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Plantio direto do tomateiro: sustentabilidade do agricultor na cadeia produtiva

O plantio direto do tomateiro é uma técnica simples, mas que exige planejamento da área e do sistema produtivo, e sem dúvida viabiliza a sustentabilidade do produtor na cadeia de produção do setor, de acordo com o pesquisador Roberto Botelho Ferraz Branco do Polo Centro Leste/APTA Regional da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo. No estudo “Plantio direto do tomateiro”, ele cita a existência de área experimental com quatro anos seqüenciais de cultivo do tomateiro em plantio direto em rotação com plantas de cobertura. Assim, no outono/inverno, é cultivado o tomateiro e, na primavera/verão, são cultivadas plantas de cobertura, “com resultados bastante promissores”.
No preparo e correção do solo, é necessário a subsolagem da área, em caso de compactação sub-superficial, para romper a camada compactada e proporcionar condições físicas ideais para o crescimento radicular, explica Branco. É necessário também que se faça a correção da acidez, elevando a saturação em bases a 80%, com aplicação de calcário.
No início da adoção do plantio direto, a incorporação do calcário e o preparo do solo são realizados de forma convencional, com opções de aração e/ou gradagem da área, assinala o pesquisador. “A partir de então, não se realiza mais o preparo do solo e a incorporação do calcário por diversos anos consecutivos. No entanto, é necessário o monitoramento da fertilidade do solo por análises químicas para aplicação do calcário, mas somente em superfície sem incorporação no solo.”
É bastante controverso o efeito do calcário no perfil do solo sem que haja incorporação em camadas mais profundas, com a utilização de arados ou grades, conforme alerta Branco. “Resultados de pesquisa mostram maior reação do calcário, quando não incorporado ao solo, nos primeiros cinco centímetros do perfil do solo.”
Ele recomenda a aplicação de gesso em superfície para disponibilizar o cálcio em maiores profundidades, pois o gesso desloca com facilidade no perfil do solo.
Rotação de culturas
A rotação de culturas no plantio direto do tomateiro permite diminuir a fonte de inóculos de pragas e doenças pertinentes ao cultivo, diz Branco. Também contribui para a produção de massa seca, assegurando qualidade ao sistema.
A formação da palha geralmente é feita pelas chamadas plantas de cobertura, que podem ser espécies gramíneas, leguminosas ou outras (nabo forrageiro, girassol etc.). As gramíneas têm a vantagem do sistema radicular fasciculado que permeia com maior facilidade os poros, melhorando a estrutura do solo. Já as leguminosas têm o benefício da fixação biológica do nitrogênio pela atividade simbiótica de bactérias do gênero Rhizobium com o sistema radicular.
A escolha da espécie também está condicionada à época de plantio que se deseja praticar, mostra o estudo. É que existem espécies adaptadas aos cultivos de inverno e outras aos cultivos de verão.
A quantidade de massa seca da parte aérea produzida também é variável entre as espécies, com valores de 3 a 12 toneladas por hectare.
Milho, sorgo, feijão e soja
O estudo aponta ainda culturas econômicas, como o milho, sorgo, feijão e soja, como espécies formadoras de palha. Elas podem ser rotacionadas com o tomateiro em plantio direto e tem o benefício do retorno econômico. “No entanto, estas culturas exportam nutrientes pelo produto colhido, diminuindo a reciclagem de nutrientes”, comenta Branco.
Resultados de pesquisa demonstram que o tomateiro produz muito bem em plantio direto sobre palha de crotalária e milheto, informa Branco. “As plantas de cobertura são roladas ou roçadas quando atingem o florescimento, sendo o período de semeadura até o florescimento variável entre as espécies e épocas de semeadura.”
O rolo-faca, a roçadeira e a própria colheitadeira de grãos, quando for o caso, são implementos que realizam o acamamento da massa produzida na superfície do solo, relata o estudo.
A rolagem das plantas de cobertura pode ser realizada de outra forma, como, por exemplo, por mourões atrelados ao trator, que são arrastados na superfície do solo, acamando as plantas de cobertura. Em pequenas áreas também pode ser feita a rolagem das plantas de cobertura, empurrando-as com os pés ou ceifando-as com podões.
