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Mulheres ocupam 52% do quadro de pesquisadores da APTA

Lugar de mulher é onde ela quiser – inclusive na pesquisa agropecuária. Na Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA), da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, 52% do quadro de pesquisador científico é ocupado por mulheres, formadas, principalmente, em agronomia, biologia, medicina veterinária, zootecnia, química, engenharia de alimentos, engenharia agrícola e economia. Entre os servidores de apoio, que engloba área administrativa e de campo, elas são 39% do total. A APTA conta atualmente com o total de 612 pesquisadores científicos e 1.166 servidores de apoio.
 A presença das mulheres no corpo científico da APTA reflete uma tendência do País. De 2001 a 2015, o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) analisou os índices de mulheres na ciência baseado no recebimento de bolsas de iniciação científica, mestrado, doutorado, pós-doutorado e produtividade em pesquisa, oferecidas pelo CNPq em todo o Brasil. Dados de 2015 mostram que as mulheres são maioria em todas as modalidades de bolsa, exceto a “Produtividade em pesquisa”, que elas ocupam 36% do total de pesquisadores.
 No Dia Internacional da Mulher, comemorado em 8 de março, a APTA mostra depoimento concedidos por quatro servidoras, que atuam em diferentes áreas e Institutos de pesquisa. A ideia é dar voz às servidoras da Agência que contribuem diariamente para o sucesso da pesquisa agropecuária paulista e do agronegócio brasileiro, além de inspirar outras mulheres a lutar e ocupar seu espaço na sociedade. 
Gisele Anne Camargo, diretora do Departamento de Gestão Estratégica e diretora da Rede NIT-APTA. Desenvolveu tecnologia inédita para extração de cafeína da casca do café sem o uso de solventes. Tecnologia está em processo de patente.
“Formei-me em 1997 em agronomia na Universidade Federal de Uberlândia. Minha sala tinha 40 alunos e éramos em apenas seis mulheres. Durante este período não tive grandes problemas, mas vivia em um ambiente bastante machista, em que as mulheres precisavam sempre se posicionar, o que demandava mais esforço. Hoje, esta situação tem mudado. Em alguns cursos de agronomia as mulheres são até mesmo maioria na sala de aula.
Ainda na faculdade, me interessei pela área de processamento de alimentos, o que me levou a cursar o mestrado em engenharia agrícola na Universidade Estadual de Campinas e doutorado em tecnologia de alimentos, também na Unicamp. Ingressei como pesquisadora do ITAL em 2007 para atuar no desenvolvimento de novos produtos para a indústria a base de frutas e hortaliças. No ITAL, o ambiente era mais igualitário, com número equivalente de pesquisadores homens e mulheres.
Atualmente, sou diretora do Departamento de Gestão Estratégica da APTA e diretora da Rede NIT-APTA, atuando na gestão dos Núcleos de Inovação Tecnológica ligados à Agência. Acho que as mulheres estão ocupando cada vez mais espaço nas instituições de ciência e tecnologia, mas ainda falta estarem à frente, em cargos de direção. Ainda nos dias atuais, participo de muitos eventos em que as mesas são formadas apenas por homens.  Isso precisa mudar.”
Josete Garcia Bersano, pesquisadora do Instituto Biológico (IB-APTA) na área de sanidade de suínos. Em 2017, foi homenageada pelo Instituto em virtude de seus trabalhos realizados em prol da cadeia produtiva.
“Formei-me em Medicina Veterinária em 1973, em uma turma que só tinham três mulheres. Éramos discriminadas, pois nas aulas práticas, consideradas mais difíceis, os homens sempre ficavam na nossa frente, impedindo que participássemos. Eles nos olhavam como se dissessem para eles mesmos ‘Se virem, não quiseram se formar em uma profissão de homem?’. Nós, porém, mostrávamos que éramos iguais, ou até mesmo melhores que eles nas notas.
