O sabor do pescado invadiu o Museu de Pesca de Santos na última sexta-feira, 1º de setembro. Como parte das atividades que deram início à 14ª Semana do Peixe, o espaço do Instituto de Pesca (IP-Apta), da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, recebeu o evento “Pescados Sustentáveis: uma experiência gastronômica responsável”. Organizado pela Aliança Brasileira pela Pesca Sustentável (ABPS), o jantar contou com a participação de cinco chefs de cozinha que preparam receitas especiais com pescados para as cerca de 150 pessoas que estiveram presentes.
De acordo com Simone Jones, gerente comercial da ONG Seafood Watch e membro da ABPS, o jantar foi idealizado para construir uma ligação entre chefs de cozinha, fornecedores e público a fim de chamar a atenção para o consumo de pescados sustentáveis.
“A ideia foi trazer produtos cedidos por fornecedores que adotam boas práticas para apresentar ao público geral, mostrando que existe produto sustentável disponível no mercado. A proposta é a de que temos que nos conscientizar e tentar escolher, como consumidor e como negócio, produtos sustentáveis. É preciso mostrar para o consumidor que, muitas vezes, um produto que é barato monetariamente traz consigo um custo associado, seja esse custo ambiental ou social”, disse Jones.
O conceito de pescado sustentável está relacionado às práticas de manejo, ao respeito aos estoques pesqueiros, ao impacto da pesca sob outras espécies e sob o próprio habitat, e também do ponto de vista social, como explica Cíntia Miyaji, professora do Centro Universitário Monte Serrat (Unimonte) e membro da ABPS.
“O pescado sustentável pode ser proveniente tanto da pesca extrativa como da aquicultura. Em relação à pesca extrativa, leva-se em conta, basicamente, se o estado do estoque daquela espécie é saudável, se não há captura de variedades ameaçadas ou mesmo se a pesca daquele tipo de pescado não afeta outras espécies ameaçadas. Também é considerado se a pesca não prejudica o meio, o habitat onde o aparato atua ou onde a pesca é efetuada”, pontua Cíntia.
Em relação à aquicultura, a professora da Unimonte destaca que a prevenção aos escapes e à introdução de espécies não nativas, bem como ao uso de químicos e à produção de efluentes contaminantes, são fatores determinantes para uma produção sustentável. “Existe todo um protocolo para essa definição baseado em um método científico, uma metodologia bastante consolidada que é proposta pelo Seafood Watch”, destaca.
Ao abrir as portas do Museu de Pesca para a iniciativa, o IP busca amplificar as informações sobre consumo responsável que chegam até o público consumidor. “Abrigar um evento com essa proposta dentro do Museu de Pesca é a forma que encontramos de chamar a atenção das pessoas para a necessidade de escolherem produtos com um valor agregado muito importante, que é o da sustentabilidade. É preciso que haja um esforço de conscientização do público consumidor nesse sentido. E poder realizar essa ação no dia em que iniciamos a campanha da Semana do Peixe, que tem exatamente o propósito de aumentar o consumo de pescados no Brasil, é motivo de alegria para todos do Instituto de Pesca”, disse Thaís Moron Machado, diretora do Museu de Pesca e assistente técnica de direção do IP.
Pratos sustentáveis
Durante o jantar, o público pôde provar cinco pratos, nos quais a estrela principal era o pescado. Preparadas pelos chefs André Ahn, Dario Costa, Eduardo Lascane, Eudes Assis e Felipe Cruz, as receitas tinham como característica em comum a preocupação com a sustentabilidade dos produtos utilizados.
O chef André Ahn trouxe como proposta o uso de vieiras, que são classificadas pelo Seafood Watch como “super-verdes”, ou seja, altamente sustentáveis porque são moluscos bivalves que não demandam ração, pois se alimentam de microalgas disponíveis no próprio ambiente e, por serem animais filtradores, melhoram a qualidade da água.
Já o chef Dario Costa utilizou a tilápia proveniente da aquicultura para preparar um ceviche especial, enquanto o chef Eduardo Lascane ofereceu o bacalhau, símbolo de uma história de recuperação de estoque pesqueiro, oferecido pela Bom Porto para ser servido ao público.
A prejereba seca, preparada seguindo uma tradição caiçara, foi a escolha do chef Eudes Assis, que trouxe uma receita de família para ser compartilhada durante o jantar. Enquanto isso, Felipe Cruz preparava um prato de salmão Verlasso, proveniente de uma pequena produção sustentável no Chile.
Secretaria de Agricultura apoia a Semana do Peixe
O jantar “Pescados Sustentáveis: uma experiência gastronômica responsável” foi o primeiro evento ligado à Semana do Peixe no Museu de Pesca e contou com a participação de diversos representantes da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, dentre eles Omar Cassim Neto, chefe de gabinete da Pasta, e José Valverde Machado Filho, titular da Codeagro (Coordenadoria de Desenvolvimento dos Agronegócios). Na oportunidade, eles foram recepcionados pelo diretor técnico de departamento do Instituto de Pesca, Luiz Marques da Silva Ayroza.
“O consumo de pescado deve ser cada vez mais incentivado e é um dos focos desta gestão da Secretaria de Agricultura. Este evento é muito significativo nesse sentido e demonstra o novo conceito do Instituto de Pesca, que busca parcerias para incentivar toda a cadeia produtiva da pesca e da aquicultura. É uma alegria muito grande representar o secretário Arnaldo Jardim e também o governador Geraldo Alckmin, que tem uma ligação muito próxima com o IP, já que seu pai foi pesquisador de carreira do Instituto”, disse Cassim.
Na ocasião, Ayroza e Valverde também fizeram questão de destacar a parceria entre Instituto de Pesca e Codeagro nas ações durante a Semana do Peixe. O dirigente da Codeagro ressaltou que a aproximação dos dois órgãos da Pasta será fundamental para o desenvolvimento e consolidação da cadeia produtiva do pescado no Estado de São Paulo.
“A sustentabilidade tem norteado todas as ações que envolvem a parceria entre o IP e a Codeagro nas diversas ações que estamos fazendo. Temos seguido a orientação do secretário Arnaldo Jardim e buscado integrar as políticas públicas dos dois órgãos, a fim de alcançar as premissas da Pasta ligadas à alimentação saudável e à segurança alimentar. Fazemos isso levando informação, desmistificando e apresentando os benefícios do consumo de pescado para a sociedade”, frisou Valverde.
Para o diretor do IP, a parceria com a Codeagro tem sido essencial para levar informação de qualidade até o público. “O Instituto de Pesca tem a expertise no desenvolvimento de tecnologias que colaboram para o ganho de produtividade dos produtores, mas também atua em questões que estão ligadas à qualidade do pescado que é oferecido para o consumidor final. E, nesse sentido, contar com a parceria da Codeagro, que tem uma penetração muito grande junto a esse público para difundir esse conhecimento, tem uma importância muito grande para nós”, finalizou Ayroza.
Por Leonardo Chagas
Revisão Márcia Cipólli
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