), afirmou que as coleções de germoplasma do Instituto tiveram seu início com o café e a cana-de-açúcar e vem sendo ampliadas desde a criação da instituição em 1897. No início do século, surgiram coleções de hortícolas e dezenas de plantas perenes e anuais, entre outras. Além disso, o IAC possui acessos de microrganismos, plantas medicinais e aromáticas, grãos e tuberosas diversas, espécies bioenergéticas, flores, frutas cítricas e as de clima temperado e tropical. “Além da diversidade dentro de cada coleção, há também grande diversidade entre elas. A diretoria deste Instituto não tem medido esforços para a conservação desse rico germoplasma, buscando parcerias a nível estadual e federal, assim como na iniciativa privada.”
Taciana Barbosa Cavalcanti, chefe de pesquisa e desenvolvimento da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, enfatizou o papel do curador, que “é o ator principal do sistema por manter coleções de recursos genéticos vivas e dinâmicas. É o tesouro que nós temos de salvaguardar”. Nesse sentido, defendeu um sistema nacional de curadorias organizado e em parceria. Propôs que o sistema informatizado dos bancos de germoplasma, em andamento na Embrapa, seja estendido a todas as instituições de pesquisa, da mesma forma que considerou importante a existência de cópias de segurança de coleções in vitro, criopreservadas e na forma de sementes.
Roberto Lorena de Barros Santos, do Departamento de Propriedade Intelectual e Tecnologia Agropecuária do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), disse que o governo federal pode contribuir para o País participar do sistema internacional de troca facilitada de recursos genéticos, investindo nas coleções nacionais. Além disso, defendeu a necessidade de políticas públicas de recursos genéticos.
Já o coordenador da APTA, Orlando Melo de Castro, lembrou que as “coleções fantásticas”, decorrentes do pioneirismo do IAC, resultaram na agricultura tropical cantada em verso e prosa no mundo todo. “Nosso sentimento é de que esse é um assunto de segurança nacional. Nossos germoplasmas não podem ser mais preocupação só de pesquisadores, mas de governos.” Citou o exemplo da cana-de-açúcar cujo banco de germoplasma está em poder de poucas instituições e ainda assim é pequeno. Por não dispor de réplica da coleção mundial, o País vai ter de importá-la para garantir variabilidade e assim manter os ganhos crescentes de produtividade na cultura.
Outras informações sobre o workshop estão disponíveis na Rede Ciga, da Secretaria de Agricultura e Abastecimento. O link é: http://redeciga.ning.com/group/germoplasmabrasil
Assessoria de Comunicação da APTA
José Venâncio de Resende
Eliane Christina da Silva/Camila Amorim (estagiárias)
(11) 5067-0424