Quando assumi meu cargo de médica veterinária concursada pela Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo e fui trabalhar na Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (CATI), em novembro 1973, em Ibitinga, interior paulista, os produtores me olhavam e questionavam ‘Será que essa mulher vai dar conta?’. Mas quando íamos a campo, eles sentiam que nós podíamos ocupar aquele lugar, realizando o mesmo trabalho que qualquer homem. Depois de quatro anos trabalhando na área, ocasião em que me transferi para o Instituto Biológico, não sentia mais esse questionamento.
Casei-me com um homem que poderia muito bem me sustentar, mas minha carreira veio em primeiro lugar. Quando tive meu filho, foi difícil, mas consegui aliar trabalho e família.
Eu acredito que a mulher não pode se anular, tem que ir pra cima, tem que trabalhar lado a lado com o homem. Não é questão de concorrência, é questão de ocupar o seu lugar.”
Mariângela Cristofani Yaly, pesquisadora do Centro de Citricultura do Instituto Agronômico (IAC), uma das responsáveis por desenvolver a primeira cultivar de tangerina 100% brasileira.
“Ingressei no Centro de Citricultura do IAC em 1992 para trabalhar com biotecnologia e venho atuando desde então nesta área e em melhoramento genético convencional de citros.
Há 20 anos, eu e a pesquisadora Valdenice Moreira Novelli, iniciamos um trabalho de melhoramento genético convencional com o objetivo de agregar às laranjas características relacionadas a resistência à doença clorose variegada dos citros – CVC, também conhecida como amarelinho. A tangerina é resistente a esta doença, por isso, fizemos vários cruzamentos com laranja e obtivemos o total de 350 híbridos.
Quando iniciamos os ensaios em campo, eu e a pesquisadora Marinês Bastianel, percebemos que muitos desses híbridos poderiam se tornar materiais promissores. Depois de muitos testes, em diversas regiões do Estado de São Paulo, lançamos no ano passado a IAC 2019Maria, primeira cultivar de tangerina 100% desenvolvida no Brasil e também a primeira cultivar de citros do IAC protegida no Serviço Nacional de Proteção de Cultivares (SNPC), do Ministério de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA).
Para a escolha do nome desta cultivar, recebemos sugestões dos servidores do Centro de Citricultura IAC, que também votaram no nome que mais os agradava. A escolha de “Maria” se deu por representar bem o Brasil e temos sentido que o público percebeu esta nossa intenção.
Quando iniciei minha carreira como pesquisadora, encontrei dificuldades para atuar junto aos produtores. Mas, acredito que isso ocorria por eu estar em inicio de carreira. Hoje, essa situação mudou bastante. Eu e minhas colegas somos bem recebidas pelos produtores que sabem da importância do nosso trabalho e veem o resultado daquilo que propomos.”
Valmira Cruzeiro, técnica na Unidade de Pesquisa e Desenvolvimento (UPD) de Jaú. Ministra cursos de produção de cachaça artesanal e em 2017 organizou a primeira edição do concurso Cachaça com Ciência.
“Entrei na APTA como auxiliar de apoio a pesquisa em 2011 e com o auxílio da doutora Gabriela Aferri, chefe da UPD de Jaú, decidimos colocar em prática algo que valorizasse e revitalizasse a cultura da cachaça. A partir disso, começamos a fazer treinamentos para os estagiários e então canavicultores e pessoas de fora da instituição passaram a se interessar em aprender a produzir cachaça artesanal na APTA.
Sempre contei com o apoio da minha família e da doutora Gabriela para continuar a atuar nessa área, que apesar de não parecer, é bastante ocupada por mulheres. Tem muita mulher envolvida na produção de cachaça. Em diversos eventos, a maioria das palestrantes são mulheres. Existia, sim, um preconceito, tanto de homens quanto mulheres, com a cachaça, que era relacionada a uma bebida destinada a pessoas de baixo poder aquisitivo e considerada um produto de má qualidade. Hoje, com a divulgação, principalmente na internet, a cachaça está em alta e refinada, mais elaborada. Hoje, é um luxo dizer que a cachaça é brasileira.”

Por Fernanda Domiciano e Giulia Losnak
Assessoria de Imprensa – APTA
(19) 2137-8933

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