Em 1972, quando a ONU organizou a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano, em Estocolmo, seu maior objetivo era estabelecer uma data para relembrar o mundo sobre a finitude dos recursos naturais da terra. Quando falamos em preservação dos recursos naturais, já pensamos em prevenir o desgaste do planeta, o que levaria à sua destruição e a de todos os seres vivos.
A terra, apesar de ser o único planeta do sistema solar com condições propícias para a existência de organismos complexos, não dispõe de recursos inesgotáveis, pelo menos até levar um tempo (estimado em milhares de anos) para se regenerar. Se consumirmos desenfreadamente as fontes que a terra nos oferece, gerações humanas ficarão sem nada, correndo um sério risco de extinção. É tendo isso em vista que centros de pesquisa procuram avidamente por formas de sustentar a sociedade sem que isso signifique desgastar a terra. Citando Mahatma Gandhi: “Há riqueza o bastante no mundo para as necessidades do homem, mas não para a sua ambição”.
Contudo, alegamos que nossa intenção, ao comemorarmos o dia do meio ambiente, é salvar o planeta terra de sua destruição. Teríamos mesmo tamanho poder? Ao longo da história da evolução, a terra já viu cinco grandes extinções em massa. A mais conhecida é a dos dinossauros, ocorrida há 65 milhões de anos, na qual 75% dos organismos existentes foram extintos. O impacto de um meteoro com dez quilômetros de diâmetro levantou uma nuvem de poeira que cobriu o sol e escureceu o planeta por meses. A impossibilidade de fotossíntese levou os vegetais e organismos marinhos, que eram a base da teia alimentar global, à morte por inanição. Os animais que se alimentavam deles os seguiram na extinção, e os seus predadores naturalmente não poderiam durar muito mais. Os grandes grupos de répteis que governavam o meio terrestre, aquático e aéreo foram os mais afetados, uma vez que eram os que necessitavam de mais recursos para sobreviver.
Após a extinção de quase todas as criaturas que pesassem mais de dez quilos, uma vasta gama de pequenos seres vivos, que precisavam de pouco para se manter, começou a prosperar, reconstruindo o mundo. Entre tais criaturas estavam os mamíferos, que agora se encontram no topo da cadeia alimentar. O fim dos dinossauros pode parecer dramático, mas foi pequeno se comparado com a maior extinção em massa que a terra já testemunhou. Estima-se que 95% da vida que havia na terra foi extinta, há cerca de 250 milhões de anos, no final do período Permiano.
Talvez a melhor comparação já feita entre a extinção dos dinossauros e o possível destino dos humanos é o último capítulo do programa “Família Dinossauros”. No episódio, a extinção de uma espécie de besouro, devido ao desmatamento, cria um desequilíbrio ecológico que ocasiona uma superpopulação de um certo tipo de erva-daninha. O protagonista, Dino da Silva Sauro, torna-se o responsável por encontrar uma solução para tal desequilíbrio e o resultado é o extermínio, não apenas da erva-daninha, mas de todas as plantas. Em um planeta seco, a última chance é fazer chover. Numa tentativa desesperada, os dinossauros bombardeiam vulcões, aumentando a atividade deles de tal modo, que se cria uma espessa nuvem de poeira em torno da terra, que levará milhares de anos para se dissolver. O frio gera uma era glacial e todos os dinossauros são extintos.
Comicidade e absurdos à parte, o encerramento da série é uma alusão direta à atitude humana em relação ao meio ambiente, e um alerta sobre suas possíveis consequências. A terra, com certeza, se recuperará após a extinção dos humanos, pois não é ela que depende de nós, e sim nós que dependemos dela. Resta apenas saber se desejamos ter o mesmo fim que os dinossauros que nos antecederam.
Por:
Matheus Moori Batista – filósofo, escritor
Antonio Batista Filho – engenheiro agrônomo, pesquisador científico, diretor-geral do Instituto Biológico