O pesquisador ressalta, ainda, a viabilidade da técnica de plantio direto do tomateiro rasteiro industrial em reforma de pastagem, depois da dessecação da gramínea do pastoreio, como, por exemplo, a braquiária. “Em Goiás, maior estado produtor de tomate industrial, já existem casos de sucesso conduzidos neste sistema.”
Instalação e condução
No plantio direto, o transplantio das mudas de tomateiro é realizado sobre a palha remanescente do cultivo anterior, relata o trabalho. Para isso, são feitas pequenas covas proporcionais ao tamanho do torrão do sistema radicular das mudas, no espaçamento adequado para instalação e estabelecimento da cultura. O espaçamento convencional de cultivo do tomateiro é de 1,0m a 1,2m entrelinhas por 0,4m a 0,5m entre plantas.
Semeadoras de grãos de plantio direto ajudam no transplantio das mudas de tomateiro no campo, ao abrir linhas com disco cortante de palha no espaçamento entre linhas desejado. Também depositam o fertilizante de plantio em profundidade adequada, o que facilita o transplantio manual das mudas, dispensando assim a abertura de covas.
O sistema de condução do tomateiro estaqueado em plantio direto pode ser realizado da mesma forma que o cultivo convencional, mostra o estudo. Branco ressalta, porém, que, quando conduzido em fileira simples e na vertical, há maior eficiência no controle de pragas e doenças.
A fertilização do tomateiro em plantio direto segue a mesma recomendação do cultivo convencional, explica o pesquisador. “Mas, com o passar dos anos, muito possivelmente poderá haver diminuição na quantidade de nutrientes fornecidos às plantas.” Isto ocorre “devido principalmente à elevação do teor de matéria orgânica do solo e ciclagem de nutrientes proporcionada pela manutenção da massa seca das plantas de cobertura na superfície do solo, que gradualmente passa pelo processo de mineralização, disponibilizando nutrientes ao tomateiro”.
Manejo de invasoras
Após a rolagem das plantas de cobertura e antes do transplantio do tomateiro, realiza-se aplicação de herbicida dessecante sobre a vegetação de espécies de crescimento espontâneo em fase de estabelecimento, relata o estudo. Esta prática proporcionará bom tempo de controle da vegetação espontânea, evitando a competição com o tomateiro em sua fase inicial.
Com o crescimento da cultura, realiza-se, em caso de necessidade, outra aplicação de herbicida em função das espécies da vegetação espontânea presentes na área, explica o pesquisador. Nessa fase, também pode optar-se pelo controle mecânico por carpinas ou roçadeiras manuais das espécies da vegetação espontânea na entrelinha.
“O não-revolvimento do solo, o vigoroso crescimento das plantas de cobertura e a manutenção da palha na superfície do solo contribuem para redução do estabelecimento da vegetação espontânea”, observa Branco.
Sistemas de irrigação
De acordo com o estudo, a grande maioria do cultivo do tomateiro estaqueado é irrigada pelo sistema de sulco, no qual se abre sulcos nas linhas de plantio com desnível de 1% para que a água de irrigação percorra toda a lavoura, irrigando as plantas. Esse método no plantio direto é descartado devido à necessidade da sistematização dos sulcos no terreno de cultivo, que necessita do revolvimento do solo, o que descaracteriza o plantio direto.
Para Branco, a melhor alternativa para irrigação em plantio direto do tomateiro estaqueado é o sistema localizado por gotejamento. Ele oferece diversas vantagens sobre o sistema convencional por sulco, como, por exemplo, economia de água e de energia, aplicação de nutrientes via fertirrigação e redução da disseminação de patógenos de solo pela água de irrigação. A instalação das fitas gotejadoras é feita sobre a palha das plantas de cobertura remanescente na superfície do solo. No caso do tomateiro industrial, a irrigação por aspersão, como o pivô central, tem excelente desempenho.
Independentemente do sistema de irrigação, porém, o plantio direto tem grande benefício de reduzir o aporte de água ao cultivo em torno de 15 a 20%. Branco considera que “é uma redução significativa, devido principalmente à palha mantida na superfície do solo, que evita evaporação excessiva e a melhoria na estrutura do solo com formação e conservação adequada de macro e microporos”.
Mais informações podem ser obtidas com o pesquisador pelo e-mail branco@apta.sp.gov.br.
Veja ainda o artigo “Impacto do plantio direto de tomate no manejo de plantas daninhas” 
Assessoria de Comunicação da APTA
José Venâncio de Resende
Eliane Christina da Silva/Camila Amorim (estagiárias)
(11) 5067-0424

 

 

 

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