A alimentação do bicho-da-seda é totalmente baseada nas folhas da amoreira, em países tropicais. A Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, por meio da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA), desenvolve pesquisas com amoreira em Gália, interior paulista. O pesquisador da APTA, Antonio José Porto, recomenda técnicas e estratégias para a suplementação alimentar do bicho-da-seda por meio do manejo das amoreiras. A APTA estuda método de cultivo de amoreira que pode revolucionar a produção de bicho-da-seda no Brasil, podendo triplicar a vida útil das plantações.
De acordo com o pesquisador da APTA, a estreita relação de dependência do bicho-da-seda com a amoreira supõe uma simplificação do manejo alimentar, quando se considera a produção de um único tipo de alimento, as facilidades de implantação, formação e manutenção do amoreiral, entre outros fatores. “Por outro lado, a necessidade de um alimento sempre fresco coloca o inseto em condições vulneráveis frente às variações que afetam a qualidade das folhas”, explica.
Esforços têm sido direcionados no sentido de avaliar substâncias que, aplicadas de forma direta ou indireta na amoreira, supram as deficiências ou elevem os componentes nutricionais da folha, atendendo às necessidades biológicas do inseto e melhorando a produção da seda. “A utilização dessas técnicas podem dar ao produtor novas perspectivas e alternativas para o manejo nutricional mais dinâmico, possibilitando a adequação do alimento a diferentes necessidades, como época do ano, exigências específicas de nutrientes e administração de medicamentos. Isso contribui para o desenvolvimento da sericultura nacional”, afirma.
O secretário de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, Arnaldo Jardim, afirma que trabalhos de pesquisa e inovação são de grande importância para o desenvolvimento e a diversificação da agricultura paulista. “Orientados pelo governador do Estado de São Paulo, Geraldo Alckmin, temos trabalhado para levar tecnologia para melhorar a produção das pequenas, médias e grandes propriedades”, afirma.
Condução da amoreira em fuste
A APTA, por meio da Unidade de Pesquisa e Desenvolvimento de Gália, realiza pesquisa inédita para introdução de uma nova forma de produção de amoreira, a chamada condução em fuste, que consiste no manejo para que seja formado um arbusto ou árvore, conforme a altura do tronco. “A condução da amoreira, dessa forma, é utilizada em países asiáticos e europeus, sendo comum no meio urbano, como em praças, jardins e avenidas, e também em pomares rurais, mas ainda não para a produção comercial”, afirma Porto. Com o método, o agricultor pode triplicar a vida útil da sua lavoura, além de utilizar áreas pouco exploradas nas propriedades rurais e cultivar a amoreira em consórcio com outras espécies e com a criação de animais.
De acordo com Porto, existem três formas para conduzir uma planta neste sistema: o fuste baixo, em que a planta é mantida a uma altura máxima de 0,3 metro do solo, fuste médio, de 0,3 a 1,5 metro do solo, e fuste alto, superior a 1,5 metro. Para o pesquisador da APTA, a escolha da melhor forma de condução da produção dependerá das necessidades do produtor. Ele explica que caso o local não tenha acesso de animais, é possível utilizar o fuste baixo, facilitando o corte dos ramos e a coleta dos frutos. Se tiver presença de animais, a altura será definida conforme a espécie. Outra informação importante é a cultura que será consorciada.
“As plantas produzidas em sistema de fuste são pouco afetadas por seca ou doenças e apresentam uma vida produtiva longa, devido ao desenvolvimento do sistema radicular”, explica Porto. O pesquisador afirma, porém, que quando comparado com o sistema de cepo, o período do plantio até a colheita é mais longo e está sujeito ao ataque de pragas.
Adubação
O uso de fertilizantes é uma das mais antigas e preconizadas práticas para melhorar a produção da amoreira, provendo-a de recursos para aumentar a massa foliar, elevar o teor de nutrientes das folhas e, junto ao bicho-da-seda, melhorar a produção de casulos. “A aplicação de adubos orgânicos e químicos na cultura da amoreira é descrita nos manuais de sericultura, sendo comumente recomendada em função dos resultados de análises e exigências nutricionais da planta”, afirma Porto.
Outra estratégia de adubação, recomendada pelo pesquisador, é a aplicação de nutrientes diretamente nas folhas da amoreira. “A fertilização suplementar pode ser usada em situações específicas, como secas prolongadas, e quando se requer uma resposta rápida”, explica.
Suplementos foliares
Os suplementos foliares podem ser aplicados nas folhas das amoreiras para melhorar o valor nutricional, suplementar a alimentação das lagartas do bicho-da-seda e melhorar a produção do casulo.
“Várias substâncias vêm sendo avaliadas como suplemento foliar para o bicho-da-seda sendo os principais grupos os minerais, vitaminas e proteínas, como aminoácidos, além de extratos vegetais e compostos químicos diversos”, afirma o pesquisador da APTA.
Por Fernanda Domiciano
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