Data da postagem: 13 Fevereiro 2007
É muito bom o arroz, enfrenta qualquer importado frente a frente - Mané Young, Chef da Casa Jordão
É no centro branco onde está a porosidade do grão onde tudo começa área do arroz tipo arbório que absorve o molho, fazendo com que o amido vá soltando um creme durante o cozimento e forme um prato bastante apreciado o risoto. Atenta-se para o arroz tipo especial arbório ingrediente básico sem o qual não existe, verdadeiramente, esse prato italiano. Por enquanto, todo o arroz arbório consumido no Brasil é importado, situação que deve mudar com o resultado de pesquisa do Instituto Agronômico (IAC), de Campinas, que desenvolveu a primeira variedade específica para risoto adequada para o cultivo no Estado de São Paulo.
A nova variedade de arroz IAC 300 tipo especial arbório para a culinária italiana será lançada no dia 15 de fevereiro de 2007, em Pindamonhangaba, durante o VI Dia de Campo de Arroz, realizado pelo IAC em parceria com o Pólo Regional de Desenvolvimento Tecnológico dos Agronegócios do Vale do Paraíba. O lançamento da variedade será feito pelo Secretário-Adjunto de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo (SAA), Antonio Junqueira. O IAC e o Pólo, órgãos da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA), organizam o evento, que oferecerá ao público visita aos campos de arroz, além de palestras e dinâmicas de máquinas. Com foco na transferência de tecnologia, o VI Dia de Campo tem o apoio da FUNDAG Fundação de Apoio à Pesquisa Agrícola.
Para os agricultores, a novidade abre nova opção no segmento da rizicultura, com a possibilidade de cultivar arroz especial com alto valor agregado. E mais: a IAC 300 pode ser cultivada com os mesmos custos de produção do arroz agulhinha, porém com produto que tem preço entre R$ 12,00 e R$ 15,00, o quilo. A expectativa é que produtor da IAC 300 tenha lucro de 2,5 a três vezes superior ao alcançado com o arroz agulhinha, diz o pesquisador do IAC, Cândido Ricardo Bastos, integrante da equipe responsável pelo desenvolvimento da nova variedade.
Os modos de produção da IAC 300 também são os mesmos do arroz agulhinha. O cultivo de arroz tipo especial requer apenas mentalidade especial do produtor, diz o pesquisador ao esclarecer que esses tipos exigem postura diferenciada do agricultor, como o cuidado de não misturar o grão especial com outros comuns.
De acordo com o pesquisador, a nova variedade IAC 300 pode ser produzida em qualquer região de São Paulo, no sistema inundado. Porém, Bastos destaca que a formação do amido responsável pela cremosidade do risoto é altamente influenciada pelo ambiente. A amilose, que dá a cremosidade ao arroz, pode variar em até 8%, dependendo do clima, explica. Segundo ele, o ideal é haver temperaturas mínimas noturnas de 22º, característica presente no Vale do Paraíba. O objetivo é tornar o Vale um pólo produtor de arroz tipo especial, afirma em relação à principal região paulista produtora de arroz. Em Pindamonhangaba, onde estão os campos experimentais da IAC 300, é também produzido o arroz preto IAC 600, desenvolvido pelo IAC e já disponível no mercado.
A produtividade do novo material foi comparada com a principal variedade italiana Volano que rende de 6 a 7 mil quilos/ha na Itália. No Brasil, esse arroz italiano apresenta problemas de fitossanidade e de produtividade, não superando os 3.200 quilos/ha. A variedade IAC produz 30% a mais que o Volano, afirma Bastos. De ciclo precoce, a IAC 300 requer 113 dias do plantio até a colheita e é moderamente resistente à brusone, principal doença que ataca o arroz. A expectativa é que, a partir de outubro, o IAC possa fornecer sementes às empresas multiplicadoras desse material.
Na cozinha com a IAC 300
Do outro lado da cadeia produtiva, a nova variedade IAC 300 já foi aprovada. A começar pelo sabor, passando pelo volume e até o tempo de cozimento de 17 minutos agradaram quem entende de culinária. O chef Mané Young, da Casa Jordão, em Campos do Jordão, testou e aprovou o material. Fiz esse arroz sem ingrediente nenhum para sentir bem o gosto e é bastante saboroso, atesta. Segundo o chef, o arroz IAC 300 tem também bom tamanho de grão, solta bem o amido que resulta na cremosidade do risoto e não empapa. Young destaca o fato de a IAC 300 ser saborosa mesmo sem os ingredientes que compõem o risoto e lembra que, muitas vezes, as pessoas desprezam o arroz e o ingrediente básico do risoto e valorizam só os ingredientes. O aspecto do sabor é realmente especial, diz.
Young lembra que os chefs de cozinha começaram a fazer risoto com rizo arbório a partir da década de 90, com a liberação de mercado e a importação do arroz italiano. Essa entrada, diz, é um marco, já que São Paulo é o Estado mais influenciado pela culinária italiana. Segundo o Young, em geral, as pessoas fazem o risoto a brasileira, por mistura, aquele em que são reunidos o molho e os ingredientes desejados ao arroz agulhinha. Neste caso, a cremosidade não é comparável à obtida com o arroz arbório, explica.
Variedade brasileira tem características intermediárias às italianas mais apreciadas
A Itália tem três tipos de arroz para produção de risoto o tipo arbório, que leva o nome da cidade onde a cultura foi desenvolvida pela primeira vez. Tem grão longo e largo, com o centro branco, onde está a porosidade do grão que absorve o molho, fazendo com que o amido vá soltando um creme durante a cucção, formando o risoto. O Carnaroli é o segundo tipo italiano, com grão mais fino que o arbório. O terceiro é o Vialone Nano, com as mesmas características de porosidade do arbório, mas com grão mais curto. O destino do tipo arbório é a exportação, enquanto os outros dois são consumidos pelo mercado interno italiano.
De acordo com o pesquisador Cândido Ricardo Bastos, a variedade IAC 300 apresenta características intermediárias entre o arbório e o Carnaroli com grão mais largo que este e mais estreito que aquele. Por isso, a expectativa é satisfazer aos apreciadores desses dois tipos. Para chegar a esse resultado foram necessários 12 anos de pesquisa, em que foram feitos cruzamentos com material da Itália e do banco de germoplasma do IAC.
SERVIÇO
VI Dia de Campo de Arroz
Data: 15 de fevereiro de 2007
Horário: das 9h às 16h.
Local: Pólo Regional de Desenvolvimento Tecnológico dos Agronegócios do Vale do Paraíba, Rod. Presidente Dutra (BR 116) Km 97,5, Pindamonhangaba, SP
Informações: 12- 3642-1823
Programa - VI Dia de Campo de Arroz
9h Inscrições
10h - Abertura.
Apresentação das atividades do Pólo Regional do Vale do Paraíba - Setor de Fitotecnia.
Dr. Omar Vieira Vilela - DDD/APTA
10h15 - Apresentação da variedade IAC 300 e do programa de melhoramento de arroz tipo especial.
Dr. Cândido Ricardo Bastos - IAC/APTA
11h50 - Solenidade oficial de lançamento da nova variedade.
12h - Visita ao campo de demonstração das cultivares de arroz especial.
13h - Almoço.
14h - Dinâmica de máquinas e defensivos para o cultivo de arroz.
16h - Confraternização.