A alta demanda por tubarões provoca impacto sobre as populações desses peixes, cuja captura vem crescendo, gradativamente, nas últimas décadas devido à valorização de sua carne e subprodutos. Esse é o tema da dissertação de mestrado “Identificação molecular, biologia e pesca de tubarões do gênero Carcharhinus (Chondrichthyes – Carcharhiniformes): uma contribuição para a gestão da pesca no estado de São Paulo, Brasil”, apresentada em novembro de 2011 por Rodrigo Rodrigues Domingues ao Programa de Pós-graduação em Aquicultura e Pesca do Instituto de Pesca (IP-APTA), vinculado à Secretaria de Agricultura e Abastecimento. A dissertação foi orientada pelo pesquisador científico Alberto Ferreira de Amorim.
O objetivo da dissertação foi a identificação molecular de tubarões do gênero Carcharhinus, capturados pela frota atuneira de São Paulo, bem como uma análise do impacto dessa pesca nas populações desses animais. O trabalho incluiu coleta e análise de cabeças de tubarões e de informações de dois cruzeiros de pesca, bem como o acompanhamento de desembarques da pesca comercial de espinhel entre 2009 e 2010, durante desembarques da frota atuneira que atua no sudeste e sul do Brasil.
O acadêmico pôde concluir que, do total de tubarões analisados, 50,5% pertenceram à espécie C. falciformis; 47,6% à C. signatus; 0,6% à C. brachyurus; e 0,3 à C. plumbeus. Outros gêneros também foram encontrados através das análises de sequências, de modo que 0,6% corresponde a Sphyrna zygaena e 0,3%, a Isurus paucus. Estes resultados revelam que, aproximadamente, 50% da captura são pertencentes à espécie C. signatus, que tem sua captura e comercialização proibida por lei (IN 05 MMA).
Domingues concluiu também que as maiores capturas do gênero Carcharhinus ocorreram entre 1971 e 1995, com a utilização do espinhel japonês, alcançando picos de até 362,4 kg. No segundo período, entre 1995 e 2009, as capturas apresentaram tendência decrescente, provavelmente devido à diminuição da abundância das populações da área estudada. Os maiores valores de captura foram registrados na primavera e verão.
Ainda segundo o autor, tanto a composição da captura quanto a abundância foram alteradas ao longo do tempo, pois estudos pretéritos mostram maior abundância da espécie C. longimanus, que não foi identificada nenhuma vez nesse estudo. A diminuição de abundância de C. longimanus também foi observada no Atlântico Norte, com uma redução de mais de 70%. Este fato levou a ICCAT (International Commission for the Conservation Atlantic Tunas), órgão responsável pela gestão de recursos migratórios do Oceano Atlântico, a proibir a captura e comercialização desta espécie em 2011.
A íntegra da dissertação está disponível em www.pesca.sp.gov.br, itens “Dissertações e Teses” ou “Pós-graduação”. Mais informações podem ser obtidas com o autor no e-mail domingues.pesca@gmail.com.